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Coelho quer ver Fernandópolis com maior auto-estima



Coelho quer ver Fernandópolis com maior auto-estima
José Paulo Coelho é “doente” pelo Palmeiras e por Fernandópolis, cidade que ele conheceu na década de 70, quando ainda era estudante de Psicologia.

Casou-se com uma fernandopolense – Mirla Cristina – e teve os filhos José Paulo, Vittoria e Gabriella. Atualmente, Coelho é presidente da Associação Cultural Ítalo-Brasileira de Fernandópolis, e participa ativamente da vida da cidade.

Convidado pela prefeita Ana Bim para assumir a coordenação geral da 40ª Expô, ele nem pensou em recusar: quando é pelo bem da cidade, Coelho sempre está presente na hora da chamada.

Nesta entrevista, ele fala do trabalho que está sendo desenvolvido na organização da festa, dos primeiros percalços e da sua expectativa para o grande evento de maio. Como psicólogo que é, não deixa de fazer seu “diagnóstico”: ele crê que os fernandopolenses superestimam os aspectos negativos da cidade e não valorizam os positivos. “Isso precisa mudar”, diz ele.




CIDADÃO: Como surgiu o convite para ser o coordenador da Expô-2007?
COELHO: Na verdade, a gente já participa da administração pública há alguns anos. Em 1994, fui convidado para trabalhar na linha de shows da Expô. Foi na época em que o José Carlos Mathias implantou as catracas eletrônicas e a festa começou a ser paga, porque o nível dos shows se elevou e era impossível fazer de graça. A festa começou a tomar vulto, e durante três anos participei, a convite da administração, fazendo um trabalho difícil. No mega-show da Xuxa, por exemplo, tivemos que revirar a cidade e incomodar meia comunidade para cumprir com todas as exigências. Depois, colaborei na época do Armando e do Adilson, ajudando nas catracas, dando apoio a comissões. Sou amigo há muito tempo da Ana Bim e do Avenor, pois faço um trabalho noturno no Centro de Treinamento de Mão de Obra, e sempre estamos juntos, dando sugestões e opiniões sobre os mais diversos assuntos. Temos falado inclusive sobre o recinto da Exposição, a importância de se utilizar mais vezes o recinto durante o ano. No dia do aniversário da Ana, estive lá para cumprimentá-la e ela me disse: tenho uma surpresa e gostaria que você aceitasse o convite que vou fazer: quero que você ajude a coordenar a Expô. Num primeiro momento, hesitei, por causa de minhas múltiplas atividades, mas aceitei porque gosto de Fernandópolis.

CIDADÃO: Você já trabalhou com a linha de shows, mas agora a coisa é diferente. Como é que você, um sujeito francamente urbano, vai lidar com peões, donos de tropa, fazendeiros e outros arquétipos do universo rural?
COELHO: A gente tenta se adaptar a tudo. Veja que em São Paulo e em outros grandes centros já se fizeram grandes eventos rurais, como casas noturnas de linha country. Lembro que uma vez transformaram o Ibirapuera em centro de rodeios. Acabei me familiarizando com isso. Mas, na verdade, o coordenador geral tem vários colaboradores nas áreas específicas. Hoje, não há diretorias, e sim comissões; então, todos estão trabalhando sem autonomia total, e sim de forma integrada com a coordenação geral e a presidência. Eu e o Humberto Cáfaro chegamos à conclusão de que esta tem que ser a festa da união, e estamos tentando unir todas as forças, despojando-se de qualquer animosidade política e do egoísmo e do partidarismo, para trabalhar pela cidade. No caso do rodeio que foi citado, quero lhe dizer que já está tudo pronto. O Dr. Carlos Alberto Buosi, que nós chamamos de Cabral, tem uma vasta experiência, já trabalhou nisso, e tem tudo sobre controle. Na realidade, procuramos aproveitar ao máximo a experiência e o know-how das pessoas que já trabalharam na organização da festa. Na primeira reunião que tivemos, fizemos uma mensagem espiritual conclamando a todos para que se unissem no propósito de fazer uma grande festa por Fernandópolis. Foi muito bonito e houve sensibilização. Queremos fazer uma festa que seja um marco.

CIDADÃO: O primeiro problema que apareceu foi a negativa da Fundação Educacional de Fernandópolis de participar da organização da festa. Dias depois que o presidente Cáfaro anunciou essa parceria no gabinete da prefeita, a FEF divulgou nota dizendo que não aceitaria o convite, porque suas equipes estavam com muitos projetos em andamento. Como a comissão organizadora recebeu isso?
COELHO: Temos um ótimo relacionamento com o pessoal da FEF e sabemos que eles fazem um importante trabalho educacional e de pesquisa. Há uma parceria entre Unicastelo e FEF. O próprio Humberto foi à FEF conversar com o Vilar sobre sua participação na festa. Ele colocou, segundo o Humberto, que este ano não iria participar, mas que prestigiaria o evento. Gostaríamos muito que a FEF participasse do trabalho, e sentimos muito, só que temos que respeitar. Tenho certeza que a Fundação, de uma forma ou de outra, vai colaborar conosco.

CIDADÃO: Você disse que a parte do rodeio já está pronta. Considerando que os shows já estão definidos, o grande trabalho agora deve ser organizar a estrutura física do recinto, não é? Será que é por isso que a Ana Bim se mostrava tão tranqüila, quando a cidade cobrava a definição do nome do presidente?
COELHO: Alguma coisa já foi feita no rodeio, até porque houve o encontro de motociclistas na semana passada. Agora, na próxima semana, exatamente no dia 23, uma sexta-feira, haverá uma megashow do Chiclete com Banana, e de uma forma ou de outra já teria que ser iniciado um trabalho de adequação. Na semana que vem, deverá estar na Câmara Municipal um projeto de Lei sobre a adequação do recinto, que prevê algumas reforma. A equipe está fazendo o levantamento, e esperamos a compreensão dos vereadores. Há uma série de detalhes, por ser uma festa de tamanha envergadura, desde a coleta do lixo até a pintura, os equipamentos elétricos e hidráulicos, o visual. É importantíssimo que, no momento do sinal verde, as equipes entrem com tudo no trabalho de campo. Isso deve acontecer provavelmente no dia 26 de março, uma segunda-feira, já que o show do Chiclete é na sexta à noite. Esse evento já estava definido há muito tempo. Provavelmente, será mantida a estrutura de palco do show do Chiclete, que atende às necessidades de grandes shows. Vamos esperar que os vereadores se sensibilizem e aprovem o projeto que lhes será enviado. Acredito que não haverá problema.

CIDADÃO: Essa será a 40ª festa, e nós, brasileiros, gostamos de comemorar essas datas “redondas”. Vai ser, apesar dos pesares, uma festa especial?
COELHO: Acredito que sim. Nós estamos nos empenhando ao máximo para que seja assim, não só pelos quarenta anos da festa, mas porque pretendemos homenagear aqueles que passaram por ela, deixando a marca do seu trabalho, principalmente os prefeitos. Nós temos uma comissão paralela, ligada à Diretoria Municipal de Educação, e coordenada pela Adriana Merloti, para realizar um trabalho de resgate dessa memória. Nós precisamos deixar de valorizar coisas negativas e valorizar o que nós temos de bom. O negativo merece é soluções, mas não pode grassar esse negativismo. Ora, temos que ver que temos nomes de expressão na área de cultura, na área do jornalismo, de marketing, na pecuária, indústria...Os visitantes enxergam aspectos positivos na nossa cidade que nós não notamos. Esse é o momento – a festa dos 40 anos da Expô – para despertarmos o positivismo na população. Não queremos que Fernandópolis seja lembrada somente pela festa, mas ela é o nosso cartão de visitas.