Em meio à pandemia do novo coronavírus, o número de casos de dengue segue crescendo em Fernandópolis. No mês de abril, a cidade registrou mais de 180 notificações e, de novo, está em estado de epidemia com 679 casos confirmados da doença. No ano passado, a cidade enfrentou a pior epidemia da história com 4,6 mil contaminados pelo mosquito aedes aegypti.
Em entrevista ao CIDADÃO, o médico infectologista Márcio Gaggini mostra-se preocupado com o que chamou de coinfecção. “Ter infecção pela dengue associada a infecção com o coronavírus aumenta a chance de ter a forma grave da doença e de ir a óbito. É mais um desafio que estamos vivendo”, alertou.
A temporada de chuva vem diminuindo desde março, mas o número de infectados aumenta a cada dia. A constatação é simples: o mosquito aedes aegypti está proliferando dentro das nossas casas, alertou a Simone Ribeiro do IEC - Informação, Educação e Comunicação - no combate a dengue. “Encontramos larvas do mosquito em bebedouros de animais, vasos, recipiente da geladeira, ralos”, enfatiza.
Apesar da epidemia do ano passado com 4,6 mil casos, a cidade volta a registrar a segunda onda ainda com o vírus tipo 2. Aline Furlan, enfermeira da Vigilância Epidemiológica, diz que “temos o vírus e temos o mosquito, por isso continuamos registrando casos da doença”.
Fernandópolis ingressou em estado de epidemia em março e desde então o governo estadual não realiza mais exames para dengue, apenas para casos mais graves e com necessidade de internação.
“Não podemos esquecer da dengue e o combate ao aedes aegypti depende da população”, reforça.
“As pessoas podem aproveitar esse período de quarentena para fazer um pente fino em sua residência começando do quintal até chegar dentro de casa. Não adianta encontrar uma vasilha com água e só jogar a água fora. Tem que lavar, porque os ovos dos aedes ficam grudados na vasilha e ali permanecem e vão eclodir quando tiver novamente contato com a água e vai nascer uma nova leva de mosquito”, explicou Simone.
No sistema de saúde a preocupação dobrou este ano por conta do coronavírus. Os sintomas estão confundindo médicos, alerta o médico Márcio Gaggini. Ele reforça ainda que a pessoa com dengue tem que ter cuidado redobrado porque tem uma queda na imunidade. “Felizmente não temos nenhum óbito por dengue em Fernandópolis”, acrescentou.
A aproximação do inverno não é motivo para relaxar no combate aos focos criadouros do mosquito aedes aegypti. Apesar do período mais seco isso não indica que o mosquito deixa de proliferar, já que ele está dentro dos lares. Além disso, a região não tem histórico de períodos de frio mais intenso o que poderia reduzir a infestação. “Temos que ter atenção total”, diz Aline.