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Darlan: “O maior capital de uma empresa é sua equipe”



Darlan: “O maior capital de uma empresa é sua equipe”
Ele só tem 26 anos (nasceu em Votuporanga em 21 de setembro de 1980), mas já possui um currículo de gente grande: graduando em Psicologia, bacharel em Direito, pós-graduado em Gestão Estratégica de Pessoas pelo INPG e Lead Auditor pela HGB Engenheiros & Consultores. Esse é Darlan Oliveira Rocha, ex-supervisor da área de Recursos Humanos do Grupo Hoken, empresa eleita por três anos consecutivos (2004, 2005 e 2006) como uma das 150 melhores do Brasil para se trabalhar e ainda como uma das 50 melhores para a mulher trabalhar, segundo pesquisas das revistas Exame – Você S/A . Atualmente, Darlan é técnico de desenvolvimento profissional do Senac de Votuporanga. No dia 3 de julho, ele fará palestra no Teatro Municipal de Fernandópolis, sob o tema “Responsabilidade Social como estratégia para o fortalecimento da empresa”. Como o leitor verá nesta entrevista, Darlan é daqueles que acreditam que o maior capital de uma empresa é o material humano.

CIDADÃO: Nos últimos anos, as corporações têm se preocupado em investir mais nos talentos humanos. Por que as empresas passaram a adotar essa estratégia? Quais práticas podem ser adotadas numa gestão de pessoas diferenciada?
DARLAN: Se nós olharmos para o contexto histórico, chegaremos à conclusão de que nós, seres humanos, nunca passamos por tantas mudanças e transformações como hoje em dia. Diante deste contexto, somos obrigados a nos reinventarmos continuamente. Novos produtos, novos serviços, tudo novo, fazendo com o mercado crie e recrie, surgindo as cópias. Pois, como diria Lavoisier, “nada se cria, tudo se transforma”, podemos fazer um paralelo e dizermos que “nada se inventa, tudo se copia”, diante disto, atualmente é muito fácil copiar produtos; porém, copiar pessoas, comportamentos e atitudes, não. Daí a importância de se investir e valorizar as pessoas que compõem o quadro de uma organização, pois, no ato da prestação ou fornecimento dos serviços, elas são a empresa e será sobre a imagem delas que os clientes fixarão a marca, criando uma empatia ou não. As estratégias a serem adotadas são várias, mas, a principal e mais simples, porém, mais difícil de ser encontrada nas organizações atualmente, é o relacionamento transparente e pautado em valores morais e éticos, que inspirem confiança entre líderes e liderados.

CIDADÃO: De que modo a gestão pela qualidade está associada à distribuição de lucros e maior responsabilidade social?
DARLAN: Vivemos em um país com base capitalista, daí não podemos perder de vista que ter lucratividade é imprescindível a qualquer empresa que queira sobreviver. Havendo lucro as empresas crescem, ampliam suas instalações, geram empregos, movimentam a economia local, recolhem maiores impostos, e uma série de fatores que poderíamos enfileirar aqui. Porém, a lucratividade não pode perder de vista a qualidade do produto ou serviço oferecido, que está ligada implicitamente ao perfil do cliente e do mercado para o qual se atua e da responsabilidade social. Mas, cabe ressaltar que ser socialmente responsável não está ligado simplesmente a realização de obras e ações assistenciais, muito pelo contrário; ser socialmente está ligado uma conduta e que requer das empresas, primeiramente, uma análise crítica dos seus valores e da sua própria forma de atuação perante o mercado e da imagem pelo qual ela quer estar associada e retransmitir ao mercado e às pessoas aonde atua.

CIDADÃO: Como a questão da sustentabilidade está sendo tratada nas empresas em que você atua?
DARLAN: Entendo que todo empreendedor, quando se lança a um novo negócio, tem por interesse a sua perpetuação. Diante disto, apesar do mercado acirrado, vejo que as empresas estão buscando alternativas, sejam elas no mercado interno ou externo. Porém, acima de tudo é importante salientarmos que não há mágica, não há resultado fácil, e sim, muito trabalho, realizado por pessoas/ profissionais competentes e com uma postura diferenciada perante o mercado e frente às dificuldades. Sem perder o otimismo e principalmente, a capacidade em empreender e buscar respostas inovadoras para as mais diferenciadas situações enfrentadas no mercado.

CIDADÃO: Você concorda com o conceito segundo o qual as empresas que são socialmente responsáveis se tornam cada vez mais as melhores empresas, as mais lucrativas, e ocupam as melhores posições no mercado porque conseguem reter os melhores talentos?
DARLAN: Não tenho nenhuma pesquisa como base para afirmar isto, mas, o que posso dizer é o seguinte: sem dúvida alguma, as empresas socialmente responsáveis são as mais lembradas pelos clientes no momento da relação de consumo (compra x venda). E são lembradas não apenas pelos produtos que oferecem, mas, principalmente por sua conduta socialmente responsável. O que faz com que os clientes, por um processo de associação, criem uma imagem positiva sobre a marca e com isto queiram consumir produtos desta empresa em detrimento de outras que não são. Exemplos que tipificam isto que estou dizendo é a atuação de empresas como Natura e O Boticário.

CIDADÃO: Como você vê o programa de Jovens Aprendizes?
DARLAN: O Jovens Aprendizes tem por objetivo capacitar adolescentes preparando-os para enfrentar o mercado de trabalho e todas as suas variantes. Quando uma empresa abre as portas para um jovem participante de um programa como este, mais do que dar uma oportunidade ou um emprego, ela está possibilitando a realização de um futuro. Futuro este que, carregado de sonhos e planos, causará impacto em vários aspectos sobre o nosso cenário e mercado. Hoje, os jovens precisam cada vez mais de referências, líderes que possam ensiná-los agora na prática, o sobreviver em meio a um mercado altamente competitivo e muitas vezes desleal. Daí a importância da oportunidade para este jovem, pois, esta será uma oportunidade que terá influência sobre sua formação profissional, contribuindo em muito para o seu próprio futuro e a criação de uma carreira.


CIDADÃO: O Brasil oferece chances a quem está começando?
DARLAN: Um fato interessante é que o Brasil é considerado como um dos países com maior número de empreendedores, porém, somos o primeiro no ranking de empreendedorismo por necessidade e o 33º (ou seja, antepenúltimo) em empreendedorismo por oportunidade, segundo pesquisa da Global Entepreneurship Monitor, 2002, DIEESE/ IBGE. Isto quer dizer que por essência não temos atitudes inovadoras, criativas e de geração de valor, atitudes estas essenciais ao empreendedorismo. Deixamos para empreender quando não nos restam mais alternativas, ou seja, quando perdermos o nosso emprego e não temos mais chances de recolocação no mercado, ou quando, perdemos o cliente e ao sentirmos a queda no faturamento/ receita, decidimos parar e repensar as estratégias da empresa. Ou seja, nos limitamos a pensar no hoje, acreditando que o amanhã a Deus pertence, esquecendo-nos do fato de que o amanhã é um resultado de um hoje planejado com vistas as superar as nossas limitações e romper com os obstáculos encontrados no percurso. É necessário ter em mente que, para que qualquer empreendimento dê certo, alguns ingredientes são essenciais, e entre eles, estão: muito trabalho, boas pessoas e visão no futuro.