Na última quinta-feira, 11, a Polícia Federal de Jales, com apoio da Polícia Civil e Ministério Público Estadual de Santa Fé do Sul, deflagrou a “Operação Ponzi”, que investiga um grande esquema de “pirâmide financeira”, que pode ter movimentado mais de cem milhões de reais nos últimos quatro anos e teve vítimas em Fernandópolis.
De acordo com informações da PF, o empresário preso abriu dezenas de empresas e filiais em várias cidades do interior paulista, tendo como fachada a oferta de serviços de créditos de bancos diversos, mas na verdade, toda a estrutura era voltada para convencer poupadores a entregarem suas economias em troca de altas taxas de juros remuneratórios que chegavam até 6% ao mês, que eram pagos com recursos de novos investidores, caracterizando um esquema de “pirâmide financeira”.
O serviço atraiu inúmeras pessoas que aplicaram suas economias com a esperança de conquistarem um rendimento completamente acima do que é oferecido pelos bancos tradicionais. Um dos investidores de Fernandópolis, que iremos chamar pelo pseudônimo de Marcos, conheceu o serviço por meio de um amigo que morou em Santa Fé e havia feito um investimento no tal banco.
“A alta taxa de retorno do investimento realmente chama a atenção, eram 5% ao mês, coisa que em nenhum outro lugar existe. Quando entrei em contato com um representante do banco, já tinha em mente o serviço que queria. O atendimento era rápido e transmitia confiança, até porque esse amigo meu conhecia muitos funcionários de lá”, contou Marcos.
Segundo o investidor, era feito um contrato com prazo de duração de no mínimo 4 meses e no máximo 12 meses, com a opção de resgatar os juros mensalmente ou reaplicar os juros no próprio investimento o que traria maior rendimento ao final do contrato.
“A princípio optei por fazer em 6 meses e reaplicar os juros do mês. Lembro que enviei os meus dados para o Whatsapp do representante e, em dois dias, ele enviou o contrato para assinar, reconhecer firma em cartório e enviar por correio o contrato assinado. Como tinha medo, investi apenas R$ 2.000, mas tive informação de pessoas que venderam bens para investir lá”, explica.
Após o período de seis meses, Marcos recebeu a proposta para renovar pelo mesmo período novamente. “Optei por não continuar, pois além de precisar do dinheiro, tinha medo de perder. Na época muitos amigos começaram a me alertar para uma possível fraude. Nesse período tive um rendimento de R$ 680 sobre o valor que investi”, disse o investidor.
Apesar de desconfiar em alguns momentos que pudesse ser vítima de uma possível fraude, Marcos não acreditava tanto, pois sempre via a empresa investindo, abrindo novas filiais e novos empreendimentos. “Sem contar que o proprietário era muito conhecido em Santa Fé e ninguém acreditava que ele pudesse fazer algo que prejudicasse as pessoas de sua cidade. Agora fico imaginando a preocupação das pessoas que tem dinheiro investido lá e contavam com o mesmo para o final do ano”, lamenta.
Durante a operação foram emitidos quatro mandados de prisão (um de prisão preventiva e três temporárias) e 23 mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça Estadual de Santa Fé do Sul e estão sendo cumpridos nas cidades paulistas de Santa Fé do Sul, Santa Clara d’Oeste, Votuporanga, Bebedouro, Araçatuba, Casa Branca, Americana, Santana de Parnaíba e São Paulo.
O empresário Eduardo Berceli Mendes, investigado como líder de um esquema de “pirâmide financeira” e o diretor geral do grupo Murilo Dantas, foram presos na saída de uma casa de shows em São Paulo, por policiais federais à paisana e foram conduzidos até a sede da PF em Jales para serem ouvidos pela autoridade policial. Os outros presos são a ex-esposa do empresário e a diretora financeira do grupo.
Também foram apreendidos vários carros de luxo, uma aeronave, três embarcações de grande porte, uma moto aquática, uma mansão, chácaras e um terreno às margens do Rio Paraná.
Os presos serão indiciados, na medida de suas culpabilidades, nos crimes contra o sistema financeiro nacional, falsidade ideológica, estelionato, crime contra a economia popular e organização criminosa, com as penas máximas somadas de até 24 anos de reclusão.
A audiência de custódia dos presos ocorreu tarde quinta-feira em Santa Fé do Sul e a Justiça Estadual manteve a prisão (uma preventiva por tempo indeterminado e três temporárias pelo prazo de cinco dias).