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A vitória do comprometimento e da responsabilidade



A vitória do comprometimento e da responsabilidade

O fernandopolense Luis Othávio Rocha Pavanelli, que vai completar 19 anos no dia 19 de fevereiro, iniciou a semana comemorando o resultado de uma preparação intensa e tensa: conquistou uma das concorridas vagas para o curso de Medicina da Famerp – Faculdade de Medicina de Rio Preto – que está entre as mais conceituadas do Brasil. A receita da vitória é simples: comprometimento e responsabilidade. Toda a preparação para o vestibular ele fez no Colégio Anglo. O nome de Luis Othávio apareceu na lista da Famerp em 31º lugar com pontuação acima de 90. Antes já tinha comemorado outra vitória ao ser aprovado no vestibular da Fameca em Catanduva. Ele aguarda ainda o resultado da Unicamp, mas já decidiu: vai ser aluno da turma LIII (53ª) da Famerp. Já garantiu a matricula e está de malas prontas para Rio Preto. Luis Othávio é filho do casal Suzy Rocha e Eduardo Pavanelli. Nesta entrevista ao CIDADÃO, ele conta sua trajetória de estudos, a luta para vencer a ansiedade e a alegria da conquista:

Como foi a batalha para conquistar vaga no curso de Medicina da Famerp em Rio Preto, um dos vestibulares mais concorridos do País?
A batalha eu digo que começou quando troquei de escola, do 9º ano para o 1º colegial. Até então não tinha noção do que era vestibular e a dimensão da busca por esse sonho. Quando cheguei no Colégio Anglo tive um contato maior com essa preparação. No terceiro colegial, foi mais decisivo, porque é o ano da realização das provas dos vestibulares. Já tinha feito algumas provas como treineiro para ganhar experiência, mas é no terceiro colegial que são colocados em jogo todas as emoções, a ansiedade, a própria cobrança de resultado, no meu caso, a auto cobrança que sempre foi muito grande. Enfrentei nesta fase muitos problemas de ordem emocional, ansiedade, medo, porque é notório, a grande concorrência no curso de medicina, sobretudo, nas faculdades públicas onde a nota de corte é muito alta, a exigência é muito grande. No terceiro ano, infelizmente não consegui, não por falta de conteúdo, mas por questões emocionais que fui administrando depois com ajuda de psicólogo, com trabalho de coaching, ajuda de professores e da família. O cursinho para mim foi uma porta que se abriu e o que no início parece ser algo horrível, porque era um ano que poderia estar na faculdade, no final foi altamente gratificante, pela experiência, pela maturidade que se adquire para buscar seu sonho. Foi um trabalho árduo, de estudos diários. Aprendi lidar melhor com meu emocional e canalizar tudo isso, não como algo negativo, mas a meu favor para ter um bom desempenho nas provas. Acho que foi esse conjunto de fatores, os professores, coordenadores, mantenedores, o meu papel de comprometimento, de responsabilidade, de me organizar no estudo, o apoio da família, que foi a base, e dos amigos, além de controlar a cabeça.

A preparação exigiu vencer a ansiedade e o medo e controlar a cabeça

A medicina sempre esteve no seu radar. Em que momento surgiu esse sonho?
Desde muito novo a minha bisavó perguntou pra mim e para meu primo o que a gente iria ser quando crescer. Na época eu já falava medicina, sempre houve esse interesse e essa fascinação que tenho aumentou quando minhas duas primas se formaram médicas e pude acompanhar o trabalho, a rotina delas. Desde muito cedo foi o que me conquistou.
Como definiu a estratégia para atingir essa meta?
Eu pesquisei muito sobre estratégia de estudo de pessoas que já tinham sido aprovadas e percebi que era uma coisa muita relativa. Cada um tinha a sua maneira de estudar, de se organizar e uma rotina diferente. O que é comum em tudo isso? É organização. Você precisa colocar no papel aquilo que precisa fazer, tem que manter uma rotina regrada e sentar para estudar e aplicar a técnica de você melhor aprender. No meu caso, eu estudo me ensinando, então eu utilizo lousa, falar em voz alta para captar toda a informação que está sendo passada e tudo que quero reter como conteúdo. Independente da forma que se usa para estudar, senão houver organização é impossível. Em relação a atividades fora do estudo, nunca fui uma pessoa de sair, sempre fui mais caseiro, mas o estudo não me impediu de fazer o que gostava como tocar o meu próprio instrumento ou até ir a festas de família, sair com os amigos. Não precisa se isolar, o isolamento passa a ser prejudicial. Precisamos ter uma válvula de escape para liberar toda a tensão e ansiedade.   Consegui equilibrar o tempo de estudo com o tempo de lazer.
Você se mostra muito focado nas metas. Quando começou a fase de vestibulares, como organizou esse período?
A fase dos vestibulares é a mais tensa. Quando passa parece que não foi nada, mas aquele momento para quem vive, é muito tenso. São provas longas, seguidas, que desgastam. Aconteceu comigo de ter três dias seguidos de provas. E é um período que tem que se controlar com resultados que muitas vezes não são bons, para não prejudicar os próximos, de entender que esse vestibular passou e que tem focar no próximo. Tem a dificuldade de lidar com vários modelos de provas e é preciso ter jogo de cintura, as viagens longas para Londrina, Catanduva e tantas outras cidades. E tem a apreensão, porque você está testando sua preparação de anos.
O resultado da Famerp saiu essa semana e seu nome apareceu no topo da lista, muito próximo de gabaritar a prova. Estava confiante nesse resultado?
Sim, tinha muita confiança no resultado da Famerp pela correção dos meus testes quando descobri que havia acertado 75 questões de 80. Isso já é uma nota de aprovação. Todavia as questões abertas são sempre uma dúvida, porque depende do corretor, embora a gente saiba que a correção é técnica, segue critérios, mas fica a apreensão se o que você colocou foi suficiente. A Famerp é um vestibular muito concorrido, por isso a nota de aprovação é praticamente 90% da prova. Foi mais ou menos a nota que passei. Ela exige o mínimo de erro possível. Eu estava confiante, mas quando vi o resultado, a nota de redação, as questões abertas que me deixaram apreensivo, fiquei chocado, mas ao mesmo tempo a gente pensa como valeu a pena a preparação, cada dia, cada batalha, cada hora de estudo.  Quando a gente vê o resultado de toda sua produção, é muito gratificante e é resultado de uma preparação.
Aguardando mais algum resultado de vestibular?
Estou esperando o resultado da Unicamp que vai sair no dia 10 de fevereiro. Fiz uma boa prova e tenho confiança em um bom resultado. 
Já fez a opção pela Famerp ou prefere aguardar para escolher depois?
A Famerp é a segunda Universidade em que fui aprovado esse ano. Eu já tinha obtido aprovação na Fameca (Catanduva) que é uma universidade particular. Fiz esse vestibular para me preparar para a Famerp que era um dos meus grandes alvos. O resultado positivo da Fameca me ajudou muito para o resultado da Famerp, me deu confiança. Com esse resultado posso dizer que vou ficar em Rio Preto. É a minha decisão, independente do resultado de Campinas (Unicamp).
Já está desenhando na cabeça como vai lidar agora com a nova etapa que vai começar?
Já começa que vou mudar de cidade, vou ter acesso a outro conteúdo, nova rotina. Sobretudo na Medicina vou começar a trabalhar com pessoas que é uma responsabilidade imensa, os desafios que virão, mas tem dois objetivos que tenho comigo e que dá certo em qualquer situação, o comprometimento e a responsabilidade. Não tem jeito de não dar certo.
Você disse que a medicina vem da infância. Já pensou a área que pretende se especializar? 
Acho que toda a criança vê em um profissional, sobretudo, naquele que ela se vê quando crescer, um herói. Como criança a gente não tem essa distinção. Então o médico, de maneira geral, era visto como o grande herói. A partir do momento que começarmos a ter o contato com o mundo da medicina dentro da faculdade, que é o local onde a gente vai ficar mais antenado nas especialidades vamos ter uma decisão mais fiel, porque teremos acesso ao conteúdo de cada especialidade. Mas, temos algumas afinidades. Atualmente, eu tenho interesse grande pela área de neurocirurgia. Mas, a decisão final será na faculdade.
A quem você dedica essa conquista?
Essa conquista dedico a várias pessoas. Cada uma me ajudou de uma maneira diferente. Em primeiro lugar, minha família, porque é a minha base, o meu alicerce. Em segundo lugar, toda equipe que estava por trás de mim. A gente não é nada sem os professores que estão na sala de aula todo dia. Um dos pontos mais importante que se deve falar é que não se faz educação sem valorização dos professores, porque são os formadores de todas as profissões. Além de estarem ali nos ensinando, são os que torcem e formam vínculos. Então é preciso reconhecer. E também os amigos que estão com você nos momentos tristes e alegres. E também reconheço que tenho uma parcela de responsabilidade nesta conquista, com o meu comprometimento. Por isso divido isso com todos. É uma conquista que tem vários agentes.

A gente não é nada sem os professores que estão na sala de aula todo dia
 

Que tipo de médico você quer ser?
É uma pergunta que se faz muito e até porque você quer ser médico. A medicina não é só uma profissão. A medicina é um estilo de vida, uma filosofia. Hoje eu sinto falta em muitos profissionais de um pouco humanidade. Todos sabemos que como médicos a gente tem que ser mais racional possível, visto que o envolvimento pode atrapalhar muito e atrapalha. Mas, mas está faltando empatia, um vínculo maior de amizade entre médico e paciente. O paciente precisa de alguém em quem ele possa confiar e o médico tem que passar essa confiança. A medicina é rica e bonita por causa disso. Quando você trabalha com ser humano, tem que ser humano.

Quando você trabalha com ser humano, tem que ser humano

Já está sonhando com seu primeiro dia de aula?
Já. Todos que foram aprovados em todas as universidades tem essa expectativa, como será o primeiro dia de aula. A gente espera começar com o pé direito, ser bem recebido pelos veteranos, pelos professores e poder fazer um bom trabalho nestes anos de estudo para que possamos ser profissionais de competência, responsáveis e comprometidos.