Na semana que marca o Dia Mundial do AVC, data criada pela Organização Mundial de Saúde dedicada a alertar a população sobre o Acidente Vascular Cerebral, também conhecido como derrame, saíram novas recomendações para prevenir o AVC.
O AVC é uma das principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo. No Brasil é o responsável pela maioria das internações hospitalares, sendo considerado um problema de saúde pública.
Cerca de 110 mil brasileiros morreram de derrame em 2023, segundo dados do Portal de Transparência do Centro de Registro Civil, com base em atestados de óbito. A maioria dos casos, cerca de 90%, no entanto, é prevenível, de acordo com a Associação Mundial do AVC.
Estima-se que uma em cada quatro pessoas terá um AVC ao longo da vida. Ele pode acometer qualquer pessoa, independente de idade ou gênero, e leva consequências não só aos pacientes, mas também aos seus familiares e amigos.
Em 2023, em entrevista ao CIDADÃOnet e Rádio Difusora FM, a médica neurologista e neurofisiologista clínica Dra. Francisca Goreth Malheiro Moraes Fantini lembrava que "nós temos os fatores que podemos modificar e os fatores que não podemos modificar como a causa na etiologia do AVC. O que não podemos modificar? A idade, o sexo, a raça e a história familiar. Podemos modificar, a hipertensão, o diabetes, uso de drogas, uso de anticoncepcionais, o tratamento das patologias associadas, problemas cardíacos, da carótida, o sedentarismo e obesidade".
A Associação Americana do AVC e a Sociedade Americana de Cardiologia lançaram no último dia 21 novas diretrizes para a prevenção do acidente vascular cerebral.
No documento, os especialistas pedem a profissionais de saúde que identifiquem e tratem os fatores de riscos de seus pacientes, como pressão arterial, taxas elevadas de colesterol e glicemia e obesidade. É muito importante, ressalta o documento, atuar para prevenir o primeiro derrame, já que após o evento o risco de uma pessoa sofrer outros acidentes vasculares cerebrais é maior. São oito recomendações:
Medidas preventivas para o AVC
Para evitar o AVC, as associações médicas recomendam oito medidas para toda a população, independentemente do risco individual:
1. Alimentação
A dieta considerada mais saudável pelos especialistas é a chamada dieta mediterrânea, que tem como base frutas, vegetais, grãos integrais e carnes magras. Por outro lado, a dieta mediterrânea é pobre em açúcar, alimentos processados e carne vermelha.
2. Atividade física
Exercícios físicos regulares são essenciais para manter a saúde em dia, pois o sedentarismo é fator de risco para inúmeras doenças, incluindo as cardiovasculares.
Desse modo, as associações recomendam pelo menos 150 minutos semanais de atividade aeróbica moderada ou 75 minutos de exercícios vigorosos por semana ou, ainda, uma combinação dos dois.
Dados mostram que embora essa seja a orientação para a prática de exercícios, qualquer atividade física reduz o risco de AVC em pessoas sedentárias.
3. Peso adequado
Do mesmo modo, manter o peso dentro dos limites considerados saudáveis é muito importante para prevenir doenças cardiovasculares.
A medida do IMC, determinada pelo peso dividido pela altura ao quadrado, auxilia no diagnóstico de sobrepeso e obesidade; no entanto, por não considerar a composição corporal (quantidade de massa muscular, de gordura e ossatura), essa pode não ser uma medida fidedigna.
Por outro lado, a medida da circunferência abdominal e da relação cintura-quadril (RCQ) são mais precisas para determinar se um indivíduo tem obesidade. Assim, veja como medi-la:
Circunferência abdominal - Com uma fita métrica, dê a volta em torno do umbigo. Os valores considerados de risco para AVC são:
Mulheres:
> 80 cm: risco aumentado de eventos cardiovasculares
> 88 cm: aumento significativo de risco de eventos cardiovasculares
Homens:
> 94 cm: risco aumentado de eventos cardiovasculares
> 102 cm: aumento significativo de risco de eventos cardiovasculares
Relação cintura-quadril (RCQ)
Divida a medida da cintura pela medida do quadril. Os valores que indicam aumento de risco para AVC são:
Mulheres:
> 0,85 cm: risco aumentado de eventos cardiovasculares
Homens:
> 0,90 cm: aumento significativo de risco de eventos cardiovasculares
4. Sono
Dormir o suficiente é fundamental para a saúde no geral. Além disso, a apneia do sono (pausas respiratórias repetitivas durante o sono) e a hipopneia (redução do fluxo de ar durante o sono) aumentam o risco de AVC.
Pessoas que sofrem cinco ou mais episódios de apneia ou de hipopneia em uma hora de sono têm risco maior de sofrer um AVC, independentemente da ausência de outros fatores de risco.
5. Glicemia
Pré-diabetes e diabetes tipo 1 e 2 são fatores de risco isolados para AVC. Veja os valores da glicemia de jejum – exame que mede a taxa de açúcar no sangue em indivíduos que não ingeriram nenhum alimento nas últimas oito horas – considerados normais e altos:
Normal: < 100 mg/dL
Pré-diabetes: 100 – 125 mg/dL
Diabetes: > ou igual 126 mg/dL
6. Pressão Arterial
Indivíduos hipertensos têm mais risco de sofrer um AVC. A AHA recomenda as seguintes medidas para diagnosticar a pressão alta:
Hipertensão grau 1: 130 a 139 mmHg de pressão sistólica (o primeiro número citado quando o médico afere a pressão arterial) ou 80 a 89 mmHg de pressão diastólica (o segundo valor).
Hipertensão grau 2: > ou igual a 140 mmHg de pressão sistólica ou > ou igual a 90 mmHg de pressão diastólica.
7. Lipídios
Lipídios como colesterol e triglicerídeos altos aumentam o risco de AVC. Desse modo, é preciso controlar os níveis de colesterol. Assim, mantenha o LDL, chamado de “colesterol ruim”, em níveis inferiores a 100 mg/dL.
8. Tabagismo
O cigarro é o principal fator de risco modificável para AVC. Desse modo, o documento das associações médicas ressalta a importância de se adotar medidas preventivas para evitar ou cessar o uso de tabaco e de cigarros eletrônicos, já que, por serem produtos novos, ainda não há estudos com fumantes desses dispositivos por prazos longos.