O Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS de Fernandópolis, uma unidade de atendimento da Secretaria Municipal de Assistência Social, da Prefeitura de Fernandópolis, oferta apoio, orientação e acompanhamento às mulheres vítimas de violência.
O serviço é organizado por especificidades, que nos casos de violência contra a mulher, o público prioritário são as vítimas de violência doméstica e familiar. No entanto, por entender este tipo de violência como um produto sócio-histórico de impacto social grave, as mulheres que são vitimadas em contextos diferentes também poderão ser inseridas nos serviços ofertados, desde que a violação sofrida esteja associada à violência de gênero, ou seja, que tenha sido motivada pelo fato da vítima ser do sexo feminino, independentemente de sua identidade de gênero ou orientação sexual.
As ações realizadas buscam restaurar e preservar a integridade e as condições de autonomia das usuárias, assim como suas autoestimas, além de realizar atividades que buscam desconstruir paradigmas associados à perpetuação dos ciclos de violência.
A psicóloga Camila Amaral, que acompanha os casos no CREAS, destaca a importância do apoio da sociedade e de outras políticas públicas no enfrentamento a violência, principalmente no atual momento de isolamento social. “Com a pandemia, muitas mulheres passaram a conviver mais tempo com seus agressores, o que tem dificultado as denúncias dos abusos sofridos. Hoje, mais do que nunca, precisamos ser as vozes dessas mulheres e denunciar os casos que temos conhecimento”, disse.
O CREAS, além dos atendimentos realizados com as vítimas, também desenvolve ações de orientações com os autores da violência. Muitas mulheres que sofrem violência permanecem com seus companheiros. Portanto, o atendimento a estes homens é imprescindível para romper com os ciclos de violência. “São diversos os motivos para que algumas mulheres continuem com seus agressores, mas percebemos que um deles é quase unânime: a dependência financeira e a falta de oportunidades no mercado de trabalho para que consigam sair desta situação. Na maioria das relações abusivas as mulheres são coibidas a não buscarem empregos formais ou qualificação profissional, o que dificulta sua independência”, finalizou a profissional.
Além dos atendimentos individuais, há também os grupos de apoio a estas mulheres. Uma usuária do serviço contou um pouco sobre como se sente: “Acho que quando todas se reúnem temos oportunidade de desabafar do que realmente acontece e o que nós passamos com os parceiros nossos, aí uma fala sua versão do que realmente passa na casa como fisicamente e mentalmente, eu saio mais aliviada pois temos a oportunidade de ter pessoas que realmente dão toda a atenção. Nós conversamos, nós damos risadas, independente de tudo que passamos”, destacou.
“O trabalho do CREAS é muito bom, lá encontramos pessoas pronta a nos ouvir, lá sabemos que não estamos sozinhas, elas nos recebem de braço aberto sempre com sorriso no rosto. O CREAS me ajudou em muito momento difícil, e a psicóloga sempre me dando aquela força”, afirmou outra mulher atendida pela unidade.
O coordenador e psicólogo do CREAS, Vitor Hugo Mendonça, informou que já passaram pelo acompanhamento do órgão mais de 125 mulheres. “Sabemos que o número de vítimas é muito maior, e que a negativa pelo acompanhamento e a falta de denúncias contribuem para a continuidade da violência intrafamiliar. Trabalhamos muito na tentativa de mudar essa realidade”, relatou.
“A violência contra as mulheres está fortemente relacionada a uma cultura patriarcal que, historicamente, sempre subjugou o feminino e alimentou a desigualdade entre os gêneros. Essas construções sociais não só influenciam nas relações, como também naturalizam e perpetuam a violência contra as mulheres. A Assistência Social de Fernandópolis atua com muita eficácia para mudar essa realidade, infelizmente, vivida ainda hoje por muitas mulheres”, comentou a secretária Silmara Teixeira.
O CREAS fica localizado na Rua Curitiba, 57, Jardim Santa Rita, próximo a rodoviária. Em razão da pandemia, o horário de atendimento está ocorrendo das 8h às 13h, de segunda a sexta-feira. O telefone para contato é (17) 3442-5320. Para denúncias anônimas disque 180 e para emergência, acione a Polícia Militar através do 190.
