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A nova voz da emoção no rádio esportivo



A nova voz da emoção no rádio esportivo
Adriano Rogério Monteiro, ou simplesmente Adriano Monteiro, tem 33 anos de vida e 15 de rádio. Nascido (em Votuporanga) e criado (Ilha Solteira, Jales) na região, ele é a grande revelação da narração esportiva nos últimos anos. Contratado pela Rádio Difusora (estréia neste final de semana na transmissão de Santos x Bragantino), Adriano quer levar ao ouvinte da região a emoção que aprendeu a encaixar na sua transmissão vibrante de partidas de futebol. Ele participará ainda do jornalismo da Difusora, no noticiário matutino e no “Rotativa no Ar”. Casado com Lidiane e pai de três filhos – Adriano Jr., Adolfo e Ayra – o radialista chega com muita vontade de vencer na nova experiência. E não esconde certa ansiedade e “um friozinho na barriga”.


CIDADÃO: Há quanto tempo você está no rádio?
ADRIANO: Desde maio de 1992, portanto no próximo mês completarei 15 anos na profissão. A primeira rádio em que trabalhei foi a Assunção, de Jales, onde fiquei de 1992 a 1996.

CIDADÃO: Você já fazia esportes, nessa época?
ADRIANO: Não. Quando comecei no rádio, eu fazia sonoplastia, técnica de som. Como eu gostava muito de esportes, fui me especializando e comecei a fazer reportagens na Rádio Assunção, cobrindo jogos de basquete, que era forte em Jales naquela época. Depois, em 1996, quando fui para Votuporanga, comecei narrar futebol para valer. Fiquei até 2001, sempre na área do esporte e narrando futebol. Em seguida, tive uma proposta de voltar para Jales, e lá fiquei mais um ano e pouco. Em seguida, fui para Jaboticabal, onde fiquei os últimos quatro anos.

CIDADÃO: E agora, você está chegando para ser o narrador titular da equipe de esportes da Rádio Difusora, comandada pelo mestre Livio Vono. Vai participar de outros programas?
ADRIANO: Na realidade, eu vim para trabalhar no jornalismo também. Participarei de um noticiário das 7h30 às 8h de um noticiário local e em seguida participarei do programa Rotativa no Ar, até às 10h. No esporte, participarei da equipe do Vono, aliás com estréia neste final de semana, no jogo Santos e Bragantino. Na segunda-feira, iniciarei a experiência no jornalismo.

CIDADÃO: Você disse que gosta de esportes. Mas o brasileiro, na verdade, gosta é de futebol. Dos outros esportes, como o vôlei e o basquete, a gente gosta “um pouquinho”. Então, vamos falar do futebol. Que tal a atual situação do futebol do interior paulista, depois da Era Farah na Federação Paulista?
ADRIANO: O futebol praticamente acabou no interior paulista, nesse período. Nesses quatro anos que fiquei em Jaboticabal, vi o time daquela cidade cair da série A-3. Em 2005, disputou a B-1, que agora é a 2ª Divisão – inclusive, este ano ele está na mesma série do Fernandópolis. Tive a oportunidade de narrar jogos da série A-2 para a rádio Canal 1 FM de Taquaritinga, uma cidade bem menor que Jaboticabal mas que tem um time na série A-2. Então, na verdade o que acontece é que em certos lugares há gente de dinheiro e abnegada que decide tocar o futebol às próprias custas, porque esse esporte está às moscas no interior. A tal restrição a jogadores maiores de 23 anos na 2ª Divisão faz com que os times simplesmente reúnam a molecada da cidade para entrar em campo com a camisa do time, só para não perder o direito de participar do campeonato paulista. Veja o que acontece em 2007 na nossa região: só tem o Fefecê na parada. Jales, Santa Fé, Tanabi e Votuporanga não vão disputar nada.

CIDADÃO: Antigamente, a gente via a garotada se dizendo torcedora do Fernandópolis, da Votuporanguense. Hoje, eles se declaram torcedores do Barcelona, do Milan, do Real Madrid...O que você pensa a respeito disso?
ADRIANO: Em primeiro lugar, os grandes craques brasileiros estão lá fora. Além disso, a televisão mostra uma overdose de jogos do exterior, e os programas de esporte gastam boa parte do tempo falando do futebol italiano, espanhol, inglês. É complicado. Veja o campeonato paulista deste ano: na minha opinião, foi um fiasco. Não é porque tem dois times do interior nas finais, não. Mas o público das partidas do último final de semana foi muito abaixo da tradição histórica. São semifinais do Campeonato Paulista, puxa vida! E além do mais, a TV Globo tem a exclusividade, porque ela vende os direitos de transmissão para outras TVs, mas essas não podem passar o jogo diferente daquele que a Globo escolheu para transmitir. Não há opção para o torcedor. Na TV a cabo, o torcedor tem que se conformar com campeonatos europeus. Por isso, a meninada de hoje cresce falando em Real Madrid, Manchester.

CIDADÃO: Quando você era menino, ia ao estádio ver a Votuporanguense jogar?
ADRIANO: Na verdade, eu nasci em Votuporanga, mas fiquei pouco tempo lá, na infância. Meus pais se mudaram para Ilha Solteira quando eu tinha um ano e meio. Quando me mudei para Jales, em 1987, acompanhei muitos jogos da Jalesense. Porém, chegue a acompanhar alguns jogos da Votuporanguense, especialmente o clássico com o Fefecê, que sempre bateu todos os recordes de público, era um derby sensacional, com muita rivalidade.
Também acompanhava muito jogo pelo rádio.

CIDADÃO: Como narrador, você transmitiu alguma partida inesquecível?
ADRIANO: Fiz em 2004 o jogo decisivo do Campeonato Brasileiro, Santos x Vasco da Gama, que foi jogado em São José do Rio Preto. Foi importante porque aquela foi a primeira vez que uma emissora da cidade de Jaboticabal transmitiu uma partida de Campeonato Brasileiro. O Santos foi o campeão.

CIDADÃO: Se você tivesse que comparar o seu estilo de narração com os nomes famosos do rádio, quem você mencionaria? Em quem você se inspirou?
ADRIANO: Gosto muito da Rádio Globo, ouvia muito o Osmar Santos. Hoje, um cara de quem eu gosto é o Oscar Ulisses, que tem um estilo legal. Não digo que seja parecido, mas me inspirei muito nele para narrar futebol. É um estilo que o pessoal de rádio chama de “foguete”, que é a narração rápida. Gosto também do Ulisses Costa.

CIDADÃO: E na TV, quem você admira?
ADRIANO: Gosto do Nivaldo Prieto, da Bandeirantes, e do Luiz Roberto, da Globo. Apesar de ser tido como o bambambam, o Galvão Bueno não é o cara que eu gosto de ver narrar. Ele já foi melhor, agora está muito tendencioso.

CIDADÃO: E os comentaristas?
ADRIANO: Na TV, hoje, há o domínio dos ex-jogadores. Não vou entrar no mérito dessa discussão, acho que não é o objetivo desta entrevista. Entre eles, admiro o Falcão, que é muito sensato. No rádio, tem o Paulo Roberto, o Mauro Betting, na minha opinião comentaristas que entendem muito de futebol.

CIDADÃO: Quais são os planos da equipe de esportes da Rádio Difusora para 2007?
ADRIANO: O primeiro objetivo é o campeonato da 2ª divisão, que começou há duas semanas. Amanhã, o time joga em Guariba, e vamos acompanhar o Fefecê enquanto ele estiver na disputa – e esperamos que seja até a fase final. A par disso, transmitiremos as finais do campeonato paulista e o campeonato brasileiro, que só acabará em dezembro.

CIDADÃO: Em relação ao jornalismo, o que você sentiu, à primeira vista, no Sistema Líder?
ADRIANO: Até comentei com o pessoal que há uma diferença muito grande no jornalismo que se faz aqui. Nenhuma cidade da região tem cinco horas de jornalismo como existe no rádio de Fernandópolis. Em outras cidades, você é simplesmente um noticiarista, que apenas lê o noticiário colhido nos jornais e na internet. Portanto, é um desafio para a minha carreira. Terei a chance de dar a notícia e expressar minha opinião. Outra coisa boa é que se trata de um rádio interativo, com a participação direta do ouvinte. Estou ansioso para começar, na segunda-feira. É uma coisa diferente, que dá até um frio na barriga. Mas, minha expectativa é boa.