Geral

Artes na escola



Artes na escola
Trabalhos com esculturas, músicas, interpretações e pinturas auxiliam na formação cidadã e cultural dos jovens

É na escola, desde as primeiras aulas, que se descobre ou incentiva o talento artístico do aluno. Antigamente conhecida por Educação Artística, a disciplina escolar tem nova denominação há quase um ano: Artes.
O aprendizado cultural e artístico não se restringe às salas de aula. Mesmo antes de freqüentar colégios, é possível estar em contato com a cultura e a arte no dia-a-dia. Este repertório extracurricular adquirido interfere beneficamente no rendimento e desenvolvimento do artista.
“A educação informal, embora nem sempre valorizada, é fundamental para a formação do indivíduo”, disse a arte-educadora Maristela Sanches Rodrigues, se referindo aos passeios em museus, música, filmes, teatro e gibis, atividades realizadas no cotidiano com a família e amigos. “É importante aprender, prestar atenção para quando visitar museus e bienais observar e entender”, relatou Tais Mantelli, que está na 7ª série e sempre que pode faz passeios culturais.
Sem muitos nomes e datas para decorar, a disciplina é a mais prática da grade curricular. Trabalhos com esculturas, pinturas, desenhos e interpretação agradam aos alunos, que aprendem a essência da emoção, razão, sensação e intuição de forma descontraída. Porém, muitas vezes a diversão de estudar confunde os jovens quanto à necessidade de se instruir. Dessa forma, as artes são equivocadamente deixadas em segundo plano, em relação a outras matérias. Tão importante quanto história, matemática, português, a educação artística tem relação com todas as disciplinas. “Aprendemos a história da vida de consagrados artistas do passado, quem foram eles e o que representaram”, afirmou Mantelli.
Algumas escolas, como a Coopere de Fernandópolis, onde Maristela leciona, dividiram o ensino de Artes em diferentes linguagens: comunicação visual e teatro, para dois professores. Essa mudança estrutural reforça o conhecimento passado ao aluno, evitando que o mesmo professor aborde as diferentes linguagens, o que acarretaria o risco de um ensino superficial.
“O ideal é que os alunos tenham aulas de todas as linguagens, mas com professores que tenham formação específica”, afirmou a arte-educadora. “Com o teatro consegui me abrir mais, ser menos tímida”, disse a estudante da 8ª série Amanda Fontes do Amaral, que se dedica com seriedade aos aprendizados teatrais.
O ensino da arte, por se tratar de uma linguagem universal, é abrangente. Fato que proporciona ao estudante conhecer e lidar com artes de todo o mundo e aprender a respeitar as diferenças culturais.
“A função da escola não é formar artistas, é dar condições a todos para que se desenvolvam esteticamente e para que conheçam, reflitam e aprendam com o legado artístico que a humanidade nos deixa ao longo de milênios de civilização”, disse Maristela.

História da Artes

Oficialmente no Brasil desde 1972, o ensino de arte teve espaço na grade escolar por meio da lei nº5.692. Por não ter professores devidamente formados, a disciplina não garantia uma instrução de qualidade.
No início, pela falta de parâmetro de ensinos definidos, a matéria escolar estava ligada com a hora de relaxamento. “Os professores não interferiam na produção do aluno, pois o desenvolvimento artístico se daria naturalmente, esse ato resultava na estagnação estética dos alunos”, contou Maristela.
Após 24 anos, em 1996, foi criado o PCN, Parâmetros Curriculares Nacionais, proporcionando evoluções e avanços na maneira de lecionar Artes. O método, instaurado de acordo com o livro de Ana Mae Barbosa, A Imagem no ensino da arte, revolucionou o trabalho dos arte-educadores.
Mesmo com conquistas, os profissionais lutam por mais qualidade de ensino. A raiz do problema é exatamente a precariedade do ensino passado aos atuais professores. “Antes a educação artística era fazer decoração para as festas na escola, ilustrar textos de outras matérias e outros exercícios que não incentivavam a razão na arte”, disse Rodrigues.
Na região, escolas particulares optam por programar Artes em apenas um dos anos do Ensino Médio. Para Maristela, o ideal seria os ensinamentos artísticos nos três anos do colegial, como ocorre no ensino público.