Saúde

Dois anos convivendo com o vírus que deixou marcas na população



Dois anos convivendo com o vírus que deixou marcas na população

Na próxima sexta-feira, 25, vamos completar dois anos da chegada oficial do coronavírus em Fernandópolis, caso reconhecido através de exame laboratorial. 730 dias depois, a cidade já contabiliza 21,8 mil contaminados reconhecidos por exame e a cada dois dias registrou uma morte por Covid-19. 
O vírus ganhou mutações, Gama, Beta, Alfa, Delta, a Ômicron e agora surge nova mutação, a Deltacron, uma mistura das variantes Delta e Ômicron que está sob análise, mas que faz acender novamente a luz de alerta em momento que estão sendo levantadas as restrições como o uso de máscara ao ar livre e ambientes fechados. Permanece obrigatório a máscara em unidades de saúde e transporte público. “Mudou tudo na nossa vida. Tivemos que nos adequar as mudanças impostas, ao isolamento, de não poder mais abraçar as pessoas, perdemos pessoas queridas e ainda estamos lutando contra esse vírus”, comentou a advogada Suzy Rocha. Já vacinada, ela contraiu o vírus recentemente na “onda Ômicron” e não apresentou muitos sintomas.
“Tudo ficou diferente. Antes a gente tinha liberdade, tivemos que ficar confinado, sem poder abraçar os familiares e amigos. Liberdade é tudo” lembrou o empresário do ramo de seguros Milton Luiz da Silva, o Reizinho. “A gente tem que se acostumar, mas foi uma tristeza muito grande ver a cidade fechar. Mexeu muito comigo. Esperamos voltar logo ao normal”, enfatizou.
Desde que o vírus chegou em Fernandópolis, o infectologista Márcio Gaggini alertava para que houvesse respeito ao vírus. “É preciso respeitar esse vírus e entender que a situação é muito séria”, alertava. 
Na linha do tempo, a pandemia da Covid só começou a impactar o fernandopolense em maio de 2020 quando o primeiro grande evento da cidade, a Expô, foi cancelada. No mês seguinte, em junho, as primeiras mortes começaram a fazer parte de uma rotina que acompanhou a vida de todos. A partir de junho de 2020, a cidade não passou um mês sem registrar morte por Covid. 
Levantamento realizado por CIDADÃO, com base nos boletins epidemiológicos divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde, constatou que das mais de 380 mortes por Covid, quase metade dos óbitos registrados ocorreu na faixa etária entre 60 (22%) e 70 anos (25%), seguido depois por 80 anos (17%), 50 anos (16%), 40 anos (10%), 90 anos (6%). Os menores índices ficaram nas faixas de 30 (3%) e 20 anos (1%). 
Os meses de março, abril, maio e junho do ano passado foram os mais letais da pandemia, exatamente no momento que a campanha de vacinação, iniciada em janeiro, começava a ganhar força. 
“Foram os piores momentos da pandemia”, comentou o empresário Renato Colombano da Funerária Fernandópolis. “Começaram a faltar urnas para sepultamento e materiais de proteção. Foi um desespero, num cenário que já era muito triste, por conta de as famílias terem que sepultar seus entes queridos sem velório e durante a madrugada, seguindo o protocolo. Foi tudo muito triste e esperamos que isso não volte a ocorrer”.
Na escalada dos contaminados, Fernandópolis precisou de quatro meses para sair do primeiro até atingir o milésimo caso em julho. A marca dos 5 mil contaminados foi alcançada em janeiro de 2021, a de 10 mil em junho. Em janeiro deste ano, a cidade superou duas marcas com a “onda ômicron”, a de 15 mil e a de 20 mil casos.  Felizmente o número de casos não refletiu em internações e óbitos dado o efeito bem-sucedido da campanha de vacinação.
Hoje, com 95% da população vacinada a partir dos 5 anos, Fernandópolis já pode respirar mais aliviada com a baixa nos números de óbitos e de contaminados o que levou o governo do Estado a flexibilizar o uso de máscara ao ar livre. Na última semana epidemiológica, até quinta-feira, o número de casos caiu para 16. 
O governador já se adiantou e na quinta-feira, 17, liberou a máscara, inclusive para locais fechados. 
Mas, ainda é possível encontrar pelas ruas da cidade muitas pessoas que decidiram manter o uso da máscara. Por trás da aparente tranquilidade há sempre o medo de uma nova variante aparecer e assombrar a todos novamente.

O gráfico mostra o número mortos pela doença em Fernandópolis por faixa etária