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“Este é o melhor lugar do mundo”



“Este é o melhor lugar do mundo”
Jesiel Bruzadelli Macedo, diretor da DRADS, disse ter descoberto que vive numa das melhores cidades do mundo. A afirmação, segundo afirma, pode ser provada com números. É o que esse mineiro de Alfenas, de 54 anos, casado com Adriana, pai de Lucas, Sarah e Rachel, tenta fazer nesta entrevista. Formado em odontologia, desde 1979 vive em Fernandópolis, onde diretor municipal de Educação (entre 1993 e 1996) e de Planejamento (entre 1997 e 2000).

CIDADÃO: O que levou você a fazer essa pesquisa comparativa, por meio da qual chegou a um resultado que o espantou?
JESIEL: Queria tirar esse incômodo antigo, de ouvir a história segundo a qual Fernandópolis está numa das regiões mais pobres, uma das ultimas em desenvolvimento. Eu já tinha uma vaga noção de que isso não era verdade. Como dei aula de história em cursinhos, já tinha uma idéia aproximada da coisa. Quando vim pra Fernandópolis, fiz uma pesquisa regional. Isso em 79, para ver as condições. Nós viemos de São José do Rio Preto Posteriormente a isso, especialmente no período quando a Unicastelo estava vindo para cá, entre 93 e 94, quem cuidou de toda o processo da Unicastelo, em que se refere à formatação de dados para o Ministério e o Conselho Nacional de Saúde fui eu. Não fiz apenas o pedagógico, mas o levantamento de dados de toda a região, de parte do pontal do triângulo especialmente, do sudoeste, do norte do Mato do Grosso do Sul, e sul do Mato Grosso. De cidades, potencialidade, inclusive naquela época, oficiamos a mais de 70 municípios para que mandassem informações. Fora isso, na época que fui diretor da educação, trabalhava com dados escolares. Posteriormente a isso, diretor de planejamento do município, também se trabalha com informações, inclusive divulguei na ocasião que em 98 houve um dado fantástico: que Fernandópolis foi a 2º melhor colocada com o índice mais baixo de mortalidade infantil. Nós fomos superados apenas por Pitangueiras, no estado de São Paulo. Ainda é um índice muito baixo, hoje. Não sei dizer como está a mortalidade. Agora na DRADS, que assumi há pouco mais de dois anos, também trabalho com índices, incluindo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e um índice extraordinário que é derivado do IDH, que o chamado IPRS (Índice Paulista de Responsabilidade Social). O IDH já é conhecido mundialmente, uma referência que a Onu utiliza. O governo do Estado de São Paulo em 2000 criou o IPRS, pegou a mesma plataforma de informações e formação do IDH, que é renda, saúde, escolaridade e educação. Só que detalhou mais, aprofundou mais. Coleta dados oficiais dos municípios, chamados gerenciais, administrativos dos municípios: educação, saúde, renda, fora outros dados. E o governo do estado, a SEADS, o Sistema Estadual de Análise de Dados, faz essa coleta, além das informações dos órgãos governamentais do estado: secretária de finanças, secretárias de educação e tudo mais. E referente a isso que ele estabeleceu o IPRS, inclusive detalhando mais a questão de como você avalia a riqueza, como você avalia a longevidade e como avalia a educação. Enfim, fez um detalhamento maior para que o índice fosse ainda mais perfeito, espelhasse ainda com mais sofisticação a realidade.

CIDADÃO: Você, munido de todas essas informações, deu qual enfoque às suas pesquisas?
JESIEL: Eu queria saber qual era a realidade. O IPRS, só para complementar, é feito a cada dois anos, o IDH é a cada dez. O IPRS é a cada dois.

CIDADÃO: Esse IPRS você fez logo que entrou na DRADS?
JESIEL: Não, o IPRS eu fiz no ano passado. Eu trabalhava com o IPRS, com o IPVS (Índice Paulista de Vulnerabilidade Social), com o efeito, porque o governo paulista estabeleceu uma política para ajudar os próprios municípios a se conhecerem. Ele fornece esse IPRS, mas não fornece com um detalhamento que a gente gostaria de ter: o IPRS da região. Saber, por exemplo, o IPRS do município. Até para evitar questões políticas de melindres municipais, ou de melindres regionais. IDH é a soma aritmética dos três índices, ou seja, a soma de quanto é a renda, quanto é a longevidade, quanto é a escolaridade e divide por três. Esse dá um IDH. O IPRS não faz a soma, mas ele te dá qual é o seu índice de saúde, o índice de renda e o índice de longevidade. Então no primeiro momento foi se somar esses índices e fazer uma média. Num primeiro momento, foi isso para vocês saberem qual o índice municipal. É uma conta matemática bobinha.

CIDADÃO: E o que você encontrou?
JESIEL: Uma situação diferenciada na nossa região. Depois veio uma pesquisa um pouco mais sofisticada, onde ele não fornece o IDH de região, ele oferece por região administrativa, qual a classificação, são 15 regiões no estado, ele classifica de 1 a 15, cada região também por dimensão: renda, educação e longevidade. São as dimensões que compõe o IDH e o IPRS. Você tendo essas dimensões é só fazer a média aritmética e você terá a região que tem de melhor. E ele classifica também os municípios de 1 a 645, que é o número de municípios do estado de São Paulo. Então ele coloca qual o primeiro município de melhor renda até o último, nas três dimensões. Mas o que demandou mais tempo foi saber qual o IDH da região, como é feito o IDH do país? Somando o IDH de todos os municípios. O IPRS seria a mesma coisa. Qual o IPRS do estado? A soma do IDH dos municípios. Qual o IDH da região? A soma do IDH dos municípios daquela região. Só que tem um detalhe. Nas regiões você tem cidades que tem municípios de 2 mil habitantes e cidades de 400 mil como São José do Rio Preto. Tem que fazer uma ponderação. Porque se você tem uma cidade com o IDH, o IPRS 100% e ela tem 400 mil habitantes, e tem uma outra ao lado com 2 mil habitantes, que seu IPRS é 150 ou 200%, eu não posso tomar os 100% de uma e dizer que aquelas duas cidades tem o IPRS de 200%. Porque as cidades com um número maior de habitantes têm um peso maior para isso. Não criei nenhum índice, eu simplesmente trabalhei com o existente. Em todos os casos, a região administrativa de São José do Rio Preto, tem indiscutivelmente, a primeira posição da classificação socioeconômica e desenvolvimento do Estado de São Paulo.

CIDADÃO: Então, se a região de São José do Rio Preto é a tem os melhores índices, como está Fernandópolis nesse contexto de melhores índices?
JESIEL: O Brasil é um dos melhores paises do mundo para se viver, São Paulo é um dos melhores estados do país para se viver, está no mínimo entre os três melhores. A região administrativa de São José do Rio Preto é a melhor que se refere à qualidade de vida, desenvolvimento humano, qualidade socioeconômica. E Fernandópolis, hoje, está entre as seis primeiras da região. Se você considerar as dez maiores cidades da região, nós estamos em 2º ou 1º lugar na ordem da classificação.

CIDADÃO: E qual seria a primeira (ou segunda) nessa classificação?
JESIEL: A própria Rio Preto. Tomando por base os 645 municípios de São Paulo, nós temos uma pequena desvantagem em relação a Rio Preto, porque a distância entre a condição de uma e outra é bastante grande. Embora ganhemos em todas as outras. Falando de números, Fernandópolis está em 237º, enquanto Rio Preto em 73º, então existe uma distância grande. Já em contrapartida, você pega longevidade, nós somos a 37ª e Rio Preto, 158º. Em escolaridade somos a 53º, e eles 84º.

CIDADÃO: Diante desses numero categóricos, de que forma você pensa que os administradores, as lideranças, as instituições de Fernandópolis, poderiam aproveitar esses dados em favor do crescimento e desenvolvimento da cidade?
JESIEL: De duas formas básicas. Primeiro conscientizar a população, demolindo esse falso conceito de cidade ruim, região ruim, umas das piores do estado, mostrando que a realidade possui o inverso. Hoje, nossa região capitaneia em termos de desenvolvimento humano, condições socioeconômicas, qualidade de vida, isso é indiscutível. Isso vai gerar na população um entusiasmo, que a gente chama de entusiasmo operativo, o entusiasmo baseado numa crença real, absoluta: a de que está vivendo na melhor região do estado e em uma das melhores cidades, Por que acredita que aqui é o pior lugar? Porque aqui não tem estímulos necessários para os investimentos, empreendimentos, porque isso já o desanima. Isso já é um mecanismo de tirar o pique das pessoas.

CIDADÃO: então você acha importante investir no produto Fernandópolis, divulgar esse produto, lá fora, para empresários, empreendedores?
JESIEL: O que nós pretendíamos fazer, quando fiz essa pesquisa, referente ao resultado obtido, era que isso fosse feito em nível regional, para que nossa região fosse mostrada para o resto do país, exibindo a qualidade de vida, realidade socioeconômica. Aqui há todas as condições de desenvolvimento. Um exemplo é o sucroalcooleiro, outro a educação, principalmente na educação superior, na área de saúde. Rio Preto é referencia nacional de saúde. Fernandópolis, Jales, Votuporanga e Santa Fé, por sua vez, são referências microrregionais, no que se refere à saúde.

CIDADÃO: Na época da renovação do contrato da Sabesp com o município, a empresa pregou que os índices de Fernandópolis de água e esgoto chegavam a 100%, o que era índice de primeiro mundo. O que você tem pra falar desse assunto?
JESIEL: Não há duvida que a condição de saúde do nosso município se deve em parte às condições de nossa água. Sabemos que a nossa água é considerada a 2º melhor água do estado de são Paulo, parece que é superada apenas por uma de Botucatu. A água é um dos maiores condutores de doenças, de focos de doenças, em todos os aspectos. É só você ver. Pegue as condições de saúde de Fernandópolis ou qualquer cidade que também seja servida com 100% de água e esgoto tratados, fazendo um comparativo. Qualidade de vida tem um forte fator voltado para a qualidade da água.

CIDADÃO: Qual seria a atitude mais inteligente de um administrador, qualquer que seja ele?
JESIEL: Eu faria algo extremamente simples. O que o ser humano quer? Não é qualidade de vida? Não é oferecer a si e à sua família renda, qualidade de vida? É simplesmente mostrar que nós, aqui nesta região, temos essa condição, e com um fator extremamente importante, a região hoje com o maior potencial em nível de desenvolvimento do estado, é o assim chamado “Oestão”.