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Covid-19 e as doenças cardiovasculares



Covid-19 e as doenças cardiovasculares
Prof. Dr. Luiz Flávio Franqueiro

A relação entre a Covid-19, doença causada pelo Sars-CoV-2, também conhecido como Coronavirus, e as doenças cardiovasculares é multifatorial. Primeiramente, a população de portadores de fatores de risco para as doenças cardiovasculares como idade avançada, sexo masculino, obesidade, diabetes mellitus, hipertensão arterial e tabagismo, é mais vulnerável a Covid-19. Do mesmo modo, indivíduos com doenças cardiovasculares e cerebrovasculares são mais propensos a apresentar uma pior evolução quando acometidos por esta doença viral. Quanto mais grave a enfermidade pré-existente, pior tende a ser o prognóstico. A prevalência de hipertensão arterial parece ser maior em pacientes que desenvolvem a forma grave da Covid-19 em relação aqueles que tem uma doença mais leve. 
No início uma incógnita, hoje alguns princípios fisiopatológicos da Covid-19 vem sendo melhor elucidados. Com respeito ao acometimento do sistema cardiovascular, este pode ocorrer por uma agressão direta do coração e vasos sanguíneos pelo vírus ou como consequência a um estresse hemodinâmico ocasionado por alterações em outros órgãos e sistemas. A própria pneumonia e a insuficiência respiratória, com diminuição da oxigenação do sangue possuem um potencial em lesar o coração. 
Uma inflamação do músculo do coração, chamada de miocardite, pode aparecer alguns dias após o início do quadro febril, sugerindo um acometimento deste músculo pelo coronavirus, embora também não possa ser descartada a participação do sistema imunológico do indivíduo. Esta miocardite pode ser grave o suficiente para levar à insuficiência cardíaca e morte. É comum o aparecimento de arritmias cardíacas nos pacientes hospitalizados, gerando uma certa preocupação com o uso de medicamentos que poderiam exacerbar estes distúrbios do ritmo do coração. 
Não existe tratamento específico, com eficácia comprovada para a infecção pelo coronavírus. Medidas preventivas continuam sendo a melhor opção para lidar com esta doença e parecem ser muito eficazes quando utilizadas em conjunto. Sair de casa somente quando necessário, manutenção de uma distância mínima de 1,5 metros entre as pessoas, uso de máscara facial principalmente em lugares fechados, lavagem frequente das mãos e antebraços com água e sabonete e uso de álcool-gel quando não tiver um lavatório disponível são intervenções preconizadas e devem ser seguidas por todos.