O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, apresentou nesta terça-feira (11/09), em Brasília, abaixo-assinado com 1,2 milhão de assinaturas contra a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF). O documento foi entregue durante Audiência Pública na Comissão Especial da Câmara dos Deputados que analisa o Projeto de Lei do governo que prevê a manutenção da CPMF e a Desvinculação das Receitas da União (DRU) até 2011. A posição da sociedade brasileira é contrária à prorrogação. O cidadão quer boa gestão dos recursos públicos e melhores serviços, destacou.
Também participaram da audiência dirigentes do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e Assessoramento de São Paulo (Sescon-SP), Ação Brasileira de Apoio ao Setor de Serviços (Abrasse), Fórum Permanente em Defesa do Empreendedor, Federação Nacional de Empresas de Serviços Contábeis e Assessoramento (Fenacon), Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e Assessoramento do Distrito Federal (Sescon-DF), Comitê de Jovens Empreendedores da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (CJE Fiesp), Núcleo de Jovens Empreendedores do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (NJE Ciesp), Grupo de Jovens da Câmara Americana de Comércio (GJ Amcham), Ação Jovem Pelo Mercado de Capitais (BM&F e Bovespa) e da Confederação Nacional de Jovens Empreendedores (Conaje). O movimento da sociedade civil contra a CPMF congrega cerca de 300 entidades em todo o Brasil, entre as quais também a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e a Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP).
No entender de Skaf, a contribuição é um tributo injusto que reduz a eficiência da economia. A CPMF recai sobre todos os preços. O governo deveria dar o exemplo à sociedade, cumprir a lei e respeitar a Constituição, que prevê o fim do imposto em 31 de dezembro, argumentou, ao lembrar que, desde 1996, quando essa contribuição provisória foi criada, a sociedade sempre manteve uma postura contrária à idéia.
Naquela oportunidade, a população foi tolerante e, mais tarde, também permitiu a prorrogação da CPMF por duas vezes. Os recursos seriam para a saúde. Depois de onze anos, a alíquota subiu de 0,20% para 0,38%, e o foco na saúde se perdeu, enumerou. Skaf afirmou, ainda, que o argumento do governo afirmando ser a arrecadação um tributo indispensável ao equilíbrio fiscal, não convence a opinião pública. Na verdade, por ser regressivo, ele penaliza mais quem ganha menos. Assim, o assalariado, mais uma vez, sofre nas mãos do governo, alerta Skaf.
Na sua exposição, o presidente da Fiesp ressaltou que a previsão de aumento de receitas da União chega a R$ 60 bilhões este ano. Em 2007, a arrecadação, extra, poderá superar a casa dos R$ 70 bilhões. Dessa forma, não vejo qualquer motivo para a manutenção da CPMF. Os recursos são mais que suficientes para o governo manter todos os programas em andamento. Isso tudo sem falar no ganho de eficiência para a economia, opinou Skaf. Ele lembrou que, com o fim da contribuição, cerca de R$ 40 bilhões entrariam em circulação na economia brasileira no ano que vem, gerando empregos e renda.
VITÓRIA NO SENADO
Questionado, ao final da audiência, sobre a expectativa da votação no Congresso Nacional, Skaf disse que a influência do governo na Câmara dos Deputados torna o cenário desconfortável nessa Casa. No entanto, ele ponderou que a expectativa de sucesso no Senado é muito grande. O líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Carlos Pannunzio (SP), ressaltou durante audiência que as bancadas tucanas na Câmara e no Senado deverão votar contra a PEC 558/06, que prorroga até 2011 a cobrança da CPMF. "No início estávamos em dúvida, mas, agora já percebemos todos os inconvenientes dessa cobrança nos dias de hoje. Se o governo melhorar os gastos públicos, não sofrerá com a perda desse tributo", afirmou o parlamentar.
Os Democratas também já fecharam questão contra a CMPF. As duas legendas, assim, somam 30 parlamentares no Senado. Para a manutenção do tributo são necessários que, pelo menos, 48 dos 81 senadores se manifestem de modo favorável em duas votações. Ou seja, para que a prorrogação não seja aprovada, apenas outros quatro senadores de partidos da oposição, como o PSOL (que soma mais um senador), precisam votar contra a medida. Segundo Skaf, Já temos os compromissos dos senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE), Mão Santa (PMDB-PI) e Expedito Júnior (PR-RO), sem falar de outros que aguardam decisões partidárias para sentirem-se liberados e, também, votar contra a CPMF, uma vontade já expressa pela sociedade que os elegeu. Na contabilidade de Skaf, portanto, já há 35 votos favoráveis, o suficiente para derrubar as intenções governamentais.
Também participaram da audiência pública os economistas José Roberto Afonso e Raul Veloso, especialistas em contas públicas, e o presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), Gilberto Amaral. Roberto Afonso lembrou que a CPMF é um tributo pouco utilizado no mundo. Atualmente, somente países da América Latina mantêm fórmula semelhante. Ele afirmou que o caráter cumulativo faz com que o instrumento onere, sobretudo, as cadeias produtivas mais longas.
Já Raul Veloso ressaltou que, com a redução dos gastos correntes, o governo poderia eliminar a CPMF. Segundo ele, desde 1985, os gastos do governo cresceram 112%, contra uma expansão de apenas 43% do PIB. No mesmo período, os investimentos públicos caíram 57%, enquanto subiram fortemente despesas com assistência social (1.361%), INSS (342%), saúde (120%) e pessoal (85%). O tributo reduz a eficiência e a capacidade de crescimento da economia, alertou.
Por fim, Gilberto Amaral disse que a CPMF é um tributo que prejudica os mais pobres, que usam todo o seu dinheiro para o consumo. Segundo ele, o tributo consome, em média, sete dias de trabalho do brasileiro. O tributarista destacou ainda que a CPMF retira, anualmente, R$ 626,41 de cada família brasileira.
No entanto, os argumentos apresentados pelos expositores não sensibilizaram o relator da proposta do governo que prevê a prorrogação do tributo, deputado Antonio Palocci (PT-SP). Embora, em sua manifestação tenha reconhecido a qualidade dos estudos apresentados pela Fiesp e o trabalho em defesa dos interesses da sociedade brasileira do seu presidente, Paulo Skaf, o ex-ministro da Fazenda, depois do encontro, assegurou, em entrevista à imprensa, que irá lutar pela manutenção da CPMF.
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