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Aos 39 anos, trabalho da Associação de Amigos não se esgotou, diz presidente



Aos 39 anos, trabalho da Associação de Amigos não se esgotou, diz presidente

O mês de abril será intenso para a Associação de Amigos do Município de Fernandópolis. A associação fundada em 1979 vai completar 39 anos no dia 10 e no dia 13 realiza o evento III Confraternização Municipal. Ao mesmo tempo soma esforços para começar a instalar as primeiras câmeras para iniciar o projeto de monitoramento da cidade que prevê um total de 16 câmeras instaladas. Essa ação se soma a outras que viraram ícones da história da entidade que se diz política, mas apartidária. O presidente da Associação, o cirurgião dentista Fernando Lyra é daqueles cidadãos que vieram para a cidade e aqui fincaram raiz. Chegou em 1986, vindo de Lins, recém formado em Odontologia. Aqui começou trabalhando com Márcio Carnelossi e Valdir Gouveia, numa clínica na Avenida dos Arnaldos. “Comecei a vida aqui e criei raiz”, diz. Nesta entrevista ao CIDADÃO, Fernando Lyra é categórico: “O trabalho da Associação de Amigos não se esgotou”. E diz mais: “A cidade há muito não tinha um alinhamento político como agora e precisa explorar isso ao máximo”. Veja a entrevista:

A Associação de Amigos do Município de Fernandópolis vai completar em 10 de abril 39 anos de fundação. Ela nasceu para ser moderadora em meio aos problemas políticos da época. Hoje como presidente, como o senhor analisa o papel?
Eu não vivi essa época, 1979. Esse termo moderador dá impressão que existe rixa política, conflito, e que ela vai moderar. Hoje não fazemos isso, de jeito nenhum. Desde quando assumi ou iniciei como diretor de cerimonial por duas vezes antes de assumir a presidência, isso na gestão do João Tarlau e do Jesiel Macedo, nunca percebi isso. Por outro lado, eu entrei na Associação de Amigos numa fase nova da situação política de Fernandópolis, quando houve essa conjunção, prefeitura, câmara, deputado estadual e deputado federal. Pelo que sei, há décadas a cidade não vive isso, até ficou para trás em comparação a nossa vizinha, porque lá teve isso na década passada e foi onde ela deslanchou. E agora chegou a nossa vez. Não percebo conflito político evidente aqui. É lógico que o ser humano é muito heterogêneo e, por melhor que esteja a política em Fernandópolis, e está, vai ter gente que não está contente por diferentes razões. Isso é próprio do ser humano. Noto que tem muito mais gente a favor, do que contra. E é importante isso. O dia que for todo mundo a favor, tem alguma coisa errada. É ditadura. Então, a função da Associação de Amigos no meio político é esse. A prefeitura não tem olhos para tudo e se a associação percebe, mobiliza por alguma ação. O importante é a rede de contatos a partir dos atuais diretores, ex-diretores, isso forma um público formador de opinião muito grande. E essas pessoas conhecem pessoas, que conhecem pessoas e isso soma para ajudar o Poder Público constituído no que for necessário. Essa é ideia.
A própria associação quando implementa ações como, por exemplo, a Confraternização Municipal, no fundo tem o objetivo de propor uma discussão sobre esse lado solidário da cidade? 
Tem. Mas isso é uma questão que escapou das normas e diretrizes da Associação de Amigos, mas acabou dando um resultado muito bom. Se lermos o estatuto da associação, não somos uma entidade filantrópica assistencial. Consideramos que existem muitas entidades que fazem esse tipo de serviço. E não existia nenhuma entidade política. Digo, política apartidária. O ex-presidente Jesiel Macedo, juntamente com o João Tarlau e outros resolveram fazer há quatro anos esse primeiro encontro. E como disse, isso não é função da Associação de Amigos, mas fez, deu tão certo, teve uma repercussão tão boa, que surpreendeu a todos, que ai resolvemos fazer a segunda e já vamos para a terceira. Em 2016, não houve o evento por conta da gripe H1N1 (suína). Esse evento apresentou resultados exponenciais para as entidades assistenciais que a gente não previa. A ideia era até singela, de homenagear as entidades que prestam um serviço social que o poder público não alcança e essas entidades, que tecnicamente chamamos de terceiro setor, fazem um pente fino nessa área. 
Esse evento jogou luz neste trabalho das entidades?
Sem dúvida, o trabalho desse terceiro setor era desconhecido. Eu mesmo não sabia que Fernandópolis tinha mais de 80 entidades sociais que de alguma forma prestam um serviço social. E esse ano vai ter mais de 90 entidades, porque receberemos entidades de cidades da região. Esse evento foi tão inédito e deu tão certo que São José do Rio Preto copiou e fez exatamente a mesma coisa no mês passado. A única coisa de diferente lá é que eles permitiram que as entidades comercializassem produtos e artesanatos e isso por enquanto a gente está resistindo um pouco. Não estou dizendo que isso seja errado, é que simplesmente não sabemos lidar com isso e vamos fazer esse próximo evento no molde que a gente sabe fazer. E se for o caso, nos próximos anos podemos pensar em mudar alguma coisa.
Na história de 39 anos, a Associação de Amigos tem alguns símbolos: a construção do primeiro Edifício da cidade, a mobilização para viabilizar o projeto da Usina Alcoeste, a luta pela terceira faixa da Euclides da Cunha, entre outros. O trabalho mais recente é o projeto de monitoramento da cidade...
Exatamente isso. A Associação de Amigos, como entidade política, visa prestar assessoria e realmente usar a rede de influência para grandes conquistas, como foram citadas, desde José Pontes na fundação em 1979. Muitas vezes, ouvimos de colegas de clube, que as ruas estão cheias de buracos, não tem mais bandeira nos mastros da cidade. São queixas fundadas, mas com todo respeito, o poder público já tem gente suficiente para ver isso. Não vamos na prefeitura para dizer que a rua está com buraco, etc. A ideia toda, é mobilizar por projetos que realmente façam alguma diferença para a totalidade do município, conforme vimos fazendo desde a fundação e que estamos promovendo agora. A criação desse Plano de Monitoramento vêm de histórias de cometimento de crimes contra cidadãos fernandopolenses e que, se tivesse um sistema de vigilância como o que está sendo implantado, seria muito mais fácil o esclarecimento e coibição também. O criminoso de modo geral não é bobo, sabe os locais que estão desprotegidos. A partir do momento que a gente tiver as 16 câmeras instaladas, já estamos com seis câmeras, uma instalada e cinco guardadas que serão instaladas nos próximos 40 dias, vai ajudar muito as Polícias Civil e Militar e por tabela, todos os munícipes. Uma outra coisa que precisa resolver é a marginal da Rodovia Euclides da Cunha interrompida por causa da Elektro, o transtorno que aquilo causa para todo o setor industrial de Fernandópolis. Aquilo não desce na garganta de nenhum fernandopolense. Precisamos cutucar. Então é isso, são projetos que realmente fazem a diferença.
O seu mandato vai até julho. Qual a avaliação que faz do trabalho concluindo esse projeto de monitoramento da cidade?
Bem entendido que isso não é um trabalho apenas de uma gestão. Esse projeto que começou batizado como Sentinela vem desde a gestão do Adelson Marques, de outros presidentes. Por ser um projeto grande você não consegue desenvolver apenas em uma gestão. A terceira faixa não conseguimos numa gestão. Vai terminar minha gestão no meio do ano, estou satisfeito com o andamento do projeto, e ainda não teremos as 16 câmeras instaladas. Vai passar para o próximo presidente.
Quando o senhor cita que um projeto não se conclui em uma gestão, é o que falta para Fernandópolis, ou seja, não há continuidade de gestão no Poder Público?
Eu acho que na história da humanidade essa continuidade é muito difícil de acontecer, a não ser quando um partido se firma no poder por três, quatro gestões, o que aconteceu com Votuporanga. Senão, é comum prefeito e vereadores que entram gastarem 50% do mandato consertando coisas do passado, aos olhos deles. Isso custa tempo e dinheiro. Quando está tudo em ordem, já se foi metade da gestão, então se na próxima eleição não dá certo de seguir o mesmo ideal político, isso é rompido de novo e é ruim para Fernandópolis e para qualquer município. Sou de Lins e a cidade sofreu isso também por décadas. De 86, ano que cheguei aqui, até agora, nunca teve um alinhamento político tão bom quanto agora. Vamos explorar isso ao máximo. Temos os deputados Pinato e Gimenes e até acho que poderiam ter feito coisas diferentes aqui ou acolá, mas eu brinco e digo que isso é igual extrato bancário, débito, crédito e saldo. Se pegar as ações dos dois deputados, prefeito e vereadores, e comparar as colunas de débito e crédito, tem muito mais crédito do que débito. Pisaram na bola algumas vezes, pisaram, consertaram, mas de modo geral, Fernandópolis está tendo o que não teve em gestões anteriores. Agora, tem que não goste. Essa é a gestão que temos e que a Associação tem prá lidar e é com ela que nós estamos conseguindo algumas coisas para a cidade.
O senhor acha então que o trabalho da Associação de Amigos não se esgotou?
Não se esgotou, não se esgota, porque sempre numa cidade há alguma necessidade que quando tem uma associação deste tipo e que está ali, não para brigar, se confrontar, com a gestão do município, e sim para somar, a cidade só ganha. Antes do atual prefeito era Ana Bim, Luiz Vilar e a Associação sempre existiu e sempre trabalhou com todos de acordo com o contexto da época. O que nós temos no cenário político de Fernandópolis? Temos Vilar? Temos Ana Bim? Temos André Pessuto? É com eles que vamos trabalhar. Se depois não deu, houve deslize, ninguém tem bola de cristal, não dá para prever o que vai acontecer na gestão. A gente trabalha com ela, com a melhor das boas intenções possíveis. Não existe ideia de confrontar, mas sim a ideia de trabalhar junto para o bem de Fernandópolis. Se para isso temos que falar com o político A ou B, partido A, B ou C, direita, esquerda, transverso, oblíquo, vamos falar. O governante tem que fazer o dever de casa. Se no decorrer do processo ele se corrompe, como já ocorreu na história do município, do estado e do Brasil, a associação vai deixar de existir por causa disso? Não, a Associação de Amigos está aqui, está ajudando a atual gestão, vai ajudar as vindouras, porque esse é o propósito para o qual ela foi fundada. 
Na fachada de seu consultório tem uma frase em que o senhor manifesta confiança no Brasil e gratidão a Fernandópolis. É isso mesmo?
É sentimento de gratidão ao Brasil e a Fernandópolis. Tive oportunidade de morar mais de um ano, nos Estados Unidos, um pais muito desenvolvido, principal potência econômica e militar do planeta. Instintivamente a gente compara o nosso pais com outros e a gente vê que eles tem muitas coisas boas, mas também tem muitas coisas ruins. O nosso pais tem uma coisa, do meu ponto de vista, que poucos têm que é essa irmandade entre povos. Fala-se muito em racismo no Brasil, mas pelo já vi lá fora, poucos são tolerantes com seus irmãos como nós somos. Temos exceções. Escrevi isso na fachada da minha clínica. Eu vim prá cá em 1986 e tudo que tenho hoje, todos os amigos, tudo que consegui de patrimônio que permite uma vida razoável foi graças a essa população de Fernandópolis, da região e do país que nós estamos. Então, sou realmente grato a todos. Procuro retornar a sociedade alguma coisa. Por mais que a gente trabalhe no Lions, na Associação de Amigos, isso não representa tudo que recebi de Fernandópolis.
Que mensagem o senhor deixaria a poucos dias do evento denominado Confraternização Municipal?
Eu digo o seguinte. Sabe quando a gente acorda em um domingo de manhã e pensa que precisa fazer alguma coisa, ajudar alguém, uma entidade e você não sabe direito onde ir e com quem falar? Então, no dia 13 de abril, a partir das 16 horas, é só comparecer no Plaza Eventos e vai conhecer entidades que você nem imaginava existir em Fernandópolis. E vai ter a oportunidade de se identificar com algum trabalho, simpatizar com alguma ação, e ter essa resposta interior. Isso é uma questão de foro íntimo. Isso é bom para os munícipes e para as entidades que estão lá. É difícil as entidades conseguirem mão de obra voluntária, pessoas para ajudar. E esse evento serve às duas pontas do trabalho. Serve para as instituições conseguirem mão de obra voluntária e serve para os cidadãos se voluntariarem em ações nas quais se identifiquem de coração. Serve também para as próprias entidades se conhecerem.