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“Estamos crescendo conforme a maré”



“Estamos crescendo conforme a maré”

A frase do fernandopolense Leonardo Volpati ecoou pelo auditório da Associação Comercial na segunda-feira, 2, na apresentação do projeto “Repensando Fernandópolis 2025” elaborado em parceria entre a Levels Inteligência (a primeira startup de análise de dados para governos do Brasil), LNV (Lima, Nunes e Volpati Advocacia) e Acif. Leonardo é advogado, consultor e cientista política. Ele concedeu entrevista ao CIDADÃO onde reforça o alerta: “O projeto Repensando Fernandópolis tem, justamente, o objetivo de provocar a mudança desse cenário de ‘conforme a maré’; Acreditamos que se as propostas apresentadas forem implementadas, vamos ter um crescimento econômico muito acima de média regional/nacional prevista”. Veja a entrevista:

Como surgiu a oportunidade de elaborar o projeto “Repensando Fernandópolis 2025”?

O projeto surgiu através de uma iniciativa da Diretoria da Acif e do seu presidente Mateus Morales. A ideia é trazer para Fernandópolis um projeto que deu certo em Maringá-PR. Nessa cidade, devido a uma decadência econômica ocorrida nos anos 90, os empresários se uniram e decidiram contratar uma consultoria especializada para levantar dados sobre o perfil e os potenciais econômicos do município. Com isso feito, os empresários e a consultoria apresentaram um conjunto de metas e soluções que poderiam fazer Maringá crescer e agregar valor nas mais diversas áreas: Comércio, Serviços, Indústria, Agropecuária, Turismo e etc. Assim fizeram. Com o projeto sendo executado, e conforme as metas foram sendo alcançadas, os empresários foram reformulando o projeto e os estudos, de modo a propor novas metas.  Hoje, Maringá já superou todos os seus problemas iniciais de desenvolvimento e já está com planejamento e projetos prontos pensando em preparar o município para o ano de 2048!  Hoje a cidade já está buscando vantagens comparativas com cidades, de mesmo porte, de todo o Mundo e não apenas cidades do Estado do Paraná ou do Brasil.  No caso deles, os empresários da cidade assumiram os projetos que queriam para a cidade e tiveram foco em requerer as soluções apresentadas. Eles buscaram parcerias também com o poder público, deputados e senadores do estado, de modo a viabilizar os projetos que não dependiam apenas do setor produtivo, mas que com o apoio político, poder-se-ia tornar viável a médio prazo para o município.  O grande sucesso de Maringá foi manter o FOCO na implementação das soluções apresentadas. No caso do “Repensando Fernandópolis 2025, nós também fizemos um estudo socioeconômico comparando Fernandópolis com as cidades de porte semelhante na região do Noroeste Paulista. Também fizemos estudos comparando todos os dados socioeconômicos dos 144 municípios brasileiros que possuem 60 a 80 mil habitantes. Com os dados levantados, podemos verificar quais são os pontos fortes e fracos da economia do município. E assim, com o perfil socioeconômico definido, pudemos propor soluções, que já deram certo em outros municípios, para agregar valor à economia fernandopolense e incrementar a economia na área de Comércio, Indústria, Serviços, Turismo. Hoje, para os empreendedores da cidade, o mais importante é unir esforços, conscientizar a sociedade sobre a importância de utilizarmos os potenciais de Fernandópolis a favor de Fernandópolis e manter o FOCO na implementação das soluções apresentadas.  Os fernandopolenses precisam acreditar que existe um projeto claro de desenvolvimento e várias linhas de atuação para fazer isso acontecer. O “Repensando Fernandópolis 2025” é a grande contribuição que a Acif dá para auxiliar os empreendedores e ao poder público na implementação das soluções de desenvolvimento econômico para a nossa cidade.

Ao propor o prazo de 2025, qual é a meta do estudo?

No início, o projeto “Repensando Fernandópolis” seguiria o prazo do modelo do primeiro projeto de Maringá (10 anos). No entanto, após a iniciativa da Prefeitura Municipal em convocar a sociedade para contribuir na reformulação do Plano Diretor do Município, nós modificamos as metas para concluir os projetos em um prazo de 5 anos – prazo de duração do plano diretor. Com isso, nós vimos que a iniciativa do Poder Público em reformular o plano diretor casaria com a ideia do “Repensando Fernandópolis”. Foi uma forma de unir esforços com o poder público e incluir na principal lei de desenvolvimento da cidade, as metas e soluções que havíamos pensado no projeto “Repensando Fernandópolis”. A nossa proposta para a nova lei do Plano Diretor da cidade é que Fernandópolis avance no índice de desenvolvimento municipal da Firjan. O índice da Firjan, além de medir o desenvolvimento municipal de todas as cidades do Brasil, também é um critério sério que muitos industriais e empresários utilizam para decidir em qual cidade investir. O nosso projeto é implementar soluções que nos eleve nesse índice e, consequentemente, consigamos atrair mais empreendedores para investir na cidade. Diferente do Plano Diretor atual, o nosso projeto tem a definição de metas sérias e baseadas e levantamentos estatísticos. E para conseguirmos avançar nesse índice, sugerimos um conjunto de soluções de sucesso que já deram certo em outros municípios de mesmo porte e que, se implementado conjuntamente pelo poder público e pelos empreendedores, poderá alavancar extraordinariamente o patamar de desenvolvimento de nosso município.

O projeto foi desenvolvido com base no tripé visão, setores chave e indicadores do plano de implantação. Quais as conclusões?

Visão. Trata-se de compreender em que estágio estamos de desenvolvimento econômico e quais são nossas vantagens e desvantagens em relação aos outros municípios de mesmo porte. Além de mapear como os empresários veem o ambiente de negócios de nossa cidade (pontos positivos e negativos).

Setores Chave. Trata-se de verificar quais são os setores econômicos que se destacam em nossa economia. Por exemplo: Qual o percentual de participação do setor de comércio na economia fernandopolense? Quantos empregos são gerados por esse setor? Qual a renda média do colaborador que trabalha nessa área? Qual é o nível de formação dos colaboradores da área? Isso foi feito e consta descrito exaustivamente em um livro de quase 150 páginas (Repensando Fernandópolis 2025).

Indicadores do Plano de implantação. Trata-se das estratégias e aplicação das melhores práticas (soluções consolidadas em outras cidades) para agregar valor aos setores econômicos estudados. Por exemplo: Como gerar mais empregos na área de comércio? Como desenvolver e atrair indústrias para Fernandópolis. Isso foi feito e consta descrito exaustivamente em um livro também de 75 páginas (Plano Diretor Estratégico).

O mundo vive uma fase de transformação acelerada. Qual o ritmo de Fernandópolis neste processo? E o que propõem?

Fernandópolis está crescendo na mesma proporção dos mesmos municípios da região. Estamos crescendo “conforme a maré”. Em momentos de crise econômica, verifica-se que a economia fernandopolense regrediu nas mesmas proporções dos municípios estudados. Nos momentos de recuperação econômica, seguimos a mesma proporção de crescimento desses municípios. O estudo mostra, exatamente, o nível de crescimento e déficit que Fernandópolis tem tido em relação aos outros municípios da região e entre os 144 municípios brasileiros de mesmo porte (60 a 80 mil habitantes). Apesar de termos um município que conseguiu fornecer um bom nível de qualidade de vida para a sua população, não há nada que indique que iremos crescer além da média regional. É como dizer: “Estamos indo...” O projeto repensando Fernandópolis tem, justamente, provocar a mudança desse cenário de “conforme a maré”, acreditamos que se as propostas apresentadas forem implementadas, vamos ter um crescimento econômico muito acima de média regional/nacional prevista.

O estudo faz um raio X completo dos índices de Fernandópolis. Onde estão os pontos positivos e negativos?

Os pontos positivos se remetem, principalmente, aos altos níveis de qualidade de vida que conseguimos fornecer aos nossos cidadãos. Atendimento quase 100% de água e esgoto para todos, um elevado nível de qualidade de educação no ensino fundamental, e, por fim, tendências de crescimento econômico na mesma linha que cidades de mesmo porte na região. O que se destaca, hoje, é a área de serviços, pois tem tido um nível de geração de empregos extraordinário e as pessoas que trabalham na área tem tido um salário médio maior que a média de outras áreas. Os pontos negativos são vários e estão descritos no E-Book (“Repensando Fernandópolis 2025), mas destaco a baixa remuneração média dos trabalhadores em diversos setores econômicos, ou seja, apesar de sermos um município com alta qualidade de vida, a maioria das pessoas, na média, não possuem uma remuneração muito acima de R$ 2.000,00. O desafio é, portanto, implementar as soluções apresentadas em nosso projeto para que o ambiente econômico de Fernandópolis favoreça a geração de novos empregos e o incremento de valor agregado nas remunerações, de modo que, assim, haja uma maior capacidade de investimento interno e também de consumo de produtos de maior valor agregado – com isso, acreditamos que vamos conseguir diversificar e enriquecer a dinâmica econômica de nossa cidade. Resumindo em bom português: Precisamos favorecer um bom ambiente de negócios para estimular o empreendedor, com isso, haverá a geração de mais empregos, a geração de novos empregos devem privilegiar o aprimoramento das atividades econômicas desenvolvidas, e aumentar, naturalmente, o rendimento médio das pessoas e, com isso, favorecer o surgimento de novos modelos de negócio. A economia gira se conseguirmos agregar valor nas atividades econômicas. Esse é o nosso desafio atual.

Na conclusão do estudo, você lista 14 itens importantes para serem implementados? O que é prioritário? 

O estudo trouxe alguns insights em relação aos dados apresentados, mas as prioridades de implementação foram discutidas com a Diretoria da Acif. Com a implementação dessas propostas, acreditamos que vamos agregar valor nos mais diversos setores.

A Acif representa hoje segmentos que movimentam o PIB da cidade. Ao encomendar esse projeto, a entidade está assumindo sua posição de agente na discussão do futuro de Fernandópolis?

O papel da Acif também é promover boas propostas que auxiliem na criação de um ambiente de negócios atrativo para empreendedores investirem em Fernandópolis. A associação está buscando fazer isso através do “Repensando Fernandópolis 2025”. A Acif já deu sua contribuição ao unificar os dados socioeconômicos de nossa cidade e propor as práticas que deram certo em outras cidades para resolver nossos entraves econômicos. Cabe, agora, ao poder público e a sociedade civil participarem do projeto e juntos unirmos esforços em prol de implementar as soluções apresentadas.

O projeto “Repensando Fernandópolis 2025” é tornado público no momento que a cidade discute o Plano Diretor. Qual a contribuição desse projeto no plano em discussão?

O Repensando Fernandópolis tem como objetivo fornecer ao empresário/empreendedor um conjunto de informações que demonstrem qual é o estágio de desenvolvimento de Fernandópolis e quais são as tendências de crescimento econômico de cada setor na cidade. Na oportunidade em que estávamos finalizando o masterplan (estudo), a Prefeitura convocou a Acif para contribuir com propostas de desenvolvimento econômico para a nova lei do plano diretor. Aproveitamos a oportunidade para conciliar as conclusões que chegamos e propor soluções para agregar valor na economia fernandopolense. Acreditamos que o conjunto de sugestões apresentadas, na qual chamamos de “Plano Diretor Estratégico”, poderá mudar o paradigma de planejamento econômico da cidade. Em nossas sugestões propomos a criação de metas claras de desenvolvimento em cada setor econômico e maneiras de implementar a política pública para se alcançar as metas. A contribuição que, ao fim, pensamos em dar é transformar a maneira como é pensado o desenvolvimento de Fernandópolis. Deixar de ser algo aleatório e começar a trazer aspectos de planejamento empresarial, com metas, soluções e objetivos claros a serem cumpridos ao longo de 5 anos. 

Como fernandopolense, qual a cidade dos seus sonhos em 2050?

Uma Fernandópolis onde os cidadãos tenham conhecimento e consciência da cidade onde vivem e que, por isso, acreditem que ações planejadas geram melhores resultados para o futuro.