Crônica

Crônica: Ser bom - Por Eliana Jacob Almeida



Crônica: Ser bom - Por Eliana Jacob Almeida

Em todos os jornais se confirma a ideia de que uma das piores mazelas do povo brasileiro é a corrupção; isso não é novidade! Em maior ou menor escala, nas relações de trabalho ou nas afetivas, nos filmes, novelas e na vida real,  dá-se um jeitinho de corromper um aqui, outro acolá e, assim, vamos ensinando  aos mais jovens como atingir os objetivos de forma fácil, rápida e sem escrúpulos.
Pois bem! Há algumas semanas revi “Sete vidas” - com Will Smith- e uma frase do filme me pegou de jeito. Num determinado momento, um personagem que estava sendo agraciado com um grande gesto de solidariedade humana, pergunta emocionado, ao protagonista por que ele tinha sido o escolhido, ao que o outro responde: “Porque você é bom mesmo quando ninguém está olhando.”
O filme é excelente, mas se tivesse só essa frase, já teria valido a pena. É muito fácil fazer caridade usando uma camiseta da instituição para mostrar para todo mundo o quanto somos bons. Faz muito bem para nosso ego participarmos de um evento filantrópico, nos deixarmos fotografar e depois desfilarmos pelos jornais, mostrando o quanto somos solidários. Ou mesmo no dia a dia, oferecermos esmolas ou nos comportarmos com generosidade, respeito ao próximo, sermos justos e sensatos quando há público; isso nos enche de satisfação. Mas... e quando não há ninguém olhando, o que somos capazes de fazer? ou de não fazer?  Essa é uma questão ética para a qual deveríamos dar mais atenção.
O professor e filósofo Mário Sergio Cortella, em seu livro “Qual é a tua obra?” define ética como um conjunto de princípios e valores que você usa para responder as três grandes perguntas da vida humana: Quero? Devo? Posso? Segundo ele, há coisas que eu quero, mas não devo. Há coisas que eu devo, mas não posso. Há coisas que eu posso, mas não quero. Para termos um pouco de paz  e felicidade, nós precisamos querer o que devemos e o que podemos.
Se todos nós fizéssemos essa reflexão diariamente e fôssemos capazes de  viver dentro desse conceito de ética, com certeza  evitaríamos a postura cínica de pararmos diante da tv - ao recebermos notícias chocantes sobre o comportamento humano- e dizer: “Alguém tem que fazer alguma coisa!”, esperando sempre que alguém tome uma providência por nós, que alguém mude o estado das coisas, enquanto ficamos de braços cruzados, indignados, mas paralisados diante do descontentamento.
Espero que a frase do filme – “ser bom, mesmo quando ninguém estiver olhando”- continue batendo na minha cabeça,  me acompanhe  no dia a dia e se instale de vez na minha consciência. E na sua também, meu caro leitor. Pois só assim teremos relacionamentos mais sinceros, conquistas  mais justas e nos orgulharemos de ser um povo melhor.