Até o início de março deste ano, o novo coronavírus parecia apenas uma pequena ameaça à saúde da população que de forma tímida e inexpressiva começava a se destacar no meio de dezenas de doenças infecciosas mundialmente conhecidas pela agressividade com a qual atacam o sistema imunológico dos infectados. No Brasil, por exemplo, comparativos sobre o índice de mortalidade foram divulgados nas redes sociais por usuário que insistiam em dizer que o novo coronavírus não era letal e que o planejamento dos governos em todo o mundo para conter o avanço do vírus Sars-CoV-2 nada mais era do que uma encenação política.
Na China, onde a doença começou, aparentemente, tudo voltou ao normal cinco meses depois de registrado o primeiro caso. Controvérsias à parte, o que se sabe até agora é que a morte do médico chinês Li Wenliang apontado como um dos primeiros a identificar a existência do surto do novo coronavírus, alertar as autoridades, e ser convocado pela polícia pela atitude, provocou uma onda de revolta na população mundial. Mas a verdade é que Wenliang estava tão certo sobre a existência do surto que ele mesmo se tornou uma vítima fatal do vírus em 7 de fevereiro.
Enquanto isso, o brasileiro pulava carnaval e assistia as primeiras rodadas dos campeonatos estaduais de futebol. E conforme previra Li Wenliang, o coronavírus voltava a chacoalhar os mercados globais diante de novos surtos em lugares como Irã, Espanha e Itália. A sensação de ampliação da epidemia era questão de tempo. E foi.
Brasil: Covid-19 já matou mais do que todas as doenças infecciosas juntas
Panorama
No Brasil, o primeiro paciente foi diagnosticado na quarta-feira, 26 de fevereiro. Em 17 de março, menos de um mês depois, a Secretaria de Saúde de São Paulo confirmava a primeira morte pelo novo coronavírus no país. A vítima, um homem de 62 anos, diabético e hipertenso, que não deu tempo sequer de entrar no balanço de pacientes com suspeita de infecção.
A partir de então, nas esferas global, nacional e local, o vírus Sars-CoV-2 (coronavírus) se expandiu rapidamente e fez eclodir em escalas cada vez mais altas, o número de vítimas fatais. Os comparativos entre as doenças infecciosas envolvendo a Covid-19 que servia como justificativa para ignorar a letalidade do vírus sumiram das redes sociais, dando espaço para os boletins diários compostos pelo número de infectados e de mortes de centena de pacientes.
Na quarta-feira, 8 de julho, 167 dias depois da primeira morte por coronavírus, o Brasil já contabilizava 1.7 milhão de casos s com 67 mil óbitos.
FERNANDÓPOLIS: Coronavírus ou Dengue, quem é mais letal?
Entre as doenças infecciosas, os números e a letalidade do novo coronavírus são assustadores. O que o Sars-Cov-2 mata num único dia, a maioria das doenças infecciosas não mata durante o ano todo.
A dengue, por exemplo, uma doença infecciosa febril aguda causada por um vírus que pertence à família Flaviviridae, do gênero Flavivírus, no ano de 2019 infectou 4.611 fernandopolenses, levando dois deles ao óbito. Em 2020, de janeiro a junho foram confirmados 931 casos e dois óbitos. As taxas de letalidade foram 0,043 e 0,214 respetivamente.
No comparativo em número de diagnósticos confirmados e taxa de letalidade, a Covid-19 demonstra maior potencial de contágio e de letalidade. Só para se ter uma ideia, entre o dia 25 de março, data em que foi confirmado o primeiro caso positivo de coronavírus e oito de julho, 704 pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus, sendo que 13 delas morreram em decorrência da doença. A taxa de mortalidade é de 1,751 número oito vezes maior que a taxa de letalidade da dengue no decorrer de 2020.