Crônica

Crônica: Os desafios de conviver – Por Eliana Jacob Almeida



Crônica: Os desafios de conviver – Por Eliana Jacob Almeida

A maior parte dos problemas humanos ocorre em consequência dos relacionamentos malsucedidos: discussão entre irmãos, desacordo entre pais e filhos, encrenca com o vizinho, decepção com o amigo e por aí vai.

Falar e fazer tudo o que queremos sem magoar ninguém ou ouvir e ver o que os outros fazem sem nos magoar é o grande desafio. Um fator que contribui para esses conflitos é a diferença de idade; a maneira de enxergar o mundo difere muito de geração para geração.

Segundo o filósofo Mário Sérgio Cortella, até há pouco tempo, contava-se uma geração a cada 25 anos – uma seria a dos pais; outra, a dos filhos. Como vivemos na era da velocidade, conta-se agora uma geração a cada 10 anos. Isso significa que de 10 em 10 anos, surge uma leva de pessoas pensando e agindo diferente.

Para preparar uma aula há pouco tempo, fiz uma pesquisa e descobri o nome das gerações: há os “baby booomers”, a geração X , a geração Y e a atual geração Z. Dizem que quando acabou a Segunda Guerra Mundial, os soldados voltaram para casa e muitas mulheres engravidaram; houve uma “explosão de bebês”. Hoje esses “baby boomers” têm 64 anos; são pessoas que nasceram rejeitando a guerra, consequentemente, buscaram paz e amor. Valorizam uma carreira sólida, fidelidade à empresa em que trabalham e veem os mais velhos com muito respeito – beijam-lhes a mão.

A geração X é composta de pessoas com 40 anos, inseridas no mundo tecnológico, mas com alguma resistência. Preocupam-se com títulos na carreira, pois valorizam as conquistas obtidas por meio de muito esforço - buscam o mérito.

Em seguida, vem a geração Y – jovens de 25 anos que se importam em subir todos os degraus da carreira para atingir suas metas. Mudam de empregos várias vezes, se for preciso, visando sempre as promoções.

Agora os estudiosos já identificaram a geração Z; são aqueles que nasceram na década de 1990. Lidam com a tecnologia com muita intimidade, são capazes de fazer muitas atividades ao mesmo tempo: assistem à TV, enquanto estudam, ao mesmo tempo em que mandam mensagem pelo celular e escutam música. São impacientes; querem tudo para ontem.

Conhecer tudo isso nos ajuda a entender melhor o mundo que nos rodeia na esfera familiar, no ambiente de trabalho, entre amigos. Cada pessoa, com expectativas diferentes, age de acordo com a programação mental própria de sua geração.

Mais do que nunca, é preciso tolerância. Estou tentando me situar entre as gerações e sinto a necessidade urgente de repensar comportamentos e atitudes. Considerar a tranquilidade dos “baby boomers” que têm dificuldade de se adaptar a esse mundo tecnológico e a pressa e impaciência das gerações Y e Z, sempre com olhos pregados em uma tela – pouco olham para nós. Espremida entre eles, fico torcendo para que também tenham boa vontade comigo, que aprendam com minha experiência e me ensinem as novidades que vão surgindo pelo caminho.

Se queremos ser respeitados em nossos limites e no contexto em que estamos inseridos, precisamos lançar um olhar mais acolhedor aos que são diferentes de nós.