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BEM VINDO, BENTO 16!



BEM VINDO, BENTO 16!
O Papa está chegando, e o Brasil vai acolhê-lo com carinho. Bento 16 vai sentir o calor humano de um povo que sempre soube reconhecer a importância do bispo de Roma como símbolo de toda a Igreja e como sinal visível de sua unidade.
A expectativa de sua chegada já está produzindo um alvoroço em todo o país. Pareceria que todos estão se perfilando, a postos, para dar as boas vindas ao ilustre visitante.
De sua parte, o Papa já deve estar preparando seu espírito para esta sua primeira viagem intercontinental. Ele vem ao encontro, nada mais e nada menos, do que da metade dos católicos do mundo. Este o peso da Igreja Latino Americana e Caribenha, que tem o seu encontro marcado em Aparecida, ao qual Bento 16 quis comparecer também.
Sempre é bom lembrar: acolhemos o Papa, como personagem que se destaca com evidência. Mas ele vem prestigiar com sua presença a Igreja que se reúne em Aparecida.
Quando o avião já se encontra a meio caminho, o piloto costuma tranqüilizar os passageiros, antecipando informações sobre o local de destino. Ele já poderia anunciar a toda a delegação que vem junto com o Papa: “o tempo é bom, a temperatura está aumentando, existem alguns bancos de neblina nas proximidades do aeroporto, mas o pouso será tranqüilo”.
A vinda do Papa sempre suscita alguns questionamentos, como desta vez também. A neblina é inevitável. Até os mendigos de S. Paulo foram trazidos à cena. Bom seria, de fato, se fossem trazidos “à ceia”, e em sua homenagem a cidade de S. Paulo lhes proporcionasse ao menos alguns dias de regalias especiais. Eles, na verdade, simbolizam milhões de latino americanos, que em nosso continente se sentem excluídos do banquete da vida, como “lázaros” à porta dos ricos, aguardando as migalhas que caem das mesas fartas.
Se o Papa tem uma centralidade visível, fácil de perceber e de acolher, sua presença traz à tona outra centralidade, a dos pobres, que precisa ser assumida pela Igreja em decorrência de sua fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo. Em Aparecida, a presença dos pobres em nosso continente vai inquietar mais a Igreja do que os mendigos estão preocupando os preparativos da visita do Papa em S. Paulo.
Por aí percebemos como a presença do Papa acaba jogando na mesa os verdadeiros desafios pastorais, com os quais a Igreja da América Latina precisa se defrontar na Conferência de Aparecida. A visita do Papa está a serviço da missão da Igreja.
A primeira viagem de João Paulo II foi a Puebla, em 1979. A partir desta experiência, ele fez do seu pontificado um roteiro de viagens pelo mundo inteiro. Agora, Bento 16 realiza sua primeira viagem intercontinental, vindo ao Brasil.
Pela segunda vez, a Igreja Católica se defronta com a caminhada da Igreja da América Latina, como referência indispensável para identificar os caminhos de sua missão em nosso tempo.
Foi Bento 16 que indicou Aparecida como sede da Quinta Conferência. Ele escolheu o Brasil como porta de entrada. O Brasil saberá retribuir este gesto, proporcionando ao Papa uma calorosa acolhida, como está sendo preparada com esmero.
Bento 16 terá a mesma surpresa de João Paulo II, confessada no final de sua primeira viagem ao Brasil, em confidência a D. Ivo Lorscheiter em Manaus: “vocês têm um povo cheio de vida, e uma Igreja consciente e participativa!”
Bento 16 não vem para censurar, vem para confirmar esta Igreja, e incentivá-la a prosseguir no caminho que ele traçou na sua encíclica “Deus Caritas Est” – “Deus é amor!”.