Mesmo com todos os cuidados que se possa tomar em pescarias, sempre há algum risco, porque o imponderável se encarrega disso.
Certa vez, minha equipe de pesca fez uma viagem na Chalana Juruanã, no Rio Paraguai, subindo-o em direção ao Parque Nacional do Pantanal. À medida que o barco ia subindo, nossa chalana escolhia um local para o pernoite e ali ancorava. Logo cedo, nós saíamos para pescar nos botes, voltávamos para o almoço, e assim por diante.
Bem, numa dessas paradas o comandante escolheu uma ilha no Rio Paraguai. Como de praxe, a chalana ficou ancorada e amarrada a árvores.
Deviam ser 11h30, por aí, o almoço ainda não estava pronto, e o Marrote me convidou para descer e beber uma cerveja em terra firme. Pegamos uma latinha cada um, descemos do barco, sentamos num tronco de árvore caído e ficamos batendo papo.
Quando a cerveja acabou, propus: Vamos beber a bordo?, fazendo um trocadilho com a novela Bebê a bordo que a Globo havia exibido tempos antes. Não havia outro remédio e o Marrote topou. Logo o cozinheiro anunciou que o almoço estava servido. Enquanto comíamos, ele, o cozinheiro, ficou no corredor do convés. De repente, deu um grito: - Nossa Senhora! Corremos e vimos, no exato local onde eu e o Marrote estivéramos sentados dez minutos antes, uma bruta sucuri.
O Marrote ficou pálido, creio que eu também. Alguém considerou que, se nós ainda estivéssemos por lá, ela não iria sair da água e se dirigir até o tronco caído. Pode ser. Mas eu é que não pagaria pra ver...