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Cresce o uso da plantas inseticidas no campo



A crescente demanda alimentícia por produtos orgânicos, aliada à perda de eficiência de uma série de moléculas sintéticas utilizadas no controle de pragas, tornam o estudo do potencial de plantas com atividade inseticida um dos principais focos das pesquisas entomológicas realizadas no Brasil e no mundo.
Segundo o engenheiro agrônomo Douglas Ribeiro de Souza, professor da Unicastelo de Fernandópolis, a utilização de extratos de plantas como fonte de controle de pragas não é uma atividade recente, já que seu uso foi bastante comum em países tropicais, antes do advento dos inseticidas sintéticos. “Os primeiros inseticidas botânicos utilizados foram a nicotina, extraída do fumo, e a piretrina, extraída do crisântemo, além de outras substâncias provenientes de diversas espécies vegetais”, cita o agrônomo.
Na atualidade, as plantas da família Meliaceae vêm se destacando com grande potencial inseticida dentre às demais famílias botânicas, tanto pelo número de espécies vegetais disponíveis no Brasil, como pela eficiência de extratos provenientes das mesmas. Dentro dessa família, ele destaca o Nim, uma planta de origem asiática, que é o vegetal mais estudado e utilizado quando se refere a plantas com atividade inseticida no país. Nessa direção, Douglas diz que muitas outras espécies estão em estudo, sendo que algumas como o Catiguá, o Cinamomo, a Arruda, o Poejo e a Erva-de-Santa Maria, têm se revelado muito promissoras no controle alternativo de várias pragas que atacam as plantas cultivadas.
Calcula-se que das 500.000 espécies de plantas existentes no mundo, 16% sejam nativas do Brasil e, apesar disso, a pesquisa de substâncias ativas derivadas de plantas no país ainda é muito insipiente. Até o inicio da década de 80, foi estimado que menos de 1% das espécies da flora brasileira eram conhecidas quanto aos seus constituintes químicos. “Embora tenha havido um significativo aumento nesse percentual nos últimos anos, ainda existe uma grande lacuna de conhecimento da nossa flora, o que torna a pesquisa com esses grupos botânicos extremamente estimulante”, ressalta o professor, que realiza pesquisas no laboratório da Unicastelo.
O maior desafio para a agricultura atual, fundamental para o futuro da humanidade, é o equilíbrio de uma relação que envolva o aumento da produtividade, com menor custo econômico, aliada à preservação ambiental. A busca por um modelo produtivo que tenha como meta a sustentabilidade implica em promover práticas ambientais adequadas e socialmente benéficas, baseadas em conhecimentos científicos e economicamente viáveis.