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Área do zôo sobrevive graças aos “Pequenos Gigantes”



Área do zôo sobrevive graças aos “Pequenos Gigantes”
Dois meninos, aparentando entre sete e oito anos, atravessam sorrateiramente a divisa entre a última rua do bairro e os limites do zoológico municipal. Ali, não há mais cerca.

Os garotos sobem numa árvore e resgatam a velha brincadeira de “Tarzan”. É uma manhã quente de outono, alguns poucos pássaros cantam nas árvores do que restou do velho zôo.

Depois de sua desativação, a área de 18.850 m², situada no Jardim Paraíso, na zona oeste de Fernandópolis, há seis anos foi cedida pelo sistema de permissão de uso ao “Clube de Assistência Pequenos Gigantes”, projeto de escotismo que recebe atualmente 80 crianças, fundado por Maria Aparecida da Silva, 59.

Com a ajuda das crianças e do voluntário Fernando Candeia, Maria Aparecida mantém o lugar limpo e luta por sua preservação. Entretanto, muitos trechos da cerca estão destruídos, dando passagem a vândalos, a ponto de a fundadora por vezes dormir no local para tentar evitar furtos e novos estragos. Plantas e cascas de árvores, como o bálsamo, são furtadas e parte das carteiras escolares colocadas na antiga jaula dos leões foi destruída.

A área tem um solo arenoso e propenso à erosão. Apesar da grande diversidade de árvores, muitas outras teriam que ser plantadas para amenizar o problema do solo.

Há árvores com mais de 100 anos, como um jequitibá e um jatobá, enormes, que se destacam entre pés de angico, cabo de formão, mirra, ipê, paineira, espeteiro e muitos outros.

No antigo zoológico existe uma mina d’água prejudicada por uma galeria aberta de esgoto que corta toda a área. Maria Aparecida diz que jogam lixo constantemente nessa galeria e que, quando chove, o problema cresce.

Ao lado do extinto zoológico, há o Horto Florestal Dr. Fernando Costa, que, com base nos cálculos obtidos pelo geoprocessamento e fornecidos pela Lançadoria da Prefeitura, tem uma área de 103.025 m², de propriedade privada da empresa RF – Empreendimentos Imobiliários LTDA. de São Paulo.

O diretor municipal do meio-ambiente Fabrício Salioni diz que, durante conversa com a prefeita Ana Bim, na última terça-feira, foram levantadas algumas hipóteses do que pode ser feito na área da prefeitura (área do extinto zoológico).

Salioni explica que é necessária autorização da Secretaria Estadual do Meio Ambiente para que possa ser feita alguma obra - tudo dentro das normas da Secretaria. Quanto à área privada, esta não está nos planos por enquanto. Mesmo que a Prefeitura adquira o imóvel, nada poderia ser feito, por se tratar de área de preservação (reserva florestal).

“Os veículos de Comunicação têm ajudado muito na conscientização da população quanto à preservação do meio ambiente e dos patrimônios públicos. Continuo contando com essa colaboração para que nossos projetos sejam realizados e preservados. Peço que a população entenda que não podemos perder mais tempo estragando o que é de todos”, pediu Salioni.





Um potencial que não deve ser desprezado

Daniela Ortolan

Recentes transformações econômicas, sociais e culturais têm produzido alterações no modo de se tratar a questão do parque público nas cidades brasileiras. Por um lado, mudanças comportamentais têm revigorado o uso dos parques pelas populações urbanas; por outro, novos papéis têm sido atribuídos aos parques pelos agentes envolvidos nos processos urbanos.

Nesse sentido, podem ser identificadas duas vertentes de ações influenciando o modo de se tratar essa questão. Na primeira considera-se o uso dos parques entre as estratégias de conservação ambiental e na segunda, como elementos de dinamização da economia urbana.

Da junção dessas duas áreas e do trabalho integrado entre a Prefeitura, o Clube de Assistência Pequenos Gigantes e as faculdades de Fernandópolis, poderia nascer um belo parque ambiental, como espaço de lazer e preservação do meio ambiente, acolhendo não só a população fernandopolense, mas se transformando numa atração turística, com fins científicos, culturais e recreativos.

O parque poderia ser campo de estudos para aulas práticas sobre meio-ambiente, com placas indicando os nomes populares e científicos das plantas, o tipo de solo, de aves e símios. A mina d’água poderia conter dados sobre sua formação.

Seria também excelente ponto de lazer, com famílias usufruindo uma área de piquenique, com playground, área de camping, a beleza de um aviário e das trilhas. Geraria empregos para a população, e até poderia voltar a ser zoológico.

Uma área como esta não pode ficar só aos cuidados da força de vontade da voluntária Maria Aparecida. A prefeitura precisa entrar em ação e preservar o que é da cidade. O que um dia foi um zoológico, ser destruído por vandalismo é inadmissível.

Segundo o diretor do Meio Ambiente, providências devem e serão tomadas. Mas enquanto nenhuma obra começar, é impossível impedir que vândalos invadam o terreno. Podem ser colocadas novas cercas, entretanto, não funcionará. Eles darão um jeito de invadir.

O projeto, se bem planejado, pode trazer à população local benefícios amplos, como oportunidade de diversificação e consolidação econômica, ponto turístico, geração de empregos, conservação ambiental, valorização da cultura, conservação e recuperação do patrimônio histórico.

Isto é o que diferencia o eco-turismo de outras modalidades. Pode-se dizer que o eco-turismo é mais um conceito de viagem do que um produto de turismo, pois traz consigo uma filosofia de vida que tem como princípio orientador de sua prática a preservação do patrimônio histórico, cultural, natural e humano.
É um turismo diferenciado, de pessoas cujo objetivo é interagir com o ambiente e com as comunidades envolvidas em tal ambiente. Quando se fala em eco-turismo, fala-se automaticamente em sustentabilidade, autenticidade e originalidade dos meios visitados.