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A invenção da juventude



A invenção da juventude
“A invenção da juventude” foi o tema da palestra ministrada pelo professor Paulo Custódio de Oliveira para adolescentes atendidos pela Liberdade Assistida dentro do programa Juventude e Vida, ação da Igreja Católica. Aconteceu no centro pastoral da Igreja Aparecida, para um público estimado de 40 pessoas.

“O conceito de juventude é historicamente legitimado pelas condições ideológicas de cada tempo. Percebemos que os tempos pós-modernos emprestaram um significado diferente para essa faixa de idade que começa aos 14 anos. O neoliberalismo trouxe uma postura consumista para a idéia de juventude, que precisa ser eticamente considerado”, disse o professor.
Oliveira prosseguiu: “A individualidade de todo homem é construída pelo contingente. Isso pode parecer absurdo, pois nós nos sentimos diferentes do mundo que nos circunda, no entanto, somos formados por esse mundo, e o movimento histórico, que é o nosso tempo e o nosso espaço, não está conseguindo humanizar o contingente, e só assim é que o homem, em sua essência, conseguiria ser humanizado, de fato”.

De acordo com o pensamento do conferencista, “esse nosso espaço, o mundo que nos circunda, está repleto de objetos para o consumo, que nos reclamam a atenção, muito mais do que contato humano. Isso é evidenciado quando vemos pessoas que se realizam ao comprar um carro novo, que ao chegar em casa já vai direto para o computador, em busca de contato virtual pela internet, ao invés do contato humano a que me refiro”, enfatizou.

“O jovem em particular tem um duplo distanciamento. A sua tendência natural para a rebeldia, que é congênita, deixa-o sempre disposto para lutar pelo seu lugar no mundo, e ele encontra em nosso tempo, o respaldo do mundo informatizado que é pouco compreendido pelos adultos”, analisou Oliveira, antes de concluir: “A sociedade consumista pressiona a juventude a consumir para possuir uma identidade válida, o consumo legitima a individualidade”.

O pensamento do filósofo-professor da FEF encontra ressonância na avaliação da diretora da Fundação Casa em Fernandópolis, Andreza Spina, que em recente entrevista a CIDADÃO considerou que “o perfil do jovem do século XXI é difícil de se descrever. Em sua maioria é um garoto que não possui condições financeiras para consumir, mas vive um mundo muito consumista. No mundo consumista é lógico que ele vai querer ter várias coisas, e não pode, isso é evidenciado em nossas visitas às suas famílias. Há muita ansiedade nesses garotos, que também não possuem uma perspectiva de futuro, o que é muito triste. Ele é alheio a tudo o que nós propomos”, diz Andreza.