O que move um grupo de pessoas se juntar em prol de uma causa? A resposta é simples e repetida à exaustão: Por amor aos animais. Foi essa força que motivou um grupo a se reunir e criar a Associação Pelos e Patas com a missão primeira de trabalhar em prol da conscientização da posse responsável, incentivo a castração e a adoção de animais abandonados. Sem estrutura financeira, o grupo não tinha como implantar um abrigo. Mas, quem pode fechar os olhos ao abandono, aos maus tratos? Apesar de não ser o foco do trabalho da associação, a Pelos e Patas tem feito o possível para socorrer as emergências. Com dívidas em clinicas veterinárias, o grupo se desdobra para conseguir recursos com a realização de eventos para bancar os custos. Embora seja reconhecida de Utilidade Pública a associação não recebe recursos públicos. Sobrevive do apoio da população.Para contar um pouco desse trabalho voluntário e desse amor pelos animais, a entrevista de hoje neste espaço é com a presidente da Associação Pelos e Patas, a comerciante Mayra Aparecida de Souza Del Grossi:
Como surgiu a ideia de criar a Associação Protetora dos animais Pelos e Patas?
Já existia um grupo de pessoas que se uniu pela causa dos animais, mas de forma informal. Dado a necessidade de buscar um melhor atendimento das autoridades nos casos de maus tratos no nosso município, na época a Maiza Rio (vereadora) agendou uma reunião na Câmara Municipal com este grupo de pessoas juntamente com o Promotor de Justiça (do Meio Ambiente), Delegado da Polícia, representantes do comando da Polícia Militar, Ambiental, Corpo de Bombeiros e do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses). Nesta reunião foi abordado a busca de um melhor atendimento aos casos de maus tratos aos animais, através de uma conduta uniforme entre estas autoridades. Mediante a relevância do assunto, diante das dificuldades, e de ter pessoas que ali amavam os animais, estas autoridades nos solicitaram para que formalizássemos a associação. O grupo aceitou este desafio e iniciou a associação através de muitas reuniões para decidir os objetivos, estatuto, normas, providenciar toda a documentação da Associação de Amigos em Defesa dos Animais Pelos e Patas.
O que move um grupo de pessoas a se reunir em torno de um projeto de proteção aos animais?
O elo que une estas pessoas em torno desse projeto é o amor pelos animais, diante de um quadro desafiador em ter tantos casos de animais abandonados, a mercê da fome, sofrimento, maus tratos...
Em 2011, quando a ideia começou a sair do papel, o objetivo da associação era atuar como polo de conscientização da população pela adoção e posse responsável. Deu certo?
Em contato com outras ONGs, com experiência em animais, tivemos essa orientação para ter o foco em conscientização da posse responsável, incentivo a castração e a adoção, e não o de abrir um abrigo, pois sem estrutura financeira não convém ter um abrigo, pois iriamos assumir responsabilidades de outros, iriamos “patinar” em cuidar de alguns animais, sendo que o problema é muito grande. Por isso, a orientação dessas ONGs com experiência foi o de realizar um trabalho de conscientização, orientação da posse responsável, do incentivo a adoção de animais e o foco na castração. Desta forma conseguiríamos maior resultado e abrangência no problema. Realizamos alguns trabalhos importantes na área da conscientização, através de palestras, trabalhos em escolas, empresas da cidade, folhetos, rádios, redes sociais...Também incentivamos muitas pessoas a procurarem castrações. Foram realizadas muitas castrações através da parceria da associação com o CCZ, incentivando pessoas também a castrar no particular. Fizemos feiras grandes, médias e pequenas de doações de animais, e continuamos neste foco, com a preocupação da adoção responsável. (A pessoa ao adotar tem que assinar um termo de responsabilidades, e em muitos casos tem a visita de algum voluntário para saber como está o animal no novo lar).
Mas, não dá para fechar os olhos para o socorro? Mesmo não tendo um local de abrigo, como é feito esse trabalho?
Este não era o foco, mas a associação começou a ficar conhecida e foram surgindo muitas solicitações. Fomos atendendo casos diante de tantas necessidades, animais de rua atropelados sofrendo, animais machucados, muitas vezes com as larvas “comendo vivo”, entre os mais variados casos. Sem estrutura financeira a associação foi assumindo compromissos em socorrer; mas o atendimento veterinário, que é feito em clínicas particulares é muito caro. Mesmo recebendo ajuda, é insuficiente, resultando no acumulo de altas dívidas. Não fechamos os olhos justamente por amar muitos os animais. Mesmo sabendo que não temos condições. Devido as contas em atraso, hoje a associação está mais restrita em socorrer, e precisamos muito da população para nos ajudar, pois não dá para fechar os olhos e nada fazer. O amor e o respeito aos animais falam mais alto. A associação tem um trabalho social desenvolvido ao longo do ano, onde realizamos venda de rifas, pizzas, almoço, feijoada, chá beneficente, e a convite da prefeitura participamos do Arraiá (julho) e Fernatal (dezembro).
Nestes oito anos de atividade da associação, o que mais estimulou o grupo a nunca desistir do trabalho?
Mesmo diante de pensamentos diferentes, são muito os desafios, principalmente as dificuldades financeiras frente a uma realidade fria, em que nos deparamos constantemente com tantos animais abandonados, vítimas de maus tratos, que por situações adversas precisam de um socorro. Mesmo se tornando, muitas vezes, difícil para quem ama os animais, ainda tentamos lutar por causa do amor que cada integrante, cada voluntário, tem aos animais, que nos une em prol a estas vidas, que muitas vezes em um simples olhar, clamam por socorro. Não desistimos por causa deste amor que sentimos pelos animais, cientes que eles precisam de cada um de nós. E também porque também contamos com a ajuda de pessoas que contribuem todo mês para a causa animal, depositando em nossa conta ou entregando a um voluntário. Não importa o valor. O que realmente conta é contribuição em favor de uma causa que são os animais.