Desde que foi baixado o primeiro decreto estadual em 24 de março, o comércio de Fernandópolis vem enfrentando uma série de adaptações para atender os clientes em meio a pandemia do coronavírus. Entre restrições e flexibilizações, estão as constantes mudanças realizadas como alternativa para não deixar o comércio fechar as portas para os consumidores.
Durante a semana, o prefeito André Pessuto fez alguns posicionamentos sobre questões relacionadas a reabertura gradual do comércio em Fernandópolis. Apesar da expectativa pela flexibilização, Pessuto disse que não pode descumprir o decreto estadual em vigor até o dia 10 de maio. Por meio de decreto publicado no Diário Oficial na quarta-feira, 22, ele tornou obrigatório o uso de máscaras facial durante atendimento ao consumidor. A medida é passível de multa de R$ 500 por infração e torna obrigatório do item tanto por comerciantes e empregados como pelos clientes.
Para o atendente Caio Rodrigues, 26, as medidas não resolvem, mas amenizam os problemas causados no comércio em virtude das medidas de isolamento social ou suspensão temporária de algumas atividades comerciais.
“É melhor abrir com essas restrições do que nem abrir. A gente não pode parar. Se pararmos, vai ficar pior para todo mundo”, disse.
Os impactos na economia local já são catastróficos. Apesar de os comerciantes terem recriados os seus negócios para sobreviverem à crise, a queda no faturamento e as incertezas quanto à sobrevivência das empresas se tornaram cada vez mais imprevisíveis.
“Tivemos que fazer promoção para tentar competir com outros estabelecimentos. Estamos tendo dificuldades com as despesas fixas. O faturamento caiu 70% em um mês”, destacou o comerciante Abnael de Paula Martins, sócio de uma pizzaria.
Comércio de Fernandópolis se adapta para atender aos clientes
Entre as medidas já adotadas estão o controle do fluxo de entrada de clientes nas agências bancárias, supermercados, farmácias, cartórios e até no postinho de saúde. Itens como álcool em gel para os clientes e uso de máscara obrigatório para funcionários e clientes também estão numa lista que não para de crescer. As recomendações ou exigências são do Ministério da Saúde e foram adotadas como medida de contenção do vírus Covid-19 e para evitar contaminação por coronavírus durante atendimento nesses estabelecimentos.
Sobre o uso obrigatório das máscaras durante o atendimento, a população não mostrou resistência. Cerca de 70% das pessoas que trafegavam na região central de Fernandópolis estavam usando máscaras mesmo fora do atendimento comercial. Para o estudante Jeferson Oliveira dos Santos, 21, apesar do incomodo, é importante usá-la.
“A máscara incomoda muito. Mas é para a minha segurança. Por isso, eu uso sem reclamar”, disse.
Na falta do item no mercado, para atender ao decreto de Pessuto, comerciantes, empregado e clientes aderiram as máscaras de fabricação caseira. Por ser confeccionadas com um tecido mais grosso do que o TNT, para os usuários, elas atrapalham a respiração.
Enquanto aguardava para ser atendido do lado de fora do estabelecimento, o aposentado Aldair José dos Santos, 61, tentava chegar em acordo com a máscara que parecia querer se apossar de sua face.
“Esse negócio [a máscara] está me sufocando. Mas pior é o vírus que mata”, disse Aldair.
Para a maioria dos comerciantes, na porta, pode não ser o procedimento mais seguro para manter o cliente livre de contaminação por coronavírus. Mas é o que o comércio encontrou como alternativa para não parar as atividades nesses tempos de crises. Apesar do medo e dos cuidados tomados por todos, a necessidade de consumo por parte dos consumidores e a necessidade de faturamento por parte dos comerciantes faz com ambos se encontrem, trabalhe e feche negócios na porta dos estabelecimentos.
Para se adequar às regras, o convite para entrar e olhar os produtos é uma cortesia que o comerciante já não pode mais oferecer ao seu cliente. Por questões de segurança no que diz respeito a contaminação pelo vírus Covid-19, a negociação agora começa e termina na porta.