No dia 4 de setembro, a notícia de que a região de São José do Rio Preto, da qual pertence o município de Fernandópolis, ingressaria na fase amarela foi recebida com euforia pela população, sobretudo, pelos comerciantes que estavam trabalhando com restrições ou que não tinham autorização para reabrirem os estabelecimentos como é o caso dos bares e restaurantes.
Apesar da queda de 23,9% no número de novos infectados pela Covid-19 em setembro na comparação com agosto, mês que a cidade atingiu o pico de contaminação com 803 casos, o médico infectologista Marcio Gaggini do Comitê de Contingenciamento fez um alerta.
“Nós aumentamos muito o número de internações nas duas últimas semanas, infelizmente. Provavelmente, foi porque a gente ingressou numa nova fase com uma abertura [de estabelecimentos comerciais] na cidade e isso repercutiu no hospital”, disse o médico.
Durante o mês de setembro, Fernandópolis registrou 611 casos positivos de Covid-19 e oito óbitos, média de 20,35 novos casos/dia.
“Esperávamos que tivesse uma diminuição dos casos e que outubro, novembro seriam mais tranquilos e que a vacina chegaria na segunda quinzena de dezembro. Mas a situação perdeu o controle na flexibilização durante a fase amarela. Tem vários locais da cidade que registram aglomerações. A gente fica triste, quando sai de um plantão na Unidade da Covid com 100% de leitos ocupados e vê pela cidade as aglomerações como se não houvesse mais pandemia”, disse Gaggini.
ALERTA
Com uma demanda cada vez maior por leitos de UTI – Unidade de Terapia Intensiva - no município, Fernandópolis teve que transferir no decorrer da semana, quatro pacientes para São José do Rio Preto.
“Na semana passada dei plantão dois dias no hospital e lá a situação está bem complicada e permanece complicada até hoje. A gente sempre tenta fazer da melhor forma possível. Mas como sobrecarrega e tem superlotação da UTI, temos que encaminhar o paciente para São José do Rio Preto”, acrescentou.
Para ele, “algumas pessoas confundiram a abertura do comércio com uma flexibilização geral. E não é isso o que deve acontecer. Enquanto não vacinar a população inteira, a gente deve manter os cuidados. Se nós não tivermos números adequados em relação as internações, de óbitos e de diagnósticos, provavelmente, a gente pode regressar para a Fase Vermelha. E isso não depende só de nós que trabalhamos na área da saúde. Depende muito mais da população que precisa ter a consciência de que, não é porque a gente mudou de fase não precisa mais manter o distanciamento, usar máscara e álcool gel”, disse.
Só nos últimos 10 dias do mês de setembro, foram registrados 279 novos casos positivos do novo coronavírus no município, números que representam uma média de 27,9 casos/dia, 7,55 a mais no comparativo com a mensal registrada em agosto.
“Temos informações que a região inteira está tendo um aumento dessas internações devido a entrada da região na Fase Amarela. Isso é uma preocupação para nós todos”, destacou.
De acordo com o boletim divulgado nesta sexta-feira, pela Santa Casa, após dois dias de ocupação 100% dos leitos de UTI, o índice de ocupação caiu para 80%. Mas, o total de pessoas internadas na Unidade da Covid era de 23 pacientes. “Temos que lembrar que os pacientes que ocupam leitos de enfermaria é porque também precisam de cuidados e de oxigênio, numa situação moderada que pode evoluir para mais grave precisando de UTI em questão de minutos”, lembrou.
A próxima atualização do Plano São Paulo de flexibilização está marcada para sexta-feira, 9. O governador do estado de São Paulo, João Doria, já avisou que em casos de alta nos indicadores da Covid-19, a região voltará para a Fase I do plano, o que implicará na interrupção de todos os serviços considerados não essenciais à população. Apesar do aumento da contaminação nas últimas semanas e das internações, a ocupação de leitos de enfermaria e UTI na região era de 47,7% e 53,3%, respectivamente, bem abaixo do índice estabelecido para uma região regredir de fase.
MAIS UM ÓBITO
O boletim da Covid-19 divulgado nesta sexta-feira, registrou mais 30 casos de contaminação e mais um óbito, um homem de 69 anos. O total de casos confirmados na cidade chega a 2.709.