Geral

Em defesa da Natureza



Em defesa da Natureza
O Comando de Policiamento Ambiental da Polícia Militar do Estado de São Paulo, através da 2ª Companhia, promoveu a 10ª semana da educação ambiental de Fernandópolis, encerrada nesta sexta-feira com palestras para estudantes, feitas por autoridades no assunto. O comandante da 2ª Cia., Capitão PM Antonio Umildevar Dutra Junior, designou para coordenar os trabalhos o Cabo PM Elvio Antunes Fantini. Feliz escolha: o cabo Fantini, um jovem nascido em Fernandópolis, é entusiasta da questão ambiental. Nesta entrevista, o militar fala do Programa Beija-Flor, desenvolvido com a comunidade estudantil, e outras questões relativas ao meio-ambiente – um trabalho de conscientização fundamental para a preservação do ecossistema.

CIDADÃO: No que consiste o Programa Beija-Flor?
FANTINI: Esse programa foi idealizado para atender aos pedidos das escolas, no sentido de levar palestras e orientações aos estudantes, sobre a questão ambiental. Tínhamos que definir uma faixa etária que atendesse a todos, então pensamos na 7ª série, tendo em vista que esses alunos têm 13, 14 anos, ou seja, têm todo um futuro pela frente. Criamos o nome – havia infinitas possibilidades de nomes tirados da Natureza. Escolhemos o beija-flor por causa da parábola sobre esse pássaro tentando sozinho apagar o incêndio da floresta. Ele levava algumas gotas de água no bico e as jogava sobre as chamas. Quando alguém lhe disse que aquilo não adiantaria, ele respondeu: “Estou fazendo a minha parte!”. Enfim, nossa intenção é conscientizar os alunos mostrando a eles que cada um deve desempenhar o seu papel, fazer a sua parte, garantindo uma melhor qualidade de vida para as gerações futuras. Esse é o propósito: conscientização e indicação de caminhos.

CIDADÃO: A questão ambiental é evidentemente universal, mas vocês procuram enfocar os problemas localizados, específicos da nossa região?
FANTINI: Nós abordamos seis temas. No programa em si, a gente começa falando sobre o papel da Polícia Militar, e também sobre segurança. Daí, exibimos o papel da Polícia Ambiental, mostrando o nosso dia-a-dia, a parte de fiscalização. Tentamos levar os alunos a pensar e desenvolver conosco o tema que será desenvolvido. Os temas são: água, desmatamento, lixo, animais...Os alunos são induzidos a escolher e desenvolver seu tema, sempre centralizado na realidade local e regional. Procuramos mostrar as coisas ruins que têm ocorrido na nossa região, como a degradação do Ribeirão Santa Rita, problemas relacionados à caça e à pesca predatórias, os problemas no Rio São José dos Dourados, principalmente na época da piracema. Realmente, a abordagem é prioritariamente quanto aos problemas regionais, claro que sempre com algumas pinceladas das questões ambientais do planeta.

CIDADÃO: Como está o projeto de reflorestamento do Ribeirão Santa Rita?
FANTINI: Não estou acompanhando de perto essa questão. Sei que o Grupo Arakaki desenvolveu um projeto de reflorestamento, e toda iniciativa que vier a favor do meio-ambiente é louvável e digna de elogios. Nossa preocupação é exatamente que ocorra o prosseguimento desses projetos. Muitas entidades nos procuram querendo fazer o reflorestamento do Ribeirão Santa Rita, só que há certos períodos, como agora, quando quase não há chuvas, em que isso não é possível. Tem que haver uma logística, definir quem vai cuidar das plantas etc. A própria população muitas vezes prova não ter consciência, porque ela solta animais ali na região da nascente, e esses animais comem as mudas.

CIDADÃO: Por falar em conscientização, como vai a questão do pescador – amador ou profissional? Está ocorrendo uma mudança de atitude, no sentido da preservação ambiental, ou a polícia ainda tem que multar e autuar?
FANTINI: Através do Programa Beija-Flor, temos percebido que os ex-alunos têm auxiliado muito nesse processo de conscientização. Constantemente acontece o seguinte: quando vamos fiscalizar uma embarcação, vemos que está tudo certinho, quanto à licença e aos equipamentos, e o pescador revela que foi orientado pelo filho. Antigamente, a mentalidade era de tirar bastante peixe do rio, não importando o tamanho, além da utilização de equipamentos proibidos. Isso mudou bastante. É bem verdade que ainda há gente que age de forma irregular, e que tem que ser autuada pela fiscalização. Mas no geral, a situação mudou muito. Ao longo dos anos, têm ocorrido substanciais mudanças no comportamento do pescador.

CIDADÃO: E a situação do manejo e reflorestamento da flora nativa? Qual é a avaliação possível de se fazer na região noroeste do Estado de São Paulo?
FANTINI: A gente percebe, através de índices, que a situação tem melhorado. As próprias empresas têm feito seu papel. Antigamente, não era errado falar que a nossa região estava entre as mais degradadas do Estado. Não vou afirmar que isso mudou completamente, mas as mudanças já são perceptíveis. O pessoal tem feito replantios, tem cuidado da flora.

CIDADÃO: O cidadão que tem uma árvore nativa em seu quintal, e diagnostica que essa árvore está morta e em risco de cair, o que deve fazer?
FANTINI: Procurar o serviço de arborização urbana da prefeitura. A administração mandará um engenheiro até a casa do cidadão e ele fará uma avaliação do caso. Seu laudo definirá se a árvore deve ou não ser cortada. No caso de árvores situadas no âmbito rural, o interessado deve procurar o Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais - DEPRN, no escritório de Votuporanga.

CIDADÃO: O que é o Curumim?
FANTINI: O Curumim é um jornal interno da corporação, cujo objetivo é esclarecer a população sobre as nossas atividades na questão ambiental, nas ocorrências. Enfim, divulgamos o trabalho que é realizado pela Polícia Ambiental, do 4º Batalhão de São José do Rio Preto. É um jornal educativo, voltado para a ecologia, que mostra o dia-a-dia da Polícia Ambiental, e sempre traz uma matéria interessante sobre ecologia.

CIDADÃO: Em 2006, li uma matéria no Curumim sobre a captura de uma onça parda no município de Ouroeste, tinha até a foto da onça. A Natureza não é mesmo surpreendente, no que diz respeito à sua capacidade de resistir à ação predatória do homem?
FANTINI: Sem dúvida. A onça até faz falta na região, porque ela é o predador natural da capivara. A onça depende de um maciço grande de matas para sobreviver, seu território tem que ser grande. As pessoas se surpreendem com o aparecimento de uma onça nessa região porque sabem que nossas florestas foram muito degradadas. Na minha opinião, as onças, por terem hábitos noturnos, serem excelentes nadadoras e terem capacidade de andar muitos quilômetros num dia, pode perfeitamente vir de outras regiões, e aparecer por aqui em busca de alimento. A jaguatirica ainda a gente encontra nas matas desta região. Agora, a aparição da onça é espantosa mesmo.

CIDADÃO: Qual é a grande preocupação da Polícia Florestal, hoje em dia?
FANTINI: É justamente atrair a atenção da sociedade para as questões ambientais. Um mundo bom de se viver é direito de todo mundo, porém é também dever de todo mundo. A preservação não compete apenas à Polícia Ambiental. Somos representantes da sociedade no exercício da fiscalização, mas trabalhamos em conjunto com a sociedade. Assim, esta semana da educação ambiental acontece justamente para conquistar a participação e a conscientização da sociedade. Tudo o que fazemos é pensando lá na frente: garantir às futuras gerações melhor qualidade de vida.