Política

“Esse será um maio diferente para todos nós”, diz prefeito



“Esse será um maio diferente para todos nós”, diz prefeito
Prefeito André Pessuto se protege com máscara na rotina de trabalho

Fernandópolis está iniciando maio de forma diferente. No lugar da expectativa pelos eventos de comemoração do aniversário da cidade, realização da Expo, sobressaem as incertezas trazidas pela devastadora pandemia do coronavírus. A cidade está há 40 dias em isolamento social, um ciclo completo de quarentena, com o comércio fechado para conter a disseminação do vírus.
Desde o primeiro decreto municipal assinado em 20 de março, o prefeito André Pessuto vive uma rotina de reuniões com a equipe do Comitê de Contingenciamento da Covid-19, com empresários que pressionam pela abertura do comércio e com a assustadora realidade que é a queda de receita nos cofres municipais. 
Desde o início do isolamento social, Pessuto vem adotando o uso da máscara para tentar se proteger do vírus e dar o exemplo. 
Questionado sobre o maio deste ano, o prefeito  lamentou. “Infelizmente não vai ser como queríamos. Enfim, esse será um maio diferente para todos nós”. 
Sobre a decisão de liberar novas obras em meio a pandemia, o prefeito lembrou que é uma forma de manter a cadeia de produção. “As obras geram empregos, movimentam o comércio, não somente da construção civil, além de que são benfeitorias para a população”. 
Virtual candidato a reeleição, Pessuto disse ser complexo comentar se, em meio a pandemia, haverá clima para realização das eleições municipais. Leia a entrevista:  

O senhor, a exemplo de todos os Chefes de Poder Executivo, está tendo que lidar com uma situação extrema com o advento da Covid-19. Como tem sido sua rotina a partir do início da pandemia? Quais os cuidados que o senhor adotou para evitar a contaminação?
Nossa primeira medida foi montar uma equipe técnica formada por membros da saúde, gestão, comunicação, jurídico, polícias, bombeiros e com grande frequência as informações são passadas para que eu tome as decisões. Criei uma comissão econômica para auxiliar na retomada dos serviços do município. Diariamente converso com esses integrantes dos grupos, justamente para que eu possa tomar as melhores decisões. Tenho andado de máscara o tempo todo, principalmente nas reuniões, e assim, vamos tentando nos proteger.

 Embora a prioridade máxima seja preservar vidas, a questão econômica ganha corpo. O impacto da quarentena não será apenas no setor privado, mas no caixa da prefeitura. Como está se preparando para esse cenário inevitável?
Sem dúvida nenhuma. Sem a pandemia, já tivemos uma grande queda de repasse do FPM, quase R$ 1 milhão de reais. Depois da pandemia, também estamos tendo uma queda natural de arrecadação dos impostos. Com isso, adotamos medidas rápidas de prevenção, como por exemplo, colocando o expediente até às 13h, fórmula que já deu certo na época da greve dos caminhoneiros em 2018, o que gerou boa economia aos cofres públicos. Estamos cortando as horas extras e remanejando vários serviços, principalmente de transporte e obras, demos férias aos servidores que estão no grupo de risco. Também determinei a todos os secretários que evitem realizar as compras consideradas não emergenciais no momento.    

 Qual será o tamanho da cota de sacrifício para o setor público? É possível estimar?
Ainda é impossível calcular, afinal de contas, ainda estamos no meio dessa pandemia aqui no Brasil. Tomamos atitudes pontuais, obedecendo a ciência, a medicina e a Lei. Hoje além do impacto na arrecadação, a Prefeitura está investindo na compra de mais equipamentos de proteção aos profissionais de saúde (‘EPI’s), repassamos o duodécimo da Câmara para a Santa Casa, entre outras ações que ainda estão acontecendo. Então, ainda é complexo dizer e ter certeza sobre o que ainda é incerto para todos.  

O senhor tem mantido o cronograma de obras da prefeitura, inclusive liberando obras novas. Teme impacto nesses projetos com risco de obras paralisadas?
Trata-se de uma cadeia de produção. As obras geram empregos, movimentam o comércio, não somente da construção civil, além de que são benfeitorias para a população. Muitas dessas obras possuem prazo para conclusão de etapas ou entrega. Por isso, elas precisam ser mantidas, justamente para manter essa cadeia de produção. Preciso destacar que muitas dessas obras são com verbas estadual ou federal, já carimbadas e com os recursos já garantidos.  

 Estamos iniciando maio, mês de aniversário da cidade e Expo? Como será?
Infelizmente não vai ser como queríamos. Em 2017 resgatei os eventos comemorativos de maio, trazendo a Esquadrilha da Fumaça que fazia 14 anos que não vinha à Fernandópolis. Já em 2018 trouxe o Festival de Balonismo e no ano passado tivemos o Show de Paraquedismo. Para esse ano estávamos preparando uma grande surpresa para a população que em breve digo qual seria, mas determinei o cancelamento de tudo, pois não podemos investir neste momento no entretenimento. Esse será um maio de recuperação e de positividade para a economia local. Enfim, esse será um maio diferente para todos nós. Com relação a Expo, o Gutinho já vem cuidando dos detalhes, inclusive os próprios artistas também estão com suas restrições, mas aí cabe ao empresário responsável pela festa responder essa questão (o empresário Gustavo Sisto anunciou na tarde desta quinta-feira, 30 ,o cancelamento da Expo).

Em meio a esse cenário, potencializado por crises política e econômica, há clima para eleição neste ano? Qual sua opinião?
É complexo dizer, pois aqui temos uma realidade totalmente diferente dos grandes centros. Pelas conversas que tivemos com amigos na cidade de São Paulo, realmente a situação do Covid-19 na cidade de São Paulo e região metropolitana está muito complexa. Precisamos que a população continue fazendo sua parte, usando máscaras e evitando ao máximo que a contaminação chegue em alto nível por aqui. Então essa é uma pergunta complexa para se responder nesse momento.