Crônica

Crônica O mesmo amor por Eliana Jacob



Crônica O mesmo amor por Eliana Jacob

Junho, mês dos namorados e a publicidade toda voltada para os apelos em nome do amor. O tema já não apresenta novidades: receitas de boa convivência, promessas para Santo Antônio e frustração para quem está só.  Trocadilhos não faltam: “Quem tem sorte é sorteiro” e uma música do sertanejo universitário também faz campanha contra: “se namorar fosse bom / isso aqui tava vazio / a mulherada tava em casa...”
Mas ontem vi um filme que me tocou bastante sobre esse tema; chama-se “Divã para dois”, com a Maryl Streep e Tomy Lee Jones. Uma história aparentemente simples mostra um casal comemorando 31 anos de um casamento que, para ela, estava muito ruim. Então, procura uma terapia de casal, à qual o marido se opõe totalmente a princípio; entretanto, aos poucos vai aceitando e os dois vão fazendo, lentamente, os dolorosos e imprescindíveis ajustes.
Uma lição belíssima, com um enfoque delicado - quase poético - a respeito da aventura humana na descoberta de si mesmo e do outro. Sim, o melhor de se apaixonar é a descoberta de quem somos pelos olhos do ser amado; é como se lançássemos uma nova edição de nós mesmos. E o interessante do filme é mostrar exatamente isto: podemos nos descobrir mesmo depois de muitos anos ao lado da mesma pessoa.
Perguntas simples feitas pelo terapeuta vão tocando os personagens no decorrer da história, sem deixar de nos cutucar e refletir com eles  aqui, do lado de fora.  O que fica mais claro é que o grande vilão de qualquer relacionamento é o silêncio; como o outro vai nos entender se não falamos o que pensamos ou sentimos? Quando a mulher resolve soltar tudo o que estava engasgado, cheia de certezas e de razão, ouviu outras tantas verdades as quais nunca imaginara.
Concordo com o diretor do filme: todo casamento, por mais feliz que seja, tem seus momentos de crise; porém vale a pena ter paciência e tentar superá-los, pois é bem provável que depois disso, possamos viver a melhor de todas as fases.
Para quem está namorando, não faltaram dicas de programas e sugestões de presentes; para quem está casado há mais de trinta anos, talvez a data tenha passado em branco, pensando no trabalho ou cuidando de netos. Mas como mostra a personagem de Maryl Streep, podemos ser mais felizes com pequenos ajustes no nosso dia a dia. Uma boa ideia,  para começar, talvez seja assistir ao filme.