Crônica

Crônica: Olhar para o céu - Por Eliana Jacob Almeida



Crônica: Olhar para o céu - Por Eliana Jacob Almeida


A crônica da semana passada suscitou vários comentários, porque o assunto “telas” é realmente  cheio de armadilhas. Parece óbvio que, no momento de pandemia que estamos atravessando, a ferramenta das telas vem para nos salvar de diversos modos. Entretanto, estudos mostram que há alguns perigos na exposição excessiva aos celulares, computadores e tvs.
Uma reportagem recente  de um jornal televisivo mostrou que durante a pandemia houve  um aumento de 400% de miopia em crianças e adolescentes. Sem escolas, o celular e o computador se transformaram no lugar deles onde eles passam boa parte por dia.
Tenho assistido aos  vídeos de uma oftalmologista chamada Tatiana Gebrael que ensina exercícios diários para se enxergar melhor. Ela sugere que ampliemos nossa visão o máximo que pudermos,  que olhemos o céu e  as árvores – afirma que os olhos gostam do verde. Tudo isso para compensar as horas que nossa vista fica limitada às telas.
Além do mais, há a questão do vício. Sabemos que tudo que nos dá prazer promove em nós altos níveis de dopamina e dispara a produção de  endorfina. Se entramos numa rede social e ali encontramos piadas, vemos pessoas queridas, recebemos likes, elogios, a sensação de prazer nos prende à tela que, cada vez oferece mais do que gostamos. Dessa forma, ficamos conectados ao mundo, mas desconectados de nossa realidade. Perdidos da noção de tempo, negligenciamos nossos afetos, adiamos nossas tarefas, nos afastamos de quem deveria estar mais próximo.
Ao ler minha crônica da semana passada, em que falo de nossas vidas pelas telas, uma amiga pergunta: “Mas isso é bom ou ruim?” Creio que, como tudo na vida, devemos  pensar em moderação.
Há alguns anos, quando meu neto de 13 anos ainda era criança, vendo-o durante muito tempo ao celular, eu ficava intrigada. Achava um desperdício desprezar um dia lindo sentado no sofá ou deitado na cama e dizia: “Caio, vai dar uma volta lá fora, vai ver o céu, vai ver a vida!...”
Agora, percebo que sou eu quem está passando dos limites. Ele entra em casa e, para me zoar, olha para o tio, dá uma piscadinha de cumplicidade e me diz: “Vó, vai dar uma volta lá fora, vai ver o céu, vai ver a vida!...” Caímos na risada, eu finjo que não é bem assim mas,  na verdade, ele está certo!