Geral

A ponte do desenvolvimento



Dia 29 de maio de 1998: o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, chega a Rubinéia debaixo de uma abençoada chuva de outono. Ele iria descerrar a placa de inauguração da ponte rodoferroviária. Os cidadãos da região se aglomeravam debaixo das proteções de lona montadas para recepcionar FHC e sua comitiva de governadores, ministros, senadores, deputados, prefeitos e vereadores.

A chuva não espanta ninguém. Ao contrário, ela lava a alma daqueles que ousaram sonhar e lutar pela ponte. A chuva é simbólica. Ela representa o final de um ciclo e o começo de outro.Ela vem e leva todos os resquícios dos maus momentos, das noites insones, dos instantes de desesperança, das horas em que estivemos prestes a desistir.

O então presidente atravessa a ponte, de trem, no sentido Aparecida do Taboado/Rubinéia, onde é recepcionado no canteiro de obras da Constran, empresa responsável pela obras, por pelo menos 3 mil pessoas que se comprimem ao abrigo da chuva.

Passados 10 anos, o momento é de reflexão e de homenagem àqueles que tornaram possível o sonho da ponte rodoferroviária, sobre o rio Paraná e que liga Mato Grosso do Sul a São Paulo, lembrando que dois ilustres personagens, o deputado Roberto Rollemberg que leva o nome do trecho rodoviário e do senador mato-grossense Vicente Vuolo do trecho ferroviário, nunca serão esquecidos.

Assim também é importante dizer que seria impossível destacar neste artigo tantas e tantas personalidades que acreditaram na construção desta importante obra de integração nacional e que recursos da ordem de R$ 550 milhões foram investidos. Mas é preciso lembrar que o governador Orestes Quércia deu a ordem de serviço e os governadores Fleury Filho e Mário Covas alavancaram recursos para o término da obra. Da mesma forma, é importante fazer justiça ao governo federal que liberou metade dos recursos.

Foram 28 anos de luta até 1998. Uma vida inteira de andanças, de fé e de esperança. Foram anos de dedicação, de sonhos e de trabalho incansável. Foi um tempo de reivindicações, grandes mobilizações, audiências, caravanas, promessas e frustrações... Houve tempo de desânimo, de impaciência e até de descrença. Mas, tal como Davi à frente de Golias, sabíamos que podíamos vencer. E vencemos. Eu e meus inúmeros companheiros, uma verdadeira legião de homens abnegados e dedicados a uma causa comum e maior, tínhamos como objetivo final a concretização do sonho: a construção da ponte.

Quando iniciei esta caminhada, não imaginei que sonhar um sonho durasse tanto tempo. Rogo a Deus para que os próximos embates políticos em favor da nossa região tenham resultados positivos mais rápidos. Valeu a pena sonhar e lutar.

Nesses tempos em que a integração Centro-oeste com o Sudeste se dá através dos trilhos e mais do que nunca os grãos daquela região irrigam a riqueza do Brasil, é sempre importante lembrar, 10 anos depois, no papel desempenhado pela imprensa regional.

Não houve economia de papel ou de boa vontade com esta causa. Mais do que nunca, o agronegócio continua a ser a verdadeira âncora da economia nacional. A imprensa, assim como todos os personagens dessa história que ainda não acabou – a luta continua pela extensão dos trilhos até Cuiabá o término de obras no local da ponte e a decisão de quem é, afinal, a responsabilidade pela sua manutenção – foram homenageados no livro O Sonho Realizado, publicado em 1998.

Às novas gerações, aos homens públicos, a lição de que é possível mudar a realidade desde que haja disposição e vontade de construir, lembrando que "as grandes obras não são realizadas pela força, mas sim pela perseverança".

*Edinho Araújo é prefeito de São José do Rio Preto