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Dos estúdios do Projac para o Centro Social de Menores



Dos estúdios do Projac para o Centro Social de Menores
Para quem gosta de projetos audaciosos, este é mais um. Ele veio dos Estúdios do Projac da Rede Globo direto para o Centro Social de Menores de Fernandópolis, através de uma orquestra de violinos desenvolvida na favela de Recife, que se apresentou no programa do Faustão. O coordenador do projeto é um juiz da cidade, que se apaixonou pelo trabalho e acabou abraçando a causa.

Ao ver a apresentação da orquestra, os diretores do projeto “Os Sonhadores” de Fernandópolis tiveram a brilhante idéia de lançar o mesmo desafio ao juiz da Vara da Infância e Juventude, Evandro Pelarin.
E para os que conhecem o juiz, sabe que ele não fugiu da raia. Bastaram alguns telefonemas e, em uma semana, o projeto ganhou vida, com a ajuda do maestro Luís Fernando Paina e do médico Luiz Flávio Franqueiro – que, embora não toque nenhum instrumento, é fã de carteirinha da boa música.

Através da verba de um voluntário anônimo, “Os Sonhadores” ganharam 20 violinos e, em seguida, mais um por parte do vereador eleito André Pessuto. As aulas são realizadas de manhã e à noite, durante toda semana. O professor Gutenberg de Oliveira ministra as aulas práticas e Elionai Fortunato Oliveira junto com o maestro Luís Fernando, as teóricas. Segundo o diretor do projeto, o médico Luiz Flávio, os resultados são muito positivos. “Os resultados são muito positivos, as crianças mudaram por completo. Nós temos acompanhado essas crianças, elas estão bem cuidadas e seguem à risca o que nós pedimos. Este é um trabalho que desenvolvemos todos juntos. Temos nossas dificuldades, principalmente financeiras, pois temos uma despesa mensal de R$ 1,5 mil. O nosso objetivo é cuidar dessas crianças e evitar que elas saiam para a rua e fiquem marginalizadas. E o maior beneficiado é a própria população. Dessa forma a gente gostaria de poder contar com a ajuda da sociedade”, disse Franqueiro.

O desempenho da garotada tem alegrado o coração não só da diretoria, mas dos próprios pais que reconhecem a mudança de vida dos filhos. “Eu trago meu neto e o filho de uma amiga em todos os ensaios. Ele ama vir ensaiar, inclusive tem me cobrado um violino para estudar em casa. E eu estou lutando na costura para ver se lhe dou um, pois ele merece. Tanto ele quanto o coleguinha mudaram muito os hábitos. Os pais perceberam a mudança. E muitas outras crianças que eu acompanho de perto também mudaram. Crianças que davam trabalho e que quantas vezes eu chorei de ver o sofrimento dos pais. Eu venho trazer com prazer o meu neto e estou me esforçando para comprar esse violino para dar de presente para ele. Eu levanto às 5h e às 6h já estou no meu serviço. Saio correndo às 18h50, chego em casa, arrumo meu neto, passo na casa do colega e trago os dois com prazer e fico esperando até terminar. Vale a pena”, elogiou Ana Maria Fernandes, 58, avó de Weslei Garcia Mantovani, 8.

Já a mãe de Leonardo Sor de Milane, 14, Solange Sor de Milane, 40, que trabalha na Coleta de lixo, não tem a mesma alegria de ver o filho ensaiar, devido ao trabalho. “Meu filho mudou muito depois que entrou nessa orquestra. Ele não fica nem um dia sem vir aqui, fica até ansioso esperando chegar o dia. Hoje eu vim mais uma vez para vê-lo tocar, mas como eu trabalho das 15h às 21h30 eu ainda não consegui, porque quando eu chego já terminou o ensaio. Mas eu gostaria muito de vê-lo tocar”, disse Solange emocionada.
São testemunhos como este que têm movido o coração dos voluntários do projeto “Os Sonhadores”. A esperança de mudar a vida desses jovens é que tem lhes feito arregaçar as mangas e legislar por uma causa que não é própria.