Crônica

Crônica: Olhar para frente - Por Eliana Jacob Almeida



Crônica: Olhar para frente - Por Eliana Jacob Almeida

2020 está indo embora e não vai deixar saudades. Creio já disseram tudo sobre o ano em que a pandemia nos afastou dos que mais amamos, mas paradoxalmente, nos uniu  em torno de um objetivo maior: sobreviver. Embora, em frangalhos por tantas perdas, vencemos e, neste momento, o ideal é olhar para frente.
Com a previsão da chegada da vacina, podemos voltar a sonhar com os encontros familiares, com as visitas aos amigos queridos, com as grandes festas de casamento ou o simples churrasco no quintal de casa. O que era corriqueiro para nós agora se transformou em luxo: tomar um café na padaria,  sair para comer uma pizza ou fazer uma viagem. Hoje tudo isso nos amedronta; podemos até arriscar uma saidinha, mas sempre com medo, assustados com um espirro ao lado ou uma tosse numa fila de mercado.
Valorizaremos mais os encontros presenciais e para ser sincera, não gosto da ideia de continuarmos com muitas atividades on-line. Gosto de gente, da presença física, de abraçar e de conversar olhando nos olhos.
Estávamos num lugar público, quando um rapaz perguntou para o meu marido: “Você se lembra de mim? E meu marido: “Claro! Você não é parente de fulano?” E ele: “Sim, mas não se lembra de outra ocasião?”...E continuou: “No dia do acidente do seu filho, eu que o peguei da rua e o  levei para a sombra.” Meu estômago revirou! Meu filho tinha uns 7 ou 8 anos, desceu correndo de bicicleta a rua da minha casa e acabou  batendo de frente com outro amigo de bicicleta também. Ficou desacordado. Foi um susto e tanto; naquela noite, dormiu na Santa Casa para observação, mas não foi nada grave - nem com ele, nem com seu amigo - graças a Deus!
Agradecemos muito o amigo naquele encontro, pois no dia mesmo não vimos nada. Aí ele nos contou que há pouco mais de um ano, um motorista de ônibus não viu seu filho de moto e bateu. A moto foi parar debaixo do ônibus e o pneu ficou a meio metro da cabeça do rapaz. Disse ele: “Não aconteceu nada grave também. Foi a mão de Deus”. Dali nos despedimos, emocionados e fiquei pensando em quantas vezes a mão de Deus tem agido em nossa rotina.
Num belo vídeo, o psicólogo Rossandro Kinjey nos lembra que a vida não é uma foto, estática;  é um filme. Todos os dias, vivemos novas experiências, experimentamos emoções diversas, conhecemos pessoas, chegamos, partimos, recomeçamos. O meu desejo é de que  neste Natal nos lembremos disso; que não nos lamentemos por tudo o que passamos, vamos olhar para frente. Ficar olhando para trás não nos garantirá a alegria de que precisamos para reiniciar nossa fé num ano melhor.
E, se por acaso, empacarmos em algumas fotos, que sejam as de todas as vezes que a mão de Deus agiu nossa vida. Um Natal de luz e esperança a todos.