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“Ainda falta consciência”, diz urologista no Novembro Azul



“Ainda falta consciência”, diz urologista no Novembro Azul
Os brasileiros já estão se acostumando com os meses coloridos, é o Setembro Amarelo (prevenção ao suicídio), Outubro Rosa (prevenção ao câncer de mama) e agora o Novembro Azul, que trata sobre a conscientização dos homens sobre a prevenção ao câncer de próstata. 
Quando o assunto é se cuidar ainda falta muita consciência para os homens. De acordo com o Urologista e professor do curso de medicina Armando José Gabriel, mais de 51% dos homens nunca foram a um urologista, o que vem mudando gradativamente, graças a campanha. 
Em entrevista ao CIDADÃO, o especialista fala sobre os cuidados necessários, sintomas e tratamentos do segundo câncer que mais mata homens no mundo, perdendo apenas para o câncer de pulmão. Acompanhe:
 
Como médico da área e professor de medicina, como o senhor avalia a importância da campanha Novembro Azul?
Fundamental. Esta campanha inteligente foi iniciativa do Instituto Lado a Lado pela Vida e começou em 2011. Hoje, oito anos depois, tem grande conhecimento da população, o que ajudou em muito a divulgar e educar os homens a se cuidar, não só da próstata, mas da saúde como um todo. E por que dedicar uma campanha a uma doença como câncer de próstata ao invés de outras várias doenças? Por um motivo técnico: números. Este é o segundo câncer mais comum no homem (só perde para câncer de pele) e o segundo que mais mata (só perde para pulmão). Em 2018 foram 68.220 novos casos diagnosticados e morreram 15.391 pessoas por esta doença no Brasil. A cada 41 homens, um irá morrer desta doença. São dados oficiais do INCA (Instituto Nacional do Câncer). Precisa mais?
 A campanha trata da conscientização. Ainda falta consciência dos homens em relação à prevenção em pleno século da tecnologia?
 Ainda falta. Infelizmente, no Brasil, 51% dos homens nunca foram a um urologista. Mas melhorou muito. Comparativamente à mulher, o homem se cuida menos. Geralmente procura o médico quando precisa. Ainda não entendeu que existem doenças relevantes, como o câncer de próstata, que não tem que esperar sentir algo para ir ao médico. É um tipo de problema que o diagnóstico precoce é a chave e nesta fase inicial de doença o homem nada sente. Se não vier fazer a prevenção deixará o bonde passar e será tarde demais.
 Quando o homem deve começar a se preocupar com a próstata?    
Hoje se recomenda 50 anos de idade, mas poderá ser mais cedo, aos 45 anos, caso existam fatores de risco como antecedente familiar de câncer de próstata e os afrodescendentes. O câncer de próstata é raro antes dos 40 anos. A idade média de diagnóstico do câncer de próstata no Brasil é 66 anos. E não tem segredo. Tem que ser submetido ao exame digital retal por um urologista e realizar o exame do PSA. Só esta combinação permite 80% de chance de descobrir o câncer da próstata.
Quais são os principais sintomas do câncer de próstata?
 Na fase inicial, nada vai sentir. Em fases mais avançadas poderá procurar o médico por sintomas urinários como jato urinário mais fraco, sensação de que não urina tudo, várias idas ao banheiro para urinar de dia ou de noite, sangramento na urina e, até mesmo, sintomas mais preocupantes como emagrecimento, fraqueza, dor nos ossos, que podem já anunciar uma doença alastrada e fora dos limites de cura. Infelizmente, ainda no Brasil, 20% dos pacientes têm o diagnóstico de doença em fase metastática (muito grave). Uma pena. Isto tem que acabar.
Como se dá o tratamento da enfermidade?
Hoje, 2019, o tratamento do câncer da próstata quando descoberto em fases iniciais é curativo. Por isso a importância da prevenção e das campanhas como o Novembro Azul. Existem cirurgias com tecnologia menos invasiva, incluindo o uso do robô. A própria radioterapia melhorou muito com aparelhos mais sofisticados que conseguem atingir a próstata sem agredir tecidos vizinhos sadios. Mesmo para casos mais avançados, existem hoje medicamentos melhores, que podem dar um conforto maior ao paciente.