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Desenho auxilia na integração social



Desenho auxilia na integração social
Ação, ficção e muita imaginação. Assim são conhecidas as histórias em quadrinhos. Textos de fácil leitura e ilustrações que alimentam a mente caracterizam a fácil compreensão dos temas abordados em gibis, fanzines, mangas ou tiras.

Porém, tópicos sociais e mais ligados à realidade são preferidos pelo desenhista Tiago Adolfo da Silva Pizzolio. Professor de artes da Casa da Família de Fernandópolis, o ilustrador ensina cerca de 50 adolescentes de 15 a 17 anos a fazer traços artísticos e abordar assuntos relacionados ao cotidiano de cada um.

Os alunos são incentivados a desenhar e criar histórias sobre drogas, saneamento básico, moradia, higiene, violência, alimentação, entre outros, para refletir, na mente e no papel, a própria condição de vida. “Conheço as vontades e os problemas deles através do desenho”, disse Pizzolio, citando o exemplo de um jovem que, ao retratar a casa onde mora com mais cinco pessoas, ilustrou uma única cama, pois todos dormiam no mesmo lugar.

“Gosto das aulas, eu não sei desenhar, mas o que aprendi tem me ajudado muito no trabalho escolar”, disse Nádia Lizie, de 16 anos, que é agente jovem. Trabalhos ilustrativos são utilizados para dinamizar o aprendizado e a sintetizar a divulgação de um tema. Ingressado recentemente na Igreja Adventista, Tiago projeta uma forma de doutrinação através dos quadrinhos.

“Gosto de ação, porém mexer com o jogo psicológico dos personagens, desvendar mistérios com pistas bem distribuídas ao longo da história é o que eu prefiro”, afirmou o desenhista. É dessa forma que pretende realizar o trabalho junto ao cristianismo. Retratando as dúvidas e o maniqueísmo – bem e mal – de anjos e demônios.

É de maneira educativa e totalmente informativa que Pizzolio trata as histórias em quadrinhos. Os desenhos do artista podem ser encontrados em cartilhas e folhetos da Prefeitura Municipal de Fernandópolis.



Método de aula
Tanto no curso particular que oferece quanto no do Fundo de Solidariedade, a metodologia de aula é basicamente a mesma. A única diferença é que para crianças carentes os temas abordados são sociais e as lições são passadas em grupo.

“Qualquer um pode desenhar”, é o que garante Tiago. Logo na primeira aula o professor faz uma avaliação do traço do aspirante a desenhista. Com uma simples reta e um círculo, Pizzolio identifica a lapidação que fará de acordo com o talento bruto ou com a inexistência de conhecimento de cada um.

Os primeiros passos são conhecer o material utilizado, saber a postura correta, ter organização e definir o traço. “O melhor aperfeiçoamento é a prática, apesar de que a teoria é necessária”, disse. Não só a técnica de contorno e sombras é ensinada, mas também a pintura e a arte final.

Os aperfeiçoamentos de sombra e volume ficam para as fases finais. “Nos quadrinhos cada formato de balão e a estrutura dos quadros tem representatividade própria”, explicou. A caligrafia faz parte do desenho e são traçadas de acordo com cada estilo.



Desenhista nato
Formado em Desenho Industrial há quatro anos pela Universidade Mackenzie, Tiago Pizzolio aperfeiçoou os traços e conhecimentos na faculdade. Desde os cinco anos de idade desenhava pássaros inventados da própria cabeça enquanto assistia desenho animado.

“Dava para perceber que os meus traços eram bons, não um simples desenho de criança”, revelou o desenhista. Aos 17 anos, a convite da mãe, fez painéis para uma decoração de Baile do Havaí, na cidade de Penápolis. Os motivos de araras e frutas foram a primeira fonte de renda vinda da arte. Após esse trabalho, foi convidado para ilustrar um baile de carnaval, os desenhos de gênios e Taj Mahal demoraram duas semanas para ficarem prontos.

Por ter estudado em São Paulo, durante o período de curso, realizou trabalhos como free-lancer. Dentre os mais expressivos estão estampas para a famosa grife Daslu, desenhos para ilustrar o Programa televisivo Auto-Esporte e desenhos animados para o site da Cofap.

Quando a família decidiu abrir uma pizzaria em Fernandópolis, mudou-se para cá, para auxiliar os parentes. Porém, como o campo é escasso, começou a dar aulas de desenho. Além dos alunos na Casa da Família, há um mês começou a dar aulas particulares. O curso tem o valor de R$ 30,00 mensais e é destinado a quem deseja aprender a técnica da arte. Atualmente, Pizzolio conta com seis discípulos.

Com a graduação de Desenhista Industrial e a região rica em indústrias moveleiras, Tiago pretende entrar no ramo de criação de design de móveis.