Economia

Contas do governo têm rombo de quase meio trilhão de reais, pior 1º semestre em 24 anos



Contas do governo têm rombo de quase meio trilhão de reais, pior 1º semestre em 24 anos

Em tempos de crises, falar de finanças ou administrar os escassos recursos disponíveis para o setor público ou privado requer muito cuidado na hora de apresentar os números, dispensando assim, os jargões, expressões ou termos prontos, bastante usados pelos economistas. Feita a ressalva, torna-se cabível destacar que as contas do governo registraram rombo de R$ 417,217 bilhões no primeiro semestre deste ano. As despesas superaram as receitas, sem incluir os gastos com juros da dívida pública.

A informação foi divulgada nesta quinta-feira, 30, pela a Secretaria do Tesouro Nacional. Trata-se do pior resultado para esse período desde o início da série histórica, em 1997. No mesmo período do ano passado, o déficit fiscal somou R$ 29,311 bilhões. O rombo recorde está relacionado com o aumento de despesas para combater a pandemia do novo coronavírus, e também com a perda de arrecadação decorrente do tombo no nível de atividade e do adiamento no prazo de tributos.

Segundo dados oficiais, a receita líquida teve redução de 18,1%, em termos reais, no primeiro semestre deste ano. No período, houve um adiamento no pagamento de tributos de R$ 81,3 bilhões, enquanto a diminuição do IOF crédito totalizou R$ 6,3 bilhões.

Enquanto isso, as despesas tiveram uma alta de 40,3% até junho de 2020. Os gastos realizados das medidas de combate à crise Covid-19 totalizaram R$ 210,6 bilhões, de um total de R$ 404,5 bilhões aprovados até o final de junho. Para este ano, somente o governo tinha de atingir uma meta de déficit primário até R$ 124,1 bilhões. Entretanto, com o decreto de calamidade pública, proposto pelo governo e aprovado pelo Congresso Nacional por conta da pandemia do coronavírus, não será mais necessário atingir esse valor.

Em junho deste ano, as contas do governo apresentaram um rombo de R$ 194,7 bilhões. Este é o pior resultado mensal da história. No mesmo período do ano passado, o déficit fiscal somou R$ 11,805 bilhões. O Tesouro Nacional avaliou que o aumento de gastos neste ano, por conta da pandemia do novo coronavírus, são temporários "com execução concentrada no exercício de 2020".

"A situação enfrentada por todo o mundo requeria uma resposta do poder público, e as ações implementadas para lidar com o problema basearam-se na proteção aos mais vulneráveis e na preservação de empregos e de empresas. Porém, é preciso observar que essas medidas têm um custo para a sociedade e geram uma conta que precisa ser paga no futuro próximo", acrescentou o Tesouro.

De acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional, isso gerará uma alta significativa do endividamento neste ano, que poderá encostar em 100% do PIB - Produto Interno Bruto - patamar elevado para países emergentes e avaliou que é importante a implementação de ações que deem credibilidade sobre a estabilidade do endividamento, pois permitirão que a economia brasileira continue navegando neste cenário de juros e inflação baixos, propício para uma recuperação mais forte no pós-crise.