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Alaor pede seriedade na administração pública



Alaor pede seriedade na administração pública
Estribado no indiscutível atestado de conduta que lhe confere a aprovação de sua gestão como presidente da Câmara Municipal de Fernandópolis em 2005, divulgada esta semana pelo Tribunal de Contas do Estado, o vereador Alaor Pereira Marques volta a ser assunto por conta do requerimento que apresentou na sessão legislativa do dia 29. Ele quer, nada mais nada menos, o impeachment da prefeita Ana Maria Matoso Bim. Nesta entrevista, o homem de origem humilde – foi pedreiro, engraxate, office boy e motorista – e que, aos 43 anos, casado com Nilce, tem quatro filhos, uma neta, um diploma de bacharel em Direito e o rótulo de comunicador de massas (é o apresentador do programa Rotativa no Ar, da Rádio Difusora), Alaor fala de sua vida, da carreira política e principalmente de Fernandópolis, uma cidade que ele defende com unhas e dentes.

CIDADÃO: Quando você ouve a palavra “Fernandópolis”, qual é o primeiro sentimento que aparece?
ALAOR: Fernandópolis significa a minha vida e a da minha família. Lutar pelo povo de Fernandópolis é a coisa mais importante do meu trabalho.

CIDADÃO: As pessoas gostam de citá-lo como exemplo de alguém que venceu na vida pelo próprio esforço, ou seja, você é um self made man. Isso lhe traz orgulho ou preocupação?
ALAOR: As duas coisas. Fico orgulhoso de ver que o meu sonho está sendo cumprido por etapas e, ao mesmo tempo, me preocupa o fato de que às vezes eu não consigo segurar a verdade, porque às vezes isso prejudica algumas pessoas. Muita gente tem maldade no coração, e isso me preocupa, mas não dá medo. Isso acontece tanto com o político quanto com o radialista.

CIDADÃO: Você tem a noção exata da responsabilidade social que tem, por ser um formador de opinião, que atinge as camadas mais humildes da população, pessoas que vêem quase que como dogmas o que você fala?
ALAOR: Isso aumenta minha responsabilidade. Houve momentos em que profissionais da comunicação divulgaram determinadas notícias que eu não dei. Aí, as pessoas me paravam na rua para perguntar se aquela notícia era verdade: “Você não falou!”, diziam. Então, eu tinha que explicar que não havia divulgado porque a notícia ainda não era oficial, etc. Na verdade, muitas pessoas em Fernandópolis esperam a minha confirmação no rádio sobre alguns assuntos. Veja como isso é grave. A responsabilidade é imensa.

CIDADÃO: Na quinta-feira, 31 de maio, você abordou no seu programa a questão do Tiro de Guerra de Fernandópolis, que será suspenso por dois anos. Você criticou a administração municipal, pela “inércia” no caso. Qual é a sua visão desse problema?
ALAOR: Será que essa suspensão por dois anos não é uma forma de dar a notícia aos poucos – a notícia de que perderemos definitivamente o Tiro de Guerra, provavelmente para Jales? O gato subiu no telhado...Não vai ser para Votuporanga porque lá já tem Tiro de Guerra. Uma boa administração faz a contrapartida. O que o Tiro de Guerra está sofrendo hoje em Fernandópolis é um calote, porque a prefeitura tem uma obrigação com o Exército Brasileiro, que não está sendo cumprida. Pior: é uma obrigação de natureza financeira, porque se tratam de materiais de consumo e manutenção. Ou seja: a prefeitura está inadimplente para com o Tiro de Guerra. Digo mais. O Tiro de Guerra mandou 21 ofícios à prefeitura, e nenhum foi atendido. Isso me preocupa muito.

CIDADÃO: Provavelmente todos os jornais deste final de semana trarão a notícia sobre o requerimento 190/2007, que você apresentou no dia 29 na Câmara, pedindo a convocação de uma reunião para estudar a possibilidade de propor o impeachment da prefeita Ana Bim. Por que você chegou a esse ponto?
ALAOR: Veja bem, eu fui o vereador mais votado de Fernandópolis – isso depois da diminuição do número de cadeiras de 17 para dez. Isso significa que aumentou minha responsabilidade, já que represento boa parte da população de Fernandópolis. E sei que a população da cidade não quer mais Ana Bim como prefeita. Essa é a realidade, qualquer pesquisa apontará isso. A rejeição é muito grande.

CIDADÃO: Será que essa “pesquisa” já não foi feita no primeiro sábado da Exposição, quando a prefeita levou uma sonora vaia?
ALAOR: A vaia não aconteceu apenas no dia em que ela tentou discursar. Também quando alguns artistas, como Edson e Hudson, citaram o nome dela simplesmente para fazer agradecimentos, o povo vaiou, à simples menção do nome da prefeita. O problema é que ela simplesmente não é capaz de administrar a cidade. Ela não tem o carisma para aglutinar em seu gabinete lideranças, empresários. Quem está perdendo com isso é a cidade, e se a cidade perde, perdemos todos.

CIDADÃO: Apesar de tudo há algumas coisas boas acontecendo, como a recente reunião do pessoal da Força-Tarefa do Porto Intermodal com a direção da Petrobrás no Rio de Janeiro. Criou-se um clima de otimismo porque existe a possibilidade do Alcoolduto passar por Fernandópolis, e houve entusiasmo da diretoria também pelo Porto Intermodal, que ofereceria alternativas ao transporte rodoviário, que é muito caro. Ora, a prefeita nunca apoiou esse projeto. Será que o problema dela não é falta de visão? Enxergar “lá na frente” não é a obrigação do bom administrador?
ALAOR: Como dizia o grande prefeito de Curitiba e depois governador do Paraná, Jayme Lerner, “as obras têm que ser feitas para o futuro”. Ele se referia a uma avenida que fizera, e que a população considerou exageradamente larga. O tempo e o trânsito mostraram que ele tinha razão. Então, a visão do administrador tem que chegar lá no futuro. A visão de Ana Bim é míope em relação às coisas da administração, ela pensa pequeno. Nós não aprovamos, até hoje, qualquer projeto de desenvoltura. Só aprovamos projetos de suplementação. Convênios de educação, saúde, etc. Mas não aprovamos nenhum projeto de vulto que seja propriamente da lavra do Executivo – simplesmente porque ela nunca apresentou qualquer projeto dessa dimensão.

CIDADÃO: A Câmara aprovou todos os projetos de Ana Bim?
ALAOR: Todos. Além disso, devolvemos dinheiro à prefeitura, antecipadamente, dinheiro do duodécimo. Mesmo dando R$ 150 mil para bolsas de estudos, R$ 70 mil para asfaltamento da via de acesso à AVCC, nós devolvemos R$ 120 mil para a prefeitura, para que aplicasse na escolinha de futebol amador. Também devolvemos R$ 40 mil para fazer o muro do cemitério. Ou seja, devolvemos em torno de R$ 400 mil para a municipalidade.

CIDADÃO: Você acaba de receber um documento do TCE aprovando sem restrições a sua gestão como presidente da Câmara no ano-base de 2005. Qual é a sensação?
ALAOR: Fico emocionado de poder dizer que me sinto com o dever cumprido. Ninguém administra sozinho uma instituição, seja ela qual for. É preciso ter um conjunto de pessoas capazes, e isso nós temos no Palácio 22 de Maio. Quando assumi a presidência da Câmara, no início de 2005, e decidi contratar um profissional da advocacia para ser o assessor jurídico, todo mundo dizia que eu estava contratando o melhor criminalista. O tempo e os fatos provaram que o Dr. Ricardo Franco de Almeida, além de ser realmente um grande criminalista, entende muito de Direito Administrativo. Eu o trouxe para a Câmara, porque precisamos de gente capaz. É preciso ter uma equipe em que se confie. Esse parecer de um órgão técnico confiável como o Tribunal de Contas do Estado me deixa feliz, mas isso era simplesmente a minha obrigação. É dever do homem ser honesto.