Polícia

Advogado de motociclista que atropelou criança de 1,4 ano fala sobre acidente



Advogado de motociclista que atropelou criança de 1,4 ano fala sobre acidente

No sábado, 27, o grito de desespero de uma mãe ecoou pelos quatro cantos da cidade. Era Heliana Souza, ao ver seu filho Manassés, de apenas um ano e quatro meses no chão, já desfalecido, após ser atropelado por uma motocicleta, na rua Ceará, bairro da Brasilândia. Uma fração de segundos foi suficiente para tirar o sorriso do rosto de uma família feliz e transformar em uma tristeza profundo que contagiou Fernandópolis por inteira. 

Ainda não se sabe o que de fato aconteceu, a polícia deve concluir o inquérito nos próximos dias. Porém, o tribunal das ruas e das redeis sociais já julgou e condenou tanto o motociclista, que fugiu do local do acidente, como os pais da criança por, “terem se descuidado”. 
Sem procurar culpados, CIDADÃO tentou ouvir os dois lados. Pessoas ligadas à família de Manassés disseram que Heliana e Diego Henrique, seu esposo e pai do menino, não teriam condições de falar sobre o assunto no momento. Desde o acontecimento, Heliana está sob efeito calmantes e antidepressivos.
Do outro lado, Agnaldo dos Santos, o motociclista, que desde o ocorrido está passando por tratamento psiquiátrico. Ele se apresentou na quarta-feira, 31, à polícia e também não conseguiu falar com nossa reportagem, mas autorizou seu advogado, Welson Olegário, a nos conceder uma entrevista. 
De acordo com o jurista, o que aconteceu foi uma fatalidade e seu cliente não consegue dormir desde o ocorrido. Sobre a fuga, Welson explicou que Agnaldo não teria visto que atropelou uma criança e quando parou, dois quarteirões a frente, viu o tumulto que se formou no local e ficou com medo de ser linchado. 
“Quando você se envolve em um fato lamentável como esse, as reações variam de pessoa para pessoa e é muito natural e instintivo até, você querer preservar a sua integridade e foi o que aconteceu. Na hora ele não viu que era uma criança, mas quando parou um pouco a frente e viu a aglomeração de pessoas, ficou meio perdido, sem saber o que fazer, desnorteado e instintivamente, por medo, ele se evadiu, agora querer explicar isso é muito complexo, eu não consigo e creio que ninguém também consiga”, disse o advogado. 
Ainda segundo Welson Olegário, quando Agnaldo soube que se tratava de uma criança, ele entrou em choque e desde então não consegue tocar no assunto.
“Não cheguei a conversar com ele no dia, pois ele estava muito debilitado, incapacitado até de se expressar, em choque. Ele falava até em suicídio, pois não aceitava que ele tinha tirado a vida de uma criança. Só consegui conversar com ele no dia da apresentação, que ele já estava um pouco mais calmo”, completou. 
Sobre as acusações de que seu cliente estaria em alta velocidade e/ou embriagado Olegário afirma que isso seria tecnicamente impossível e que a perícia é que vai apontar. 
“Não tinha como ele estar em alta velocidade. No local há uma grande valeta, ele tinha acabado de passar por ela e estava começando a acelerar, então a própria perícia vai ver isso. É lógico que uma criança que bate numa moto, por mais devagar que ela esteja o impacto é grande, ela é pequena. Sobre álcool, não acredito que ele estivesse dirigindo embriagado até porque ele está sob tratamento de uma gastrite e por conta da medicação não pode ingerir bebida alcoólica”, afirmou.   
Por fim, o advogado disse que Agnaldo se colocou à disposição da família de Manassés. “Ele pediu para que eu entrasse em contato com a família da vítima, já que ele não consegue fazer isso no momento, para ver no que se pode ajudar nesse momento, se é que pode ser feita alguma coisa. Eu encontrei com o pai do garoto na delegacia, uma pessoa muito pacífica, de bem, eu já o conhecia da cidade, uma pessoa de boa índole, assim como o Agnaldo também, são todas pessoas do bem envolvidas em uma fatalidade muito grande”, concluiu. 
INQUÉRITO 
Como a autoria do atropelamento era desconhecida, o caso é apurado pela DIG – Delegacia de Investigações Gerais -, de Fernandópolis. Procurado, o delegado responsável pelo caso, Ailton Canato, não quis falar sobre o andamento das investigações. 
Como Agnaldo se apresentou espontaneamente a polícia e não houve flagrante ele irá responder pela morte de Manassés em liberdade.