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Escola “José Belucio” quer escrever a história do patrono



Escola “José Belucio” quer escrever a história do patrono
A iniciativa partiu do diretor da escola, Carlos Antonio de Jesus Cabral. Ele quer ver escrita a história de vida do pecuarista José Belucio, morto há 25 anos, e que, desde 1987, por força de um projeto de Lei do então deputado estadual Edinho Araújo, dá nome ao estabelecimento que Cabral dirige.

Cabral incumbiu a professora de História Rita Cristiane Laurente de realizar o projeto. Rita falou com a viúva do patrono, dona Delvina Raglio Belucio, e com Diná, a filha mais velha. Detalhe: Diná já foi diretora da escola, quando ainda se chamava EEPG Agrupada do Bairro Santo Antonio.

Hoje, a “EE José Belucio” funciona no Parque Albino Mininel – seu endereço desde 1993. Na última quinta-feira, o retrato de José Belucio, num corredor da escola, estava rodeado de flores e com uma pequena mesa sob a foto. O diretor e as professoras aguardavam a chegada de Diná e Dona Delvina, que iriam levar algumas raridades para doar à escola: objetos pessoais do patrono.

Rodeadas por membros do corpo docente e num clima de emoção, mãe e filha retiravam de duas sacolas os objetos do fazendeiro: relógio, o chaveiro da caminhonete, barbeador, fotos, documentos pessoais – até as certidões de casamento e óbito.

Um dos objetos que mais chamava a atenção era a prótese femural que José Belucio usou – um objeto de cerca de vinte centímetros, cromado. Dona Delvina contou que, durante a cirurgia, realizada no Rio de Janeiro, quando Belucio tinha 47 anos, o renomado médico que o operava teve um acidente vascular cerebral. “Foi uma confusão no hospital, no fim os dois – médico e paciente – foram para a UTI, e a prótese acabou não dando certo”, relembra a viúva.

Diná elogiou a iniciativa da direção da escola. “Estamos num país sem memória, e é importante que existam pessoas interessadas em resgatar o passado. Falta de memória é coisa de país subdesenvolvido”.

Para o diretor Cabral, a atitude nada mais é do que a sua obrigação. “Recentemente, ao ler o livro ‘Nossa Terra Nossa Gente’, editado há onze anos, vi que ali constavam as biografias dos patronos da grande maioria das escolas de Fernandópolis. Da nossa, não havia referência. Fui investigar e constatei que a biografia não fora escrita”, disse.

Ali mesmo, na cerimônia “sem cerimônia” que uniu parentes, professores, diretoria e imprensa, alguns dados sobre José Belucio foram revelados. Ele nasceu em 16 de dezembro de 1926 e chegou a Fernandópolis em 1948. Belucio morreu de infarto do miocárdio em 19 de julho de 1982, aos 55 anos de idade. Teve três filhos – além de Diná, Aladim e Miriam – e teria 5 netos e 4 bisnetos.

José Belucio teve pouca escolaridade, mas isso não o impediu de sempre valorizar a Educação. Seus filhos se formaram, no magistério ou na medicina, graças ao seu incentivo e esforço. E, se fosse vivo, certamente o patriarca dos Belucio teria orgulho do neto que usa o seu nome: em janeiro deste ano, José Belucio Neto, 18 anos, passou nos vestibulares de quase uma dezena de faculdades de Medicina – inclusive naquela que havia escolhido como de sua preferência, a da USP em Ribeirão Preto.

O resto do trabalho, agora, é com a professora Rita.