Geral

APARECIDA À VISTA



Neste domingo, treze de maio, Bento 16 abre em Aparecida a Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e Caribenho.
Anunciada há mais de cinco anos, decidida ainda no tempo de João Paulo II, longamente preparada, aguardada com muitas expectativas, finalmente tem início esta assembléia extraordinária dos bispos católicos dos 21 países representados no CELAM, o Conselho Episcopal, que há 50 anos tem a incumbência de promover a solidariedade e a união entre os bispos desta região.
A presença do Papa para a abertura da Conferência fortalece a ansiedade pelos inícios dos trabalhos. O cenário bíblico evocado por este clima de intensa expectativa pode ser comparado à alegre chegada dos peregrinos ao templo, depois de longa caminhada rumo a Jerusalém, tal como o descreve o salmista: “Que alegria quando ouvi que me disseram: vamos à casa do Senhor! Nossos passos já se detêm às tuas portas, Jerusalém!”.
Pois bem, com Bento 16 à frente, os bispos vão entrar no Santuário de Aparecida, o local carregado de simbolismo, escolhido pelo próprio Papa para este evento. Não resta mais nenhuma dúvida, finalmente chegou a hora.
Na verdade, a Igreja da América Latina entrou em compasso de espera. Todos querendo levar em conta o que vai vir de Aparecida. A CNBB, por exemplo, acaba de concluir sua assembléia, que neste ano deveria ser de renovação de suas diretrizes pastorais. Mas nada decidiu, para aguardar os desdobramentos de Aparecida.
Que virá de Aparecida?
Algumas indicações já podem ser identificadas com bastante certeza. Uma delas, sem dúvida, vai na direção da missão. Por diversos motivos, a Igreja da América Latina vem se sentindo desafiada a um novo impulso missionário. Ele é motivado pelas profundas mudanças acontecidas nos últimos anos, que exigem novas respostas pastorais. Essas mudanças incidem fortemente no campo religioso, que cada vez mais se liberta de laços tradicionais, para se definir a partir de opções pessoais. Isto leva a Igreja Católica a se sentir no compromisso de conseguir a adesão livre e consciente de uma multidão de pessoas que antes aderiam simplesmente por força de uma tradição que era inquestionável.
Desta primeira constatação nasce outra, que vem despontando como proposta que certamente será assumida pela Conferência de Aparecida. Trata-se da necessidade de uma formação mais consistente e melhor articulada com os valores evangélicos e com as situações da vida, a ser dada a todos os católicos, mas especialmente aos que são responsáveis pelos serviços pastorais nas comunidades. Esta orientação descortina uma vasta gama de atividades, que poderão imprimir um novo ritmo na vida da Igreja.
Ao lado destas constatações mais evidentes, permanecem interrogações sobre o impacto real que esta Conferência poderá produzir. Persiste a dúvida sobre o eixo central aglutinador, tanto da compreensão da realidade, como das respostas pastorais a serem dadas.
Outra pergunta feita com ansiedade se refere ao estado de ânimo que resultará desta Conferência. Pois dele vai depender, em grande parte, a recepção positiva dos seus encaminhamentos. Todos desejam que ela produza um clima de incentivo e de alegre acolhida de suas orientações.
Desponta também a esperança de que os grandes valores do Evangelho relativizem as pequenas questões internas da Igreja, para que todos se sintam animados e impulsionados para a missão, libertos de condicionamentos paralisadores de estruturas superadas.
Em todo o caso, agora as perguntas estão próximas de receber suas respostas. Esperamos que todas sejam contempladas.