O tema vem sendo objeto de debate há muitos anos. Presidentes da ACIF, comerciantes, balconistas que vivem de comissões sobre as vendas, quase toda a comunidade, enfim, sente os efeitos deletérios da Expô na economia do município.
Não há como negar: o fernandopolense gasta muito no mês de maio na Expô, não no comércio da cidade. Trata-se de um dinheiro que vai embora e deixa de circular no município, levado por barraqueiros, tropeiros, peões, artistas e empresários.
Junho é a ressaca de maio: as lojas ficam vazias, falta dinheiro para pagar as despesas mais corriqueiras, prejuízo para todos. Ainda assim, o povo ama essa festa.
EXCESSO
Uma das teses correntes entre a população é a de que a Expô dura muitos dias onze, no total. Para Anísio Vieira, da loja Coliseu Esportes, se a prefeita pensasse bem, a festa só seria realizada de quinta a domingo. Período mais longo do que esse, segundo ele, atrapalha demais o comércio. Anísio explica que em junho começa o ano de dificuldades para o comércio de Fernandópolis.
Oclair Vieira, proprietário da Trix Esportes, concorda. A Exposição é boa para barrraqueiros e para políticos fazerem propaganda política; para nós, é péssima, diz. Ele levanta outro problema: a inadimplência, que cresce assustadoramente em junho. O comerciante se confessa desanimado e não acredita em recuperação nem mesmo em julho, período em que ainda se sentem os reflexos da Expô.
William Senra, o William da Vidal, antigo comerciante em Fernandópolis, acredita que, em princípio, a festa até aquece as vendas de alguns produtos, como botas, cinturões e calças rancheiras. O que está errado é o tempo da festa. Deveria ser apenas de quinta a domingo, ou seja, quatro dias. Para William, o período longo desgasta o bolso da coletividade.
Sebastião Hernandes, da Lurrô Modas, diz que antes da Expô as vendas melhoram. Sai dinheiro daqui, mas também entra, através de gente de fora, diz. Nós temos que nos adaptar, de preferência com a permanência da Expô.
O ótico Domingos Azol discorda. O movimento cai no período pós-Exposição, assegura. Ele, porém, ressalva que uma festa mais curta apresentaria praticamente os mesmos custos e não mudaria muito o reflexo financeiro no comércio.
EQUAÇÃO
Dirceu Miraglia, da Decorarte, estabelece a seguinte equação: Período pós-Exposição=queda de vendas + queda nos recebimentos. Dirceu é outro que considera longo e dispendioso o período de onze dias de festa: Cinco dias estaria de bom tamanho.
A comerciante Marta Saran garante que a Expô afeta o comércio em mais de 50%. Quando a festa termina, caem as vendas e a recuperação demora de dois a três meses, assegura.
Quem também vê os efeitos maléficos da festa na economia é Carlos Phelippe, da Lisboa. Para Carlinhos, como é conhecido, além da queda significativa das venda e da inadimplência, é preciso levar em conta que até a Expô já está dando prejuízos. Além disso, o custo para a população aumentou. Subiu o preço do estacionamento, dos produtos, enfim, ir à Exposição é caro. Temos que repensar nossa festa, propôs.