Crônica

Crônica: Nossa boa conversa - Por Eliana Jacob Almeida



Crônica: Nossa boa conversa - Por Eliana Jacob Almeida

Estou certa de que receber um retorno de seus escritos é a melhor recompensa para quem escreve. Sinto isso quando posto minhas crônicas no facebook e os amigos se manifestam. 
Em uma live que seria o início de um curso sobre a escrita, Pedro Bial afirma que escrever é perguntar aos outros “Vocês não acham que está acontecendo algo estranho? Vocês concordam comigo?” Para ele, o exercício de estabelecer esse diálogo com o leitor é o grande objetivo do escritor.
Concordo  com ele.  Quando terminei uma de  minhas crônicas há pouco tempo, tive dúvidas em  publicá-la. Achei que talvez tivesse meio desmotivada e, assim, pudesse gerar um clima de desânimo entre os amigos. Mandei para o Jornal ainda com essa sensação. Mas quando publiquei no facebook, o resultado me surpreendeu.
Os 156 comentários de familiares e de amigos queridos me deram a medida exata de estávamos numa boa conversa. A maioria dizendo: “Passo por isso também”, “Nossa, parece que você que está aqui dentro  de minha casa,  assistindo a minha rotina”, “Me sinto exatamente assim”, “Parece que conversamos ontem à noite e eu  te contei tudo isso”.
O que me encanta nesses comentários é descobrir nossa humanidade. Pessoas de diferentes cidades e de várias idades relataram que sentem o tempo passando por meio dos mesmos sintomas. Uma amiga de Portugal mandou: “Parece até que daqui copiei sua rotina daí”. Lembrar que somos todos iguais nos faz sentir parte da raça humana e serve como alento para nossas dores e ânimo para nossas alegrias. Não estamos sós nas lutas, nos desencontros,  nos sonhos ou nos medos.  Isso nos estimula a continuar.
É claro que alguém discorda, escreve outro ponto de vista a respeito do assunto, e isso também me faz pensar – às vezes até mudar de ideia. Mas a elegância ao expor uma divergência  é  fundamental. Às vezes não consigo responder a todos os comentários, mas leio todos e amo esse bate-papo. Sinto como se estivesse numa mesa enorme trocando ideias com os amigos.
Neste momento de pandemia, em que os encontros presenciais estão suspensos, conseguir manter  vínculos afetivos  é algo precioso para mim. No cenário desanimador de todos os dias, com notícias ruins a todo tempo, as relações humanas cordiais e sinceras nos fortalecem e aquecem nossos corações.