Saúde

Após 70 dias, Fernandópolis não tem registro de óbito pelo coronavírus



Após 70 dias, Fernandópolis não tem registro de óbito pelo coronavírus

Em meio a curva crescente de novos casos de contaminação e de óbitos, Fernandópolis aparece no mapa do Estado de São Paulo sem nenhum registro de morte, isso 70 dias após registrar o primeiro caso positivo da doença. Essa situação é isolada no Estado, quando comparada a outras cidades na faixa de 70 mil habitantes. Quando a comparação se dá pelo número de casos, acima de 60 já confirmados (Fernandópolis atingiu a marca de 72 casos positivos nesta terça-feira), a cidade tem a companhia de apenas mais três municípios.

Enquanto os casos fatais pela Covid-19 atingem até pequenas cidades, como já ocorre aqui na região, Fernandópolis chama a atenção pela eficiência no tratamento dos pacientes e reduz o tempo de internação dos casos mais graves, o que garante baixa ocupação dos leitos da Unidade Exclusiva aberta na Santa Casa para atendimento dos casos de coronavírus.

Nesta semana, a vizinha Votuporanga, após registro de cinco mortes decidiu dar um passo atrás e não avançar na flexibilização. A cidade enfrenta alta taxa de ocupação dos leitos, apesar do número de contaminados ser menor que o de Fernandópolis.

Na lista das cidades paulistas que registraram mais de 60 casos de coronavírus e nenhum óbito, Fernandópolis é acompanhada por outras três cidades: Pirapora do Bom Jesus (com 17.646 habitantes). São Pedro (com 31.662 habitantes) e Igaratá (9.746 habitantes).

O médico infectologista Márcio Gaggini, que coordena uma equipe de atendimento aos pacientes e que conta também com o médico Mauricio Favaleça, dá ênfase ao esforço que está sendo desenvolvido pela Santa Casa de Fernandópolis, a parceria com a Unimed e também a rede de suporte formada pelo Cadip – Centro de Atendimento a Doenças Infectocontagiosas -, UPA, Samu, Vigilância em Saúde da Prefeitura, da Segurança Pública e dos serviços essenciais que enfrentaram com coragem essa pandemia.

“Não ter registro de morte é uma felicidade para nós. Tivemos caso de paciente com 50% de comprometimento dos pulmões, mas conseguimos reverter. Estamos atentos e seguindo os protocolos usados por grandes hospitais do país e isso está possibilitando os resultados satisfatórios. O diagnóstico precoce está ajudando muito. Temos cidades ao nosso redor com número menor de casos e já com óbito registrado. Então, temos que agradecer muito. Perder uma vida é sempre difícil, é sempre uma dor enorme”, disse Gaggini em entrevista ao CIDADÃO. 

Ele lembrou que o aumento de casos está ligado ao aumento da testagem e isso tem permitido o diagnóstico precoce dos casos o que ajuda no tratamento e controle. Ele cita ainda a coragem do prefeito André Pessuto que acatou as recomendações da equipe médica e foi a primeira cidade a adotar o isolamento social.

Segundo ainda o médico, o percurso que Fernandópolis está trilhando nessa pandemia, decorre de “medidas que foram tomadas e pela população que colaborou muito no início e que ajudou muito a gente ganhar tempo para se preparar".

“Nada impede que possa acontecer óbito no futuro. Estamos sujeitos a isso, pela letalidade do vírus que está se vendo em todo o mundo e que muitas vezes ocorre pela demora do diagnóstico, o que aumenta as chances de uma intubação e da evolução para o óbito”. Por isso, ele lembra que nesta nova fase da flexibilização é necessário reforçar a responsabilidade de todos nas medidas de prevenção: usar máscara, lavar as mãos e as pessoas do grupo de risco evitar sair de casa. “O vírus está circulando”, lembra.