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Corinthians acusa Lance de roubar contrato



O Sport Club Corinthians Paulista fez esta semana uma transição que tem sido comum na história recente do clube: das páginas de Esporte para a editoria de Polícia. O presidente do clube, Alberto Dualib, afirmou ter tido uma das vias do contrato com o novo técnico, Paulo César Carpegiani, roubada após uma série de entrevistas em sua casa, no domingo (15/04). E acusou diretamente o Lance após o jornal publicar uma reprodução do contrato em sua edição de terça-feira (17/04).

Dualib recebeu equipes de TV da Record, Bandeirantes e Globo. A suspeita do presidente recai sob a repórter Marília Ruiz, da Record, que também tem uma coluna no Lance. O contrato informa que o clube pagou R$ 150 mil para a Talento’s da Hora Assessoria Esportiva, empresa de Orlando da Hora, por ter intermediado a contratação do novo técnico.

No mesmo dia em que a reprodução foi publicada, Dualib esteve no 14º Distrito Policial, em Pinheiros, São Paulo, para fazer um boletim de ocorrência (B.O.) sobre o roubo do documento. O B.O. informa que o contrato estava sobre uma escrivaninha no escritório onde foram feitas as entrevistas, e coloca o Lance como empresa averiguada.

Na quarta-feira (18/04), o Lance trouxe uma Nota da Redação repudiando as insinuações de ser o responsável pelo roubo do contrato. “A gente tem plena confiança de que nada foi roubado pelo Lance. E temos plena confiança na repórter. Ela teve acesso a uma cópia do contrato por uma fonte, que não vamos revelar com base na liberdade de imprensa”, afirma o editor-chefe do diário esportivo, Luiz Fernando Gomes, reafirmando a nota. “Já publicamos outros documentos do Corinthians cedido por esta fonte. E publicamos porque há interesse jornalístico”, emenda, completando que cabe à polícia investigar o caso.


INVESTIGAÇÃO

O delegado titular do 14º DP, Edson Nogueira de Souza, explica que a investigação ainda está em sua fase inicial. “Eu acreditava que iríamos ouvir o Dualib e as outras testemunhas entre quinta-feira ou sexta-feira (19 e 20/04), mas isso não aconteceu por causa do jogo do Corinthians no Recife (na quarta-feira, 18/04, contra o Náutico)", disse.

Souza aponta que o boletim não acusa o Lance. “O B.O. é curto e grosso. Isso é o que vamos apurar aqui: quem estava lá no dia. Nada impede que possa ter sido um motorista, um cameraman, um iluminador, ou qualquer outra pessoa”, completa.


O CONTRATO QUE ESTAVA (OU NÃO) LÁ

O delegado também confirma que o contrato foi realmente roubado. “Quanto ao furto, aconteceu mesmo. O contrato estava em cima da mesa e testemunhas viram isso, não pode simplesmente ter sumido. Só precisamos descobrir a autoria”.

Porém profissionais que estiveram na casa de Dualib não viram o contrato. "Qualquer coisa que envolva o Corinthians atualmente é muito nebulosa", afirmou um tarimbado jornalista esportivo. O próprio B.O. afirma que o documento não foi apresentado à imprensa. E também foi considerado “estranho” o clube só ter procurado a polícia 48 horas após a perda do documento.

“Não tem problema quanto a terem registrado o B.O. dois dias depois, porque eles esperaram as informações serem repercutidas em algum jornal”, rebate o delegado Souza.

O vice-presidente jurídico do Corinthians, Ivanei Cayres de Souza, foi procurado, mas não pôde falar por estar internado. O Comunique-se tentou insistentemente falar com Marília Ruiz, que não foi encontrada.