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“A cidade tem que estar em primeiro plano”, diz Colombano



“A cidade tem que estar em primeiro plano”, diz Colombano

O empresário Renato Sabino Colombano, 32 anos, é o presidente do PSB em Fernandópolis. A chegada de Márcio França ao governo do Estado o colocou em destaque no cenário político. Na quarta-feira, 4, ele recebeu CIDADÃO no Auto Posto Colombano, de onde comanda os negócios da família. Nesta entrevista ele abriu o coração e mostrou sua forma de fazer política. “Gosto de fazer política porque gosto de ajudar. O bônus na política é ver que no atual momento nós podemos ajudar diretamente o município de Fernandópolis que tem que estar sempre em primeiro plano”, enfatiza. Colombano nega a política de falar mal do outro, abomina traição e defende que a boa política se faz discutindo ideias. Veja a entrevista:

Você é presidente do PSB em Fernandópolis e o partido assumiu o protagonismo no Estado, com a posse de Márcio França no governo em abril. Qual a repercussão dessa mudança em sua rotina como político?
Esse protagonismo gera maior responsabilidade. O PSB com o Márcio França assumindo o governo do Estado, faz com que nós tenhamos maior preocupação com os rumos da cidade. E é isso que nós estamos fazendo no momento, buscando corresponder à altura para que nós possamos ajudar o município. E nós estamos fazendo isso. 
O PSB muda de patamar na política a partir desse novo cenário?
O PSB vem crescendo desde a época do Eduardo Campos que se lançou candidato a presidência. Infelizmente houve a tragédia e ele acabou substituído pela Marina Silva. E hoje o PSB é o que mais comanda estados no Brasil e com isso ganhou uma relevância muito grande, tendo na base do partido o socialismo. O Márcio tem muito isso, de tentar levar a todos o maior número de oportunidades. É isso, por exemplo, que estamos fazendo com a criação do polo da Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo) em Fernandópolis, dando oportunidade a quem não tem condições reais de fazer uma faculdade gratuita. É importante salientar que essa faculdade gratuita é para quem trabalha, porque é semipresencial, o que é um fator primordial. E é base do governador fazer com que até o final do ano todos os estudantes que saírem do ensino médio na escola pública tenham garantido sua vaga na Univesp. Isso é socialismo, isso é distribuição de renda, não necessariamente distribuir renda, mas distribuir oportunidades. 
A política tem o ônus e bônus. O que você contabiliza como bônus?
Contabilizar bônus na política é uma coisa complexa. Eu amo esta cidade, nasci e fui criado aqui, nunca ganhei um real com política. Gosto de fazer política porque gosto de ajudar. Eu vi isso dentro do PSB, que é um partido que ajuda um ao outro. Isso não vem só do Márcio, como do Bolçone (Orlando), pessoa que tenho maior admiração, ser humano maravilhoso. Essa forma de participação política que me fez aproximar do PSB que é o meu segundo partido. Estive no PTB por um período e estou no PSB há oito anos. Pra mim é relevante essa questão de estar no partido que demonstra que se preocupa com o próximo. Então o bônus na política é ver que no atual momento nós podemos ajudar diretamente o município de Fernandópolis. O governador já liberou, só nesse período, mais de cinco milhões para nossa cidade, incluindo saneamento. Então é altamente relevante. O bônus da política é ajudar. Se o município crescer, todos nós vamos crescer, gerar mais emprego, a cidade vai ter mais renda. Todos ganharão.
Na parte do ônus, o partido teve que reagir para desmentir boicote a Fernandópolis no anúncio de verbas pelo governador na semana passada. Já é parte da campanha eleitoral?
Já, já é parte da campanha eleitoral, infelizmente. Essa política que se pratica, de falar mal do outro, não é a política do PSB. Nós vamos nos defender, isso eu garanto, como nós fizemos, mostramos a verdade, nesse caso específico. Se depender de nós, não vamos agredir ninguém, porque política não se faz agredindo o outro. Política se faz discutindo ideias, participando, apontando soluções. Falar mal de outra pessoa não faz parte do caráter do Márcio, do Bolçone, muito menos do PSB de Fernandópolis.
O caso da Drads, como você classifica o episódio?
A Drads teve dois momentos. É bom deixar bem claro o que houve. Quando o Márcio assumiu o governo ele analisou todo o estado de uma forma geral, verificando todos os cargos. O próprio governador me ligou dizendo se haveria alguém que poderia assumir a Drads de Fernandópolis que fosse da minha confiança. No momento, não tinha em mente essa pessoa e se era qualificada para assumir o cargo. E nesse tempo achei essa pessoa, minha irmã (Nayara), porque ela tem essa capacidade, é qualificada, é formada na área da saúde e formada como advogada, tem experiência em ações sociais. Não foi o caso de chegar e indicar apenas. Ela passou pelo crivo do governo para assumir o cargo. No entanto, após o processo ter sido aceito, veio a greve dos caminhoneiros e com isso tudo ficou 10, 15 dias, parado. E quando voltou, com o fim da greve, nós tivemos essa surpresa. Eu recebi logo cedo a ligação do Valdomiro (Lopes, ex-prefeito de Rio Preto) perguntando quem era o Joao Sabino. Eu até disse a ele, é meu tio, porque tenho um tio com esse nome. Só depois, quando fui tomar pé da situação entendemos o que estava ocorrendo. Depois soubemos que foi uma pessoa dentro da secretaria que fez a indicação por causa do sobrenome e acabou o Márcio assinando essa nomeação que automaticamente, após constatar essa falha, foi corrigido e aí sim indicando a Nayara (Sabino Colombano Benez) como diretora da Drads. 
Nesse caso, você atribui a uma falha e não interferência política?
É difícil afirmar se houve interferência política ou se foi apenas uma distração. Mas, como estamos praticamente no período eleitoral, e como não há como comprovar, preferimos deixar como sendo mesmo uma distração. 
Há dois anos você estava com seu nome cotado para ser candidato a prefeito. No final, acabou fora da campanha. Que lição tirou desse episódio?
Acho que saímos mais fortalecidos, porque mantivemos a palavra do começo ao fim. Tudo que disse quando começou o processo eleitoral de 2016 eu mantive até o final das convenções, não mudei uma palavra. Tudo que falei, cumpri. É assim que trabalho, é assim no meu dia a dia e não é diferente no meio político. Não é porque se está no meio político que tem que fazer algo que você não faça na sua vida pessoal ou empresarial. Tudo que faço na vida empresarial levo para o meio político. Infelizmente aconteceu o que aconteceu, mas são águas passadas e nos fortaleceu. Nós vamos continuar, temos que ajudar Fernandópolis, objetivo é sempre esse. Não importa quem esteja prefeito. 
Pelo que já vivenciou na política, é possível falar em união?
(...pausa) Eu acho que a união política ela tem que se tornar real depois das eleições. Por que as pessoas pensam diferente. Eu penso de um jeito, você pensa de outro, então, você achar que uma pessoa seja o fator decisivo que agregue a todos é muito complicado e difícil. Porém, a união tem que vir depois do processo eleitoral. Eu vejo o atual prefeito, o André (Pessuto) sofrendo perseguições de pessoas que foram contra na campanha. Eu fui contra o André, mas hoje eu procuro ajudar. Não é porque a pessoa está prefeito, foi seu adversário, que vai ser sua inimiga. A união vem daí. Podemos discordar nas ideias, mas se for para o bem da cidade, temos que trabalhar juntos. É isso que não acontece com algumas pessoas da cidade que acham que se não forem elas a cidade fica em segundo plano. Não, a cidade tem que ser o primeiro plano, porque quem está lá ocupando a cadeira no cargo de prefeito, de vice, de vereador, é momentâneo. Não vou generalizar, porque tem muitas pessoas boas que trabalham pela nossa cidade, mas algumas pensam apenas em si e não no município. Por isso que algumas cidades, como Votuporanga, e nós temos que salientar, por um bom período teve um crescimento porque houve essa união, as pessoas podiam discordar, porém se é um benefício real para a cidade, vamos dar as mãos e trabalhar. É algo que aqui precisa ser feito e com urgência. União não pode ser da boca pra fora, tem que ser com atitudes. União é estar juntos para o bem da cidade, independente da forma que cada um pensa.
Em algum momento, chegou a pensar em desistir da política?
Já. Hoje não penso ser candidato, deixo bem claro. Penso é ajudar o município. Mas, já cheguei em vários momentos pensar em não colocar política dentro de casa. Mas, vamos mudando, somos uma metamorfose ambulante. No meio político, graças a Deus, fiz mais amizade do que inimizade. Pra mim, o princípio básico da política é esse, dialogar com as pessoas. 
A próxima pergunta seria exatamente essa. Na política, tem mais amigos ou inimigos?
Tenho mais amigos, não tenho dúvida alguma. Pelo menos esses inimigos não estão declarados. Eu sempre tive esse princípio. A única coisa que não aceito é traição. Por que você trair um ser humano, seja na vida pessoal ou na política, é complicado. Tem uma frase do Leonel Brizola que diz assim: “A política ama a traição, mas ela odeia o traidor”. Tenho ojeriza à traição. Ninguém é obrigado a fazer acordo, porque na política se faz muitos acordos, até pelo bem do município, do estado e do Brasil. Mas, se fez um acordo tem que cumprir. Ou, senão cumpriu o acordo, tem que ser homem ou mulher, sentar e conversar. Isso sim me fez pensar várias vezes em deixar a política. 
No anúncio do polo da Univesp, você fez questão de dizer que é preciso separar política do interesse da cidade. Como será sua postura na campanha eleitoral que vem aí?
Nós estaremos com o Márcio França e esperando a deliberação do partido. O que o PSB orientar vamos cumprir. Sou presidente do PSB de Fernandópolis e tenho total compromisso com o partido e com a cidade. Fernandópolis tem que ter a participação dos deputados. Hoje nós temos deputado federal, deputado estadual, porém, temos que ter mais deputados ajudando nossa cidade, quanto mais, melhor. Não adianta vir aqui pegar o voto e nunca mais voltar. Tem que pegar o voto, sim, mas tem que trabalhar e é isso, por exemplo, que o Bolçone está fazendo, dando resultado prático, honrando os votos que teve em 2014. 
Por que você acha que Márcio França vai ganhar e será melhor para Fernandópolis?  
Por que o Márcio tem estilo de governar diferente, ele se aproxima das pessoas. Ele se dá ao próximo. Eu nunca ouvi um não do governador. Sempre que conversei com ele, ele propôs trabalhar para viabilizar a ideia. Ele tem muita vontade de ajudar o interior paulista. Márcio está há três meses como governador e já ajudou com mais de cinco milhões. Qual governador fez isso no período de três meses? Por isso estamos trabalhando para aproximar cada vez mais o governo do Estado do município de Fernandópolis. 
E porque você acha que ele ganha a eleição?
Por que ele é determinado, cumpre palavras. E o Márcio é o candidato do Alckmin, quer queiram ou não. Quem escolheu o Márcio para ser vice foi o Alckmin. Cada dia que passa ele está sendo mais conhecido e com isso obtendo índices maiores de aprovação. A aprovação dele em um mês, de maio para junho, aumentou 44%. Quando o Márcio assumiu o governo ele era conhecido por 6% da população. Os dados mostram que ele vem crescendo. Por isso tenho certeza que ele vai ganhar essa eleição.