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Construção civil cresce com a chegada de estudantes



Construção civil cresce com a chegada de estudantes
Com um crescimento estimado em 97%, segundo pesquisa do início do ano, a construção civil vive momento especial em Fernandópolis

Entre tantos segmentos em crise, provocada pelos mais diversos fatores – dólar baixo, falta de política agrícola e garantia de preço mínimo, juros altos e uma infinidade de razões – o setor da construção civil vive um grande momento na cidade de Fernandópolis.

Nem podia ser diferente. A cidade conta hoje com dezenas de cursos superiores nas suas duas instituições de ensino, a FEF e a Unicastelo.

No início do ano, o presidente da Fundação Educacional de Fernandópolis, Luiz Vilar de Siqueira, chegou a convocar uma reunião com empresários de Fernandópolis para mostrar uma planilha elaborada a partir de pesquisa realizada pelo corretor Dimas Manoel Garcia. “Construir habitações para estudantes é certeza de retorno garantido, porque faltarão moradias”, vaticinou Vilar.

Naquele instante, havia uma previsão de que só em 2007 aportariam à cidade mil novos universitários. Esse número deve ser completado com o vestibular do meio de ano, acredita o corretor Sinval Ribeiro de Lima, da Imobiliária Residência.

Ribeiro disse que no momento há vários imóveis desocupados, que foram adaptados, reformados ou até divididos recentemente para esperar os novos alunos. “Depois de julho, é possível que faltem mesmo imóveis de locação no mercado”, opinou.

Há informações de que novos empreendimentos surgirão em breve, como dois prédios de três andares que serão construídos no quarteirão do Parque Estoril onde antes funcionou a Cafeeira Rolim (zona sul da cidade).

Grandes investidores, como o empresário José Sequini Junior, proprietário da Secol Materiais de Construção, ou médios, como o grupo de investidores liderado pelo educador aposentado Ramon Carmona, estão em plena atividade. Sequini constrói na região do Estoril (Avenida Milton Terra Verdi e Rua Paraíba); Carmona aplica os recursos do grupo de aplicadores num grande prédio em construção no Jardim Boa Vista.


LUCRO
Para o engenheiro civil Manoel Marques Pereira, que atua no setor há mais de 30 anos, o momento é realmente bom para a construção civil. “Antigamente, a avaliação dos imóveis era abaixo da realidade, ou seja, quem construía uma casa não conseguia vendê-la sequer pelo preço de custo. Hoje, é possível obter lucro”, explicou.

O problema, segundo Pereira, é que não se sabe até quando esse nicho de mercado permanecerá aquém do nível de saturação. “Cidades que possuem grande demanda de estudantes, como Bauru e Marília, já atingiram esse limite. Em Fernandópolis isso também poderá acontecer. Só não se sabe quando. Por isso, leva vantagem quem saiu na frente”, concluiu.

Essa saturação, entretanto, ainda está longe de acontecer, pelo menos na visão do corretor Dimas Manoel Garcia. O estudo encomendado pelo presidente da FEF, Luiz Vilar, é prova disso. “Na pesquisa, concluímos que FEF e Unicastelo deverão atrair 10.079 alunos num período de três anos, entre 2007 e 2009. desse total, 3.030 seriam de outras regiões, ou seja, teriam que morar aqui”, argumentou.

A pesquisa indicou que em 2007 deverão ser entregues 53 unidades de quitinetes, 57 apartamentos e 45 casas. “Isso comportará apenas 500 pessoas. Há demanda para locação do dobro disso”.

Com efeito, os números indicam que, só em 2006, houve um déficit de 412 vagas habitacionais em Fernandópolis. “Infelizmente, nossa capacidade de investimento é muito pequena”, lamenta-se Dimas. “Talvez a solução esteja no aporte de recursos vindos de outros centros”, previu.

E essa perspectiva faz os comerciantes da cidade esfregarem as mãos. Afinal, de acordo com o estudo realizado, cada estudante R$ 600 mensais no comércio e com a prestação de serviços. Isso representaria uma injeção de recursos de R$ 6 milhões só em 2007.