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Aproveitando a ceva alheia



Aproveitando a ceva alheia
O advogado Welson Olegário costuma dividir o tempo livre na prática de três passatempos: a leitura dos clássicos, a culinária (ele é cozinheiro de mão cheia) e a pesca.

Uma das histórias que o Welson gosta de contar aconteceu no Rio Grande, perto da ponte de Água Vermelha, há muitos anos. O advogado repentinamente decidiu ir pescar. Já eram cerca de 15h, nem dava tempo de procurar um companheiro. Foi sozinho para o rio.

Ao descer o barranco, encontrou dois pescadores arrumando as tralhas para ir embora. Perguntou por que desistiam tão cedo, e um dos sujeitos, totalmente vermelho do sol que havia tomado, disse que estavam ali desde o clarear do dia, sem uma única beliscada nas iscas.

“- Vocês jogaram ‘trato’ no rio?”, perguntou o Welson. “Claro”, respondeu o camarada. “Jogamos umas três latas de milho triturado, milho inteiro e farelo, e nada de peixe”, retrucou o pescador.

Os dois amigos foram embora. Welson resolveu sentar-se onde eles estavam antes, para aproveitar a ceva. Deveriam ser 16h. Poucos minutos se passaram e o advogado “engatou” uma grande piapara, de cerca de dois quilos. Até o escurecer, o advogado fisgou mais umas 15 ou 16 piaparas, todas grandes.

Quando subiu o barranco, e mais arrastou do que carregou o saco de peixes até o carro, que estava estacionado perto de um boteco da pequena vila ali existente, o Welson avistou os dois pescadores, que, em vez de ir embora, preferiram ficar bebendo cerveja. Ele foi até lá e lhes mostrou os peixes. Os pescadores não se conformavam.

Rindo, o Welson sempre conta essa história para provar a tese de que o bocado não é para quem o faz, mas para quem o come...