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A nova “cara” do PSDB



A nova “cara” do PSDB
Flávia Resende, 41 anos, vai comandar o PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira. Ela representa a nova “cara” do partido que tem como meta recuperar o protagonismo político. 
A eleição ocorreu, sem surpresas, domingo no Palácio 22 de Maio Prefeito Edison Rolin. Como era consenso, os tucanos elegeram a ex-secretária municipal de Educação, Flávia Resende, que é sobrinha do atual deputado estadual Gilmar Gimenes, para ocupar a presidência. 
A nova Executiva do partido ficou assim composta: Flávia Resende (presidente), João Tarlau (vice-presidente), Carlos Cabral (secretário), José Carlos Zambon (tesoureiro) e João Sabino Filho (delegado do partido à convenção estadual).
As eleições municipais de 2020 estão no radar do PSDB, que desde Armando Farinazzo não tem papel de protagonismo eleitoral em Fernandópolis. O partido já trabalha com objetivo de ter chapa na disputa à prefeitura em 2020. Palavra de Flávia Resende nesta entrevista ao CIDADÃO e Rádio Difusora: 
 
Em que momento nasceu esse desejo de ser presidente do PSDB?
Na realidade, esse desejo de ocupar espaço de liderança, de gestão, é algo inerente à minha personalidade. Gosto de desafios, de estar em lugar de comando. Temos que ter essa noção do que, de fato, a gente gosta de fazer. Então, isso foi algo que surgiu há dois anos na última eleição (municipal), quando manifestei para alguns colegas do PSDB que estão ali há muitos anos. Mas, ao mesmo tempo, ainda me sentia inexperiente na condução dos trabalhos. E foi isso que fizemos nestes dois anos, conversando, escutando, aprendendo, ganhando a confiança desses parceiros como o Cabral, Sabino, Tarlau e tantos outros que têm história dentro do PSDB, que caminharam junto com as adversidades e com o sucesso, desde o comando de (Armando) Farinazzo. Nesse momento, senti que estava preparada tecnicamente e já conhecia as histórias, os acertos e tropeços. E isso confluiu em termos de interesses partidários para essa definição.
Qual a “cara” que pretende dar ao PSDB faltando menos de dois anos para as eleições municipais?
E tenho muito zelo em dizer a palavra mudança, porque pode soar como uma crítica, mas não é a mudança criticando o que passou, mas olhando para a última eleição, estadual e federal de 2018. Nós precisamos criar novos mecanismos de trabalho. Então, não tem como não dizer a palavra mudança, não tem como não dizer a palavra que é o sonho dos colegas que estão ali há anos para que o partido volte a exercer esse protagonismo, principalmente na eleição municipal, que nos decepcionou na última quando não pudemos ocupar o espaço de fato e de direito que é do PSDB. Estamos conversando, trabalhando e não abriremos mão de exercer o nosso protagonismo. Vamos trabalhar com os nomes que o partido têm, as personalidades que possam vir para o partido e trazer esse espirito novo, que o João Dória consolidou dentro dos Diretórios. Ele (Dória) tem trazido um espirito de renovação, de mais tecnicidade, profissionalismo. Isso emerge no partido por conta da insatisfação do povo. Ficou muito evidente nesta última eleição. Mudança, protagonismo, inovação são conceitos que vão permear nossas atitudes, não minhas, mas de um partido. 
Nos bastidores, dizem que sua chegada ao PSDB é parte de um projeto político que já este sendo gestado para 2020. Confere?
O que posso garantir é que teremos o nosso candidato a prefeito, que vai sair de dentro do Diretório. Isso, posso dizer, é fato, vamos buscar o nosso protagonismo. Das conversas, dos bastidores, se ouve muita coisa, mas não há nada definido concretamente. Existem nomes, existem possibilidades, mas a eleição precisa ser muito bem pensada, principalmente em cima de números. 
Quando se fala em nomes, surge o de Gilmar Gimenes como potencial candidato a prefeito...
Sim, muitas pessoas me questionam a respeito do posicionamento do Gilmar. Até ele, acredito, muita gente tem questionado, mas algo que o Gilmar definiu é que ele tem até 15 de março esse mandato (deputado estadual) que foi imposto a ele pelo próprio grupo do PSDB para que a bancada execute algumas pautas extremamente importantes para gerar governabilidade para o governador Dória. Então, ele está muito envolvido com isso. O que ele prometeu é que, a partir de 15 de março, encerrando o mandato, os compromissos partidários, ai ele vai se voltar para Fernandópolis, vai avaliar, sempre de forma muito sensata, olhando para os melhores nomes, porque a eleição, vamos dizer a verdade, a gente tem que se preparar sim e temos feito isso. Mas, mudanças acontecem em 24 horas. Então seria imaturo da nossa parte nesse momento dizer que tem um projeto já fechado. Não existe nada fechado. Existem possibilidades que serão avaliadas no sentido do melhor que o partido possa fazer para Fernandópolis. 
Em relação à última eleição municipal, qual o sentimento que sobrou entre os tucanos?
Decepção, sem dúvida alguma. Quando a gente apoia um nome, se debruça no sentido de fazer um projeto de longo prazo. Sabemos que a política pública não acontece num período de quatro anos. Então, temos que pensar em continuidade, numa sequência de atos onde ninguém descontrua o que foi construído. E considerando que a cidade nunca conseguiu ter reeleição, o sonho desse grupo que se uniu e, no caso, o PSDB abriu mão do protagonismo para ser coadjuvante em nome de um projeto para Fernandópolis, de progresso que de fato pudesse acontecer, isso não se concretizou. O partido não se sentiu atendido nisso e acredito que ficou um sentimento de decepção.
Sobrou sequelas?
Talvez a experiência de não fazer novamente alianças que não possam prosperar para nossa cidade. A sequela é essa, com cada passo, com cada erro, precisamos aprender para lá frente poder acertar. 
No contexto da eleição municipal ficou evidente a divisão da cidade em três grupos, um deles formado por eleitores que rejeitaram os candidatos. Como avalia esse quadro? 
Na realidade Fernandópolis tem uma história onde os grupos ficam se alternando e brigando a cada eleição. É o que escuto e que acontece desde antes de nascer. Essa divisão de grupos e de poder se alterna, uma hora é o grupo A que comanda, outra hora é o grupo B. E não dá mais para continuar fazendo assim. Se o grupo A ganhou, tem que governar para o A e para o B. O que aconteceu é que a população se cansou desse processo e o que a gente precisa fazer é falar uma língua só, onde consiga atender os diversos interesses e grupos. Esse processo, no meu ponto de vista, considero extremamente ultrapassado.
E o que fazer para trazer de volta esse grupo que disse não para a política?
Precisamos ganhar essas pessoas, escutá-las. Acho que na política a maior lição que todo mundo teve nesse último pleito é que a minha geração foi muito omissa. Então acredito, a resposta foi: esse jogo não aceitamos mais, essa forma de governar não queremos mais. Chegou o momento dessa ruptura, de nós, de fato, olharmos para o nosso passado aprender e corrigir rumos para que no futuro a gente tenha uma política mais saudável para o nosso município, estado e país. 
Dizem que a política só tem a porta de entrada. Essa tese se aplica à você?
Olha, eu sempre tive um o discurso: não sou política, sou técnica. Gosto muito de estudar sobre a forma de oferecer o melhor serviço para o contribuinte. A forma correta de oferecer o melhor serviço não é a forma mais política. Às vezes as pessoas querem furar a fila, dar um jeitinho bem a brasileira, então, é quando falo que o povo também precisa se corrigir. Por que se formos corretos na aplicação da política pública, eu vou ter uma fila para atender. Eu gosto desse desafio, de pensar em soluções inteligentes para oferecer qualidade em educação e saúde, por exemplo. E a política está dentro disso, eu descobri com o tempo que não adiantava falar sou técnica, não sou política. A política está na nossa vida e quando recusamos falar de política, diz eu não gosto de política, estamos emburrecendo, porque não temos noção do quanto a política governa nossa vida. Hoje vivo outro cenário na vida privada, mas percebo que se a política não vai bem na minha cidade, minha empresa também não vai bem. Muitos dizem quando a gente se insere na política é que foi picada pelo bichinho. Não é que o bichinho picou, é que você entendeu onde está, então, porque não contribuir? É difícil sair, a gente se machuca, tropeça, mas no fundo a luta é necessária. Quanto mais as pessoas falarem de política, entender o processo, vamos ter uma população mais lúcida e também candidatos melhores. 
Estamos a menos de 600 dias das eleições municipais. É possível visualizar o cenário de 2020 ou é muito cedo?
É muito cedo para falar em nomes. Gosto também da surpresa, a gente torce para que pessoas novas entrem no cenário, mas ao mesmo tempo a gente precisa da maturidade, de quem conhece a governabilidade dos processos. O que posso afirmar como partidária do PSDB é que queremos ter o nosso candidato em Fernandópolis e vamos fazer tudo para que aquele protagonismo que o Farinazzo fez com que muitas pessoas sonhassem em ocupar um espaço no cenário estadual, volte a acontecer. O que pudermos colaborar para isso, vamos fazer...
A mulher Flávia Resende, agora presidente do PSDB, tem objetivos na política?
Eu diria que tenho sonhos grandes. No executivo municipal, passei por seis prefeitos, acho que aprendemos bastante sobre como é difícil governar Fernandópolis. Isso é uma coisa que precisamos amadurecer, não só os políticos, população também. Precisamos exercer mais o amor que temos por nossa cidade, temos ainda o costume de dizer que a grama do vizinho é mais verde. São valores e princípios que acho corajoso da parte da pessoa que assume o Executivo. Todo mundo devia olhar para essa cadeira com um pouco mais de união, menos interesse particular, mais interesse coletivo. Eu tenho sonhos políticos, coisas que quero realizar, mas é precoce antecipar alguma coisa. Hoje, o que posso dizer, é que vamos lutar para que a cadeira no Executivo seja ocupada por pessoas da nossa confiança do PSDB e da população de Fernandópolis.  Precisamos evoluir e crescer