Polícia

De cartão postal a reduto do tráfico



De cartão postal a reduto do tráfico

Os balanços que outrora eram disputados por dezenas de crianças, agora são movimentados apenas pelo vento. Na quadra de areia já não se vê esportistas jogando bola e tampouco os castelinhos formados por aqueles baldinhos ou simplesmente por uma lata de margarina já usada. A pista de caminhada, hoje, está ocupada apenas pelas folhas secas que caem das árvores no inverno e na academia a céu aberto, nada de exercícios, apenas silêncio. 

Depois de mais de 30 anos abandonado, de ser cenário de crimes bárbaros e atividades sórdidas, além de ponto de livre consumo e venda de drogas, o antigo horto florestal foi revitalizado, em 2016, ganhou iluminação e diversas melhorias, deixando de ser um reduto do tráfico para se tornar o mais novo cartão postal da cidade. 
Diariamente, centenas de pessoas eram vistas por lá. Famílias dos quatro cantos da cidade aproveitavam seus parcos horários de folga para passear numa das únicas áreas de lazer de Fernandópolis. Aos feriados e fins de semana o movimento era ainda mais intenso, pois além dos fernandopolenses, moradores da região organizavam pequenas caravanas para um piquenique em meio à natureza. 
Infelizmente, isso não durou muito. Um ano depois de sua abertura para visitação o cenário no Horto Florestal já é bem diferente. Tudo por conta da ineficiência da Prefeitura em sua manutenção. 
Há mais ou menos três meses, um dos zeladores do local teria se desentendido com um suposto grupo de traficantes e usuários de drogas, que foram até lá com interesses escusos. Ao invés de acionar o policiamento, ele mesmo tentou os expulsar do local com um pedaço de madeira. O resultado não poderia ser pior: ele foi violentamente agredido pelo grupo. 
O caso foi abafado pela administração municipal. Poucas pessoas ficaram sabendo do ocorrido e o Horto foi fechado por medo de represálias dos traficantes aos funcionários da administração municipal. A Prefeitura nega este fechamento, já os moradores confirmam.
“A gente nunca sabe quando está aberto ou fechado, então nem perdemos mais tempo de ir lá”, disse uma moradora que pediu para não ser identificada. “Passo aqui todos os dias, está sempre com corrente e cadeado”, completou sua irmã. 
A informação das irmãs foi confirmada no dia seguinte pelo repórter Marco Aurério, da Rádio Difusora. Durante o programa Rotativa no Ar, por volta das 10h, ele foi ao Horto e encontrou os portões lacrados. Interpelada, a Prefeitura disse que não sabia do fechamento naquele dia. 
Na data posterior, a reportagem de CIDADÃO também foi conferir a situação e encontrou o Horto com os portões entreabertos e uma viatura da Polícia Militar estacionada na frente.  Dentro do parque municipal, apenas dois policiais e o zelador. Mais ou menos 15 minutos depois, uma família – pai, mãe e filha – chegou e questionou: “Está aberto?”. “Está sim”, respondeu o zelador.  
“O que a gente tem medo é que eles (prefeitura) abandonem o Horto de novo e volte a ser aquela bagunça de antes. Só quem mora aqui sabe o que a gente passava. Pelo amor de Deus, não deixem que isso aconteça”, conclamou um dos vizinhos do Horto, que também pediu para não ser identificado. 
OUTRO LADO 
Procurada, a Prefeitura de Fernandópolis, por meio de sua secretaria de Comunicação, enviou a seguinte nota: 
Tivemos alguns problemas de vandalismo no Horto, como depredação do ônibus que comporta a biblioteca ambulante, roubos de fio, corte do alambrado, portas amassadas, danificação de torneiras para o bebedouro, entre outros fatos.                        
Temos muitos projetos de educação ambiental inclusive à transformação desse excelente espaço em um Centro de Educação Ambiental.
Para implementar esses projetos e restabelecer a segurança desse Centro de Educação Ambiental, a Prefeitura de Fernandópolis prontamente realizou uma parceria com a Polícia Militar implementando a “Atividade Delegada”, onde haverá presença diária de dois policiais.