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“É preciso foco para voltar ao mercado de trabalho”, diz consultora



“É preciso foco para voltar ao mercado de trabalho”, diz consultora

O Mutirão do Currículo realizado pela Acif – Associação Comercial e Industrial de Fernandópolis -  no feriado de terça-feira, 9, revela apenas uma faceta do drama do desemprego. Foram 150 pessoas que apareceram com currículo na mão e uma esperança em poder voltar ao mercado de trabalho. Para esses trabalhadores, que engrossam a estatística do desemprego, a Acif realizou um processo de acolhimento. A vice-presidente da entidade, Viviane Godoy Izaias, que é consultora de RH e psicóloga, foi quem propôs o mutirão, como forma de atualizar o Banco de Currículos da Acif e melhor direcionar aqueles que buscam por uma oportunidade de trabalho. “Foi muito positivo porque percebemos que as pessoas estão interessadas em uma nova oportunidade no mercado de trabalho. Vimos candidatos de diferentes perfis, que se enquadram na realidade que nossa cidade precisa”, comentou. O objetivo do trabalho é orientar as pessoas sobre a melhor forma de preparar o currículo. “O primeiro passo é organizar esse currículo, que é a nossa apresentação pessoal. Isso já melhora a possibilidade da pessoa conseguir uma melhor apresentação frente as vagas que ela se candidatar. E depois focar no que melhor sabe fazer. Ninguém é bom em tudo. Temos que focar naquilo que somos bons”, diz Viviane nesta entrevista ao CIDADÃO: 

A Acif realizou no feriado de 9 de julho, o Mutirão do Currículo. Que avaliação é possível fazer desse projeto?
Foi muito positivo porque percebemos que as pessoas estão interessadas em uma nova oportunidade no mercado de trabalho. Observei que eles investiram tempo e energia para estarem aqui. Vimos candidatos de diferentes perfis, que se enquadram bastante na realidade que nossa cidade precisa. Tivemos aqui pessoas que estão procurando o primeiro emprego, pessoas mais maduras com vasta experiência, pessoas que se mudaram para Fernandópolis recentemente, trazendo bagagem de outras cidades, e que estão procurando se encaixar no mercado de trabalho.  Creio que esse trabalho vai surtir resultado positivo nas vagas que temos em aberto e nas vagas que temos para abrir também. 
Na sua explanação, você bateu muito no foco. Como ter foco em um momento que a pessoa está na lista dos desempregados?
Na verdade, se eu consigo direcionar meu foco para aquilo que tenho experiência e consigo mostrar para as empresas que tenho um perfil adequado para aquela vaga, as portas se abrem. O que noto, é que as pessoas vão ficando desesperadas porque estão na fila do desemprego há um, dois, três meses ou mais, e começam a bater em todas as portas e não dá para abrir todas as portas, a gente consegue abrir determinada porta. Então, isso é o principal, o foco. Eu, enquanto psicóloga, com minha experiência na em psicologia e consultoria na área de Recursos Humanos, se bater numa porta de vendedora, essa porta será fechada para mim, porque não tenho habilidade, conhecimento, não vou conseguir passar para aquela pessoa que está recrutando, que sei fazer aquilo. O principal é a gente saber direcionar o foco. O que sei fazer? O que vou conseguir fazer bem feito? Ninguém é bom em tudo, então, temos que focar naquilo que somos bons. E todo mundo é bom em alguma coisa. Direcionar esse foco é essencial neste momento.
Recebendo essas informações e direcionando o foco essas pessoas vão aumentar a chance de emprego?
O que observo muito, enquanto consultora, é que os currículos chegam desatualizados, com informações erradas. O primeiro passo é organizar esse currículo, que é a nossa apresentação pessoal. Isso já melhora a possibilidade da pessoa conseguir uma melhor apresentação frente as vagas que ela se candidatar. E tem o nosso “Projeto de Vida” que busca ajudar essas pessoas. Já tem empresas que estão direcionando vagas para o Projeto de Vida. São oportunidades para essas pessoas que vieram aqui buscar esse direcionamento. Na última edição do projeto, a minha consultoria conseguiu empregar três pessoas em vagas para diferentes empregos. Após o projeto, essas pessoas vão encontrar uma maior abertura e maior oportunidade na busca por um emprego. 
Nesse primeiro contato com todas as pessoas que vieram ao Mutirão, qual foi a expectativa que eles traziam?
Eles chegaram bastante tensos, sem saber o que ia acontecer. Conseguimos acolhê-los e mostrar que estamos aqui para ajudá-los a conseguir um trabalho, para orientá-los frente a esse desejo. Creio que eles saíram mais animados desse encontro. Explicamos a eles, que num primeiro momento era a arrecadação de currículos, palestra e futuras orientações. Isso fez baixar a ansiedade e passar mais tranquilidade.
Eles saíram do Mutirão alimentando uma maior esperança?
Com certeza, esse foi o nosso objetivo levar a eles esperança e formação.
Sobre o Projeto de Vida, nesse módulo que começa nesta próxima semana, a ideia já é envolver esse pessoal?
Isso, nosso objetivo é envolver esse pessoal. A gente quer trabalhar com pessoas que realmente estejam empenhadas em melhorar o seu futuro. O projeto começa no dia 16, terça-feira, as inscrições estão sendo feitas na Associação Comercial. Tem um processo de seleção que é simples. São 120 selecionados para esse projeto que é composto de oito palestras e no último dia a pessoa vai entregar o currículo e vamos estar direcionando para ajudar a conseguir uma recolocação. Durante o processo, eles vão aprender a organizar o currículo, como se portar em entrevistas e também focar no projeto de vida deles, o que eles querem, o que desejam no mercado profissional.
Nos módulos anteriores, do pessoal que iniciou o projeto e terminou, qual foi a avaliação?
Eu verifiquei, principalmente com o grupo que a gente conduziu no WatsApp que eles se envolveram muito. A partir do início do projeto, percebemos que eles foram ganhando ânimo e passaram a questionar sobre melhor apresentação do currículo, dicas. Mas, o que mais chamou a atenção foi o fato deles encontrarem as características de trabalho em que eles mais se adequavam. 
Tanta gente vir em um feriado participar de um Mutirão do Currículo, dá uma mostra do tamanho do problema do desemprego, não?
Sim. A queda na economia nos últimos anos foi muito grande e a perspectiva de melhora que havia, ainda não está acontecendo. Mas, a gente nota que as pessoas estão se empenhando em buscar novas oportunidades. É bom frisar que o perfil dos candidatos para determinados postos de trabalho mudou. Em virtude desse problema econômico, da redução de vagas de trabalho, percebemos as pessoas buscando novos conhecimentos, se aperfeiçoando. Geralmente as pessoas mais afetadas pelo desemprego são aquelas sem qualificação. Foi para isso que realizamos o Mutirão e vamos realizar mais um módulo do Projeto de Vida.